segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Os coronéis e mandadores - 03

Dr. Olympio Rodrigues Pimentel
Olympio Rodrigues Pimentel nasceu por volta de 1865, filho do coronel Salvador Rodrigues Pimentel e Benedicta Monteiro dos Santos, formou-se advogado em 1890 - em São Paulo (Correio Paulistano, 04/12/1890: 1) e exerceu o cargo de promotor público na localidade de Silveiras, estado de São Paulo.
Em 1891 o promotor Olympio Rodrigues Pimentel foi removido para Itapeva da Faxina (DOSP, 19/05/1891), insubordinando-se contra a resolução de governo, e daí a denunciar as elites instaladas no poder do governo paulista, então chefiado pelo dr. Américo Brasiliense.
Provocou alvoroços no alto escalão do governo paulista, quando ainda não bem firmada a república brasileira. 
Convicto que sua remoção trazia motivos políticos, o dr. Pimentel esclareceria melhor, numa outra denúncia, igualmente polêmica, publicada pela grande imprensa:
"Tal remoção equivale a minha demissão, porque sabiam perfeitamente os mandões locaes que a inspiraram, que eu daqui não sahia. Foram algum tanto cobardes; deviam aproveitar da culminante posição que occupam e impôr ao dr. Americo a minha demissão a bem do serviço publico." (Correio Paulistano, 26/05/1891:2).
Requereu demissão e, no ano de 1892, disputou eleição e conquistou vaga para Deputado Estadual:
"Eleição na Capital: A chapa recommendada nos suffragios do partido republicano desta capital para senadores e deputados ao Congresso do Estado, na eleição de 7 do corrente é a que em seguida publicamos: (...) para deputados: Dr. Olympio Rodrigues Pimentel - advogado, residente em Silveiras." (Correio Paulistano, edição de 04/03/1892: 1). 
O então deputado Pimentel participou de estudos quanto às pendências de terras no Estado de São Paulo, das terras devolutas, das posses não determinadas e dos registros discutíveis.
Pouco depois transfeririu domicílio para Santa Cruz, aonde, após o exercício de deputado, se elegeu Vereador - legislatura de 1894/1896, no entanto sua preocupação maior, pós deputação, estava em advogar a favor dos grandes fazendeiros nas demandas e posses de terras, tornando-se famoso na atividade, tendo entre os principais clientes, o coronel João Baptista Botelho, dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, Balthazar de Abreu Sodré e Antonio Evangelista da Silva - coronel Tonico Lista, e em causa própria, de acordo com publicações de editais forenses, até após a primeira vintena do século XX.
Para os irmãos Sodré, à frente de outros interessados, dr. Pimentel regularizou situações de terras das Fazendas São Domingos, outrora de Manoel Francisco Soares, a Crissiumal, do mesmo Soares em comum com João Francisco dos Santos. A favor de Balthazar de Abreu Sodré acertou, ainda, documentações da 'Fazenda Onça' - um esbulho.
O advogado requereu para si a fazenda que viria ser denominada Santa Aureliana, e para Antonio Evangelista da Silva e família Lara a área da futura 'Fazenda/Chácara [do] Peixe', ambas a partir das divisas com a urbe santa-cruzense.
Pimentel fez-se proprietário de terras na região de Campos Novos Paulista e representou na mesma posse clientes santacruzenses e outros, de acordo com Relatório da Secretaria dos Negócios da Agricultura do Estado de São Paulo, para o exercício de 1903. 
Outro apossamento, pouco conhecido, revela o advogado como proprietário de aproximadamente 10 mil e quatrocentos alqueires de terras, no lugar denominado 'Ribeirão do Moinho' em atual município de Muritinga do Sul - SP (Histórico – Prefeitura Municipal, 2009: 1).
Referido imóvel fora dado como posse primária ao sertanejo Francisco Mario dos Santos, conforme justificação feita por documento no ano de 1850, e julgado por sentença do Juiz Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo em 31 de janeiro de 1891.
A favor de Antonio Evangelista da Silva - Tonico Lista, advogou em outras pendengas de terras, inclusive para as legalizações das fazendas 'São João/Anhumas', na localidade de São Pedro do Turvo, terras advindas da primitiva posse de Gabriel Archanjo de Faria, sertanista regional.
Pimentel não teve grande atuação política como vereador, rejeitado nas urnas para a legislatura 1899/1901.
Fadado ao esquecimento político foi catapultado à 'chefia perrepista dissidentes', em substituição ao coronel João Baptista Botelho, morto por suicídio em 1902, e tornou-se figadal inimigo político das interligadas famílias Abreu Sodré e Costa, com denúncias de cunho inclusive particular aos detentores do poder, acusando Francisco de Paula Abreu Sodré não apenas déspota, corrupto e mandatário de crimes de violência, como também exercente ilegal da medicina.
Nem o juiz de direito da comarca, dr. Augusto José da Costa, irmão do deputado federal dr. Antonio José Costa Junior e tio da mulher de Sodré, escapou-lhe das delações e críticas por abusos de poder e da confiança pública, além de protecionismos aos correligionários das famílias Costa e Sodré, desde os crimes políticos, aos espancamentos, invasões de terras, atentados e assassinatos.
Num dos entreveros com as famílias Sodré e Costa Junior, por conta da política, Pimentel tomou chicotadas e atirou no agressor João Ferreira de Castilho, vulgo Joãozinho Costa, sobrinho e capanga da família Costa. Joãozinho sobreviveu e o advogado absolvido.
Os adversários de Pimentel vinham à forra, tipificando-o de bêbado, arengueiro e cometedor de atos de violências, a mando ou em defesa de acusados.
A imprensa da época, situação e oposição, registraram as muitas altercações entre o dissidente político Pimentel e o 'sodrelista' Samuel Porto, advogado e jornalista da capital que se tornaria famoso no judiciário paulista.
Olympio Pimentel insistia sua pugna política contra Abreu Sodré e a família Costa, com as constantes denúncias políticas junto à 'Comissão Central do Partido Republicano Paulista - PRP', em São Paulo, e contra o juiz Augusto José da Costa perante o Tribunal de Justiça que, em agosto de 1904, resolveu pela suspensão sumária do magistrado.
O revide não tardou e Pimentel foi acusado, juntamente com Antonio Evangelista da Silva - futuro coronel Tonico Lista, do assassinato do capitão Jacob Antonio Molitor, em Salto Grande, aos 31 de outubro de 1904, ambos presos até o 'habeas-corpus' (Correio Paulistano, 08/11/1905: 5).
Apesar da perda nas eleições municipais de 1904 para Abreu Sodré, e a prisão ocorrida pela suspeição no assassinato de Molitor, Olympio, em 1905, teve nomeação para delegado de polícia, em substituição ao capitão João Manoel de Oliveira (Correio Paulistano, 11/01/1905: 3). 
O grupo 'sodrelista' enfraquecia-se, e mais ainda, quando em 1906 a Comissão Central do PRP reconhecia oficialmente o novo Diretório Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo, composto por Antonio Evangelista da Silva, Antonio Sanches Pitaguary, Vicente Finamore e Antonio Martins de Almeida, além do próprio advogado Pimentel (Correio Paulistano, 17/04/1906: 1).
A 'tomada' do diretório e a vitória nas eleições municipais, em 1906, encerrou de vez o mando de Costa Junior e Abreu Sodré, para o início da 'era Tonico Lista' e revelar a importância política de Olympio Rodrigues Pimentel, a partir de 1907, quando guindado ao cargo de prefeito municipal - o primeiro de Santa Cruz sob esta designação.
A atuação administrativa de Pimentel surpreendeu pelo progressismo aplicado, sendo responsável por obras e melhorias diversas no município, exemplificadas no contrato de iluminação pública em Santa Cruz e em Ipaussu, pelas aberturas e melhorias de estradas, construções de pontes, a edificação do Paço Municipal e outros significativos avanços. 
Mesmo no exercício do cargo de Prefeito, Pimentel atuou também como vereador, uma possibilidade legal naqueles tempos, por exemplo, em 1909 quando autor do Projeto Municipal, de 16 de agosto daquele ano, aprovado pela Câmara Municipal, para a escolha do melhor lugar para se retirar a água para a população, sugerindo o Rio Pardo, no início da então Rua Senador Feijó; o ribeirão da Boa Vista - propriedade de dona Guilhermina Brandina da Conceição; e o ribeirão da Mandassaia, nas divisas de sua propriedade com as do major Firmino Manoel Rodrigues, de Paschoal Serraceno e outros, de onde já o abastecimento de água através de regos.
Pimentel pretendia o abastecimento de água mediante o uso da energia elétrica, de instalação recente, para o bombeamento, projeto infelizmente não concretizado e que, ainda, aguardaria décadas para sua realização.
Bom administrador, Pimentel outra vez eleito Deputado Estadual para a legislatura 1910/1912, se destacou pelas atenções às causas agrárias e regularizações de posses.
Advogado dos ricos, sem dúvidas suas emendas e propostas legislativas estavam voltadas para o capital, conforme citação do parlamentar Antonio Cintra, em 11 de junho de 1915, sobre a nova Lei da Terra, destacando a emenda de autoria de Pimentel (1910/1912), cessando os poderes dos Juízes Comissários de Terras, e as medições havidas:
"Pois si esse deputado [Pimentel] que apresentou a emenda é o primeiro a dizer que em bôa hora foram essas medições suspensas, cassando-se o poder desses juizes que estavam fazendo medições, elle confessa implicitamente que alguma coisa que não era justo e legal, algum escandalo se praticava, e por isso louva o acto do presidente do Estado.", assunto referente: Da Comissão de Terras Públicas, sobre as emendas da Câmara dos Deputados ao Projeto nº 15 de 1893, do Senado Paulista, relativo às terras devolutas do Estado (DOSP, 18/07/1895). 
O advogado e político Pimentel, homem de pequena estatura, era agressivo. Na Fazenda Mandassaia, de sua propriedade no bairro do mesmo nome, proibiu o trânsito por um caminho costumeiro e fez abrir outro, mais adiante, aumentando o percurso.
Num casamento naquele bairro, ocorrido aos 28 de junho de 1911, os noivos, familiares e convivas entraram pelo caminho interditado, dirigindo-se a Santa Cruz onde a realização dos ofícios do casamento no juizado de paz e na igreja matriz. No percurso os transeuntes teriam promovido estragos.
Pimentel, ciente do fato, dirigiu-se ao local em companhia de dois camaradas, Eduardo Negrão e Antonio Ozório, a esperar o regresso dos nubentes e comitiva.
Por volta das 20,00 horas deu-se o encontro dos festivos - no uso do caminho proibido - com o proprietário que os intimou a passagem pelo novo caminho. Parte atendeu o pedido e outra resistiu, para o início de tiroteio, e, por fim, a debandada dos resistentes deixando mortos no local, Manoel Euzebio Dias, fazendeiro nas redondezas, e um cavalo.
O acontecido foi comunicado à polícia de Santa Cruz e telegrafado ao Dr. Washington Luiz, Secretário da Justiça, que ordenou a vinda do Dr. Theophilo Nobrega, 4º Delegado Auxiliar, para instaurar e acompanhar o inquérito, concluído e remetido ao Juiz da Comarca, responsabilizados Eduardo Negrão e Antonio Osorio (O 'Paiz', 16/07/1911: 7). Julio Prestes foi o advogado de Pimentel.
Olympio Pimentel, ainda Deputado Estadual, sofreu atentado numa emboscada, em Santa Cruz, na qual acusado agressor João Meirelles, ex-detento, por razões não esclarecidas (Cidade de Santa Cruz, 25/02/1912: 1).
O advogado deixou a política em 1913, renunciando os cargos de Prefeito e Vereador, por transferência de residência e domicílio para São Paulo (Câmara, ata da sessão legislativa de 15/03/1913), e, depois, por algum tempo residiu em Assis - SP, nos anos de 1920 (Correio Paulistano, 26/09/1921: 5).
Viria se transformar num dos maiores nomes da advocacia brasileira, em legitimações de posses, ao lado do dr. Julio Prestes, com quem associado em algumas causas, sendo destaque maior em 1912 no caso da fazenda 'Ponte Pensa', a favor da firma Glória e Furquim, em cujo lugar surgiu a cidade de Jales - SP.
Dr. Olympio Rodrigues Pimentel faleceu em 04 de abril de 1964, aos 99 anos de idade, na cidade de São Paulo "Foi até então o mais velho membro inscrito na Ordem dos advogados de S. Paulo" (A Folha, 26/04/1964: 1). 

Dr. Antonio José da Costa Junior
Costa Junior, assim conhecido, apelidado
'Dr. Costão', nasceu aos 21 de novembro de 1843, em Campo Belo (RJ), formou-se advogado no ano de 1864, pela Faculdade de Direito São Francisco – São Paulo, advogando por algum tempo em Resende - RJ. Foi casado com Anna Ignácia de Macedo nascendo-lhes os filhos: Eurídice, Antonio, Anésia, Christiano, Idalina, Augusto, Clotilde e um falecido.
Representante das elites, Costa Junior se elege Deputado para a Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, pelo Partido Liberal, legislatura de 1880/1881, e reeleito para 1882/1883. Adesista ao 'Golpe Militar de 1889' que instituiu a República, conquistou vaga de deputado constituinte, por São Paulo, e outras vezes eleito para a Câmara.
Costa Junior residiu "primeiro em Campo Bello mudou-se depois para Cachoeira neste Estado, por pouco tempo para o Rio de Janeiro e finalmente para Santa Cruz do Rio Pardo" (Correio Paulistano, 14/05/1902: 2, matéria Homens Públicos – Deputados Federais).
Grande capitalista, proprietário da fazenda Ourinho na então localidade de Santa Cruz, em atual Ourinhos, avançando terras para além do Rio Paranapanema até o hoje município de Jacarezinho, em algum tempo conhecido, também, como Ourinho.
Não confundir Ourinho povoação paranaense – agora Jacarezinho, com a fazenda Ourinho, parte do atual município de Ourinhos. 
Para a história santacruzense importa a presença pioneira da família, quando Costa Junior adquiridor de fazendas na região e no norte pioneiro paranaense, e o seu irmão e genro Augusto José da Costa nomeado o primeiro juiz de direito, da comarca de Santa Cruz, em 1890, empossado no exercício seguinte. 
Ao mesmo tempo que a família Costa se fixava em Santa Cruz, também chegavam os Sodré, pelo designado primeiro promotor público da comarca, dr. José Balthazar de Abreu Cardozo Sodré, em 1891, tio paterno do Balthazar de Abreu Sodré, membro da Guarda Nacional, dono de farmácia e grande fazendeiro, e o irmão deste, dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, igualmente da Guarda Nacional, médico, fazendeiro e logo genro do dr. Costa Junior.  

Ao mesmo tempo que a família Costa se fixava em Santa Cruz, também chegava a família Sodré, pelo designado primeiro Promotor Público da Comarca, Dr. José Balthazar de Abreu Cardozo Sodré, em 1891, tio dos outros Sodré também presentes, contando, Balthazar de Abreu Sodré, membro da Guarda Nacional, dono de farmácia e fazendeiro; e o irmão deste, Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, igualmente da Guarda Nacional, médico, fazendeiro e genro do Dr. Costa Junior.
Com a família Costa, em Santa Cruz, são lembrados os irmãos Cerqueira Cesar: Julio dono de propriedades no município, na região e no norte pioneiro paranaense, também genro de Costa Junior; José Alves de Cerqueira Cesar Filho e Bento de Cerqueira Cesar, filhos do capitalista e político, dr. José Alves de Cerqueira Cesar, presidente do Partido Republicano Paulista e presidente interino do governo paulista - 1891/1892.
Político oportuno, Costa Junior assumiu controle partidário perrepista em Santa Cruz, no ano de 1901, transmitindo a liderança ao genro Francisco de Paula Abreu Sodré, com a queda do coronel João Baptista Botelho. 
Não lhe foi tarefa fácil e muito se bateu contra adversários políticos locais, através da imprensa, ou mesmo discussões pessoais, uma delas, segundo as memórias, quase resolvida a tiros com Tonico Lista.
Deputado Federal – legislatura 1903/1905, assim anunciado no ano de 1904 pela imprensa santa-cruzense: "Dr. Costa Junior: Para a Capital Federal, onde vai tomar posse nos trabalhos legislativos, seguiu o nosso amigo e prestigioso chefe Dr. Costa Junior. (O Progresso, 16/06/1904: 1).
Sempre às caturras com os adversários, Costa Junior era acusado em atacar pessoas, anonimamente, via grande imprensa. Exemplo aleatório, a 1º de novembro de 1905, num artigo publicado pelo jornal 'O Estado de S. Paulo – Seção Livre', pressupostamente de sua autoria, atacou oficiais da Guarda Nacional santa-cruzense (O Estado de São Paulo, 01/11/1905: 4), considerada a elite social, revelando as mazelas políticas locais e a vida pregressa de cada aludido em suas críticas.
Os adversários lhe foram igualmente impiedosos:
"Pela Seção Livre do Estado de S. Paulo, de 1º do corrente, appareceu um anonymo que, a julgar pela linguagem, outro não sinão o façanhudo deputado federal Costa Junior, celebre por sua nullida-de, por sua arrogancia e valentia, celeberrimo por suas fraudes eleitoraes, por seu servilismo aos governos e pelos subsidios que tem comido, á razão de R$ 75$000 por dia, desde 1890.
Qual um cão damnado, e vendo que esta se aproximando o dia de receber um adeuzinho de despedida do adorado subsidio, procurou occultarse sob o anonymato de A honra da Republica para morder tudo e a todos".
O artigo revela arbitrariedades de Costão, da sua família - citação das bebedeiras do seu irmão e genro o juiz Augusto Joé da Costa; e dos protecionismos a bandidos postos ao serviço sujo. (Correio Paulistano, 08/11/1905: 5).
Costa Junior não se elegeu deputado federal para a legislatura 1906/1908, numa combinação entre Antonio Evangelista da Silva [Tonico Lista] e Ataliba Leonel, todavia assumiu vaga em decorrência da morte do Dr. José Rebouças de Carvalho, numa eleição disputada no 4º Distrito eleitoral.
A despeito da posse como deputado, o seu grupo em Santa Cruz estava abatido, perdendo o diretório para Antonio Evangelista da Silva e Olympio Rodrigues Pimentel; o juiz afastado sumariamente pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que posteriormente retornaria ao cargo, mas noutra comarca.
Com os acontecimentos Costão fez-se mais agressivo com os adversários, determinando ao juiz substituto, Moyses Nelli, que fizesse prender, preventivamente, Olympio Rodrigues Pimentel e Antonio Evangelista da Silva, suspeitos de mandantes no assassinato do capitão Jacob Antonio Molitor.
Independentemente da atuação política e dos muitos conflitos em Santa Cruz, 'Costão' foi grande fazendeiro progressista regional, com aberturas de estradas de rodagem, edificações de pontes e pontilhões, ativações de balsas, e denotado esforço para a passagem da linha férrea por onde a atual Ourinhos, tudo através de seu elevado prestígio junto às autoridades de governo, reconhecidamente em defesa de interesse próprio, da família Sodré e das elites fixadas no município e no norte paranaense a ele vinculadas.
Costa Junior trabalhou muito para o desenvolvimento de Jacarezinho - a antiga urbe Ourinho, cuja denominação sugerida 'Costina', não fosse a recusa do homenageado.
As realizações de Costa Junior modernizaram o sertão e todos se beneficiaram.
O dr. Antonio José da Costa Junior, conhecido e considerado um dos mais notáveis brasileiros de sua época, faleceu aos 07 de abril de 1919, na capital São Paulo.


Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré 
São Paulo e seus homens no Centenário da Independência
Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré
bibdig.biblioteca.unes.br
A família Abreu Sodré, tida marrano-judaica e de expressiva notoriedade política e social nas províncias da Bahia e Rio de Janeiro, e "destes Sodrés do Rio vêm os de S. Paulo, que deram no Abreu Sodré, governador do estado no tempo dos militares" (Sodré, 2004: 1-2), radicando-se no sertão Paranapanema, na última década do século 19, a destacar o médico Francisco de Paula de Abreu Sodré, segundo filho de Francisco Balthazar de Abreu Cardoso Sodré e de dona Maria Firmina da Silva Veiga.
Ao sertão viera antes o tio paterno, Dr. José Balthazar de Abreu Cardoso Sodré, nomeado Promotor Público para a Comarca de Santa Cruz, no ano de 1891 (DOSP, 07/06/1891). Depois, em 1893, o irmão de Francisco, Balthazar de Abreu Sodré licenciado para a instalação de farmácia (DOSP, 18/03/1893: 2).
Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré chegou em algum tempo entre 1893 e 1895, mencionado residente no município por ocasião de seu casamento, aos 08 de maio de 1895, com dona Idalina Macedo Costa, filha do dr. Antonio José da Costa Junior, também morador na cidade.
Em Santa Cruz o Dr. Sodré estabeleceu-se como médico a partir de 1895, com garantia histórica, e tornou-se fazendeiro e líder político. Quanto ao exercício da medicina, o adversário político, Dr. Olympio Rodrigues Pimentel, não lhe perdoou:
"(...) este sr. não é formado em medicina como apregoa; pelo menos não tem carta de medico e si a tem, não a registrou na Directoria de Hygiene do Estado, como manda a lei, (...). Portanto, està exercendo illegalmente a medicina nesta localidade." (Correio do Sertão, 04/04/1903: 2). 
Diplomado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1893, ainda que sem o competente registro no Estado de São Paulo, e nisto o exercício ilegal da profissão, Dr. Abreu Sodré mais importa a Santa Cruz como líder político, entre 1901 a 1907, assumindo o lugar do Coronel João Baptista Botelho.
Visto inimigo de Botelho e causador do seu desastre político, em verdade o dr. Abreu Sodré mantinha relações de compadresco ao batizar Benedicto, filho do coronel e Dona Guilhermina Brandina da Conceição, aos 02 de março de 1900. 
Sodré e Botelho romperam laços de cordialidade e compadrio em 1901, quando da indisposição do coronel com os presidentes do Brasil e do Estado de São Paulo, ocasionando vazio político ocupado por Sodré graças ao sogro Costa Junior, amigo do presidente da república Campos Salles e influente na administração estadual de Rodrigues Alves.
Intendente da Câmara em 1901, o coronel Botelho perdeu as eleições municipais daquele ano para o grupo Costa Junior/Abreu Sodré, quando eleitos apenas vereadores 'sodrelistas', inclusive a maioria dos suplentes. 
O suicídio de Botelho, em 1902, fez consolidar a liderança de Abreu Sodré até 1907. 
O hebdomadário Correio do Sertão, instalado em Santa Cruz no início de 1902, tornou-se oposição a Costa Junior/Sodré, e no município chegava com regularidade o jornal 'O Rebate', assinado pelo capitão Samuel Porto, defendendo os novos líderes, esculachando os dissidentes. 
Dr. Olympio Pimentel, através do Correio do Sertão, atacava e desqualificava o grupo 'sodrelista' e este, sob as ordens do truculento Fernando Eugênio Martins Ribeiro, subdelegado, quase sempre titular no cargo, ameaçava invadir as oficinas do hebdomadário, promover empastelamentos [misturas de caracteres tipográficos] e ordenar a prisão do diretor da empresa, o Antonio Galvão (Correio do Sertão, 10/01/1903: 1, e apanhados de outras edições). 
Com ameaças entre si, a partir de 02 de agosto de 1902, o próprio editorial do Correio do Sertão, iniciava uma sequência de críticas ao grupo de Sodré, ou a este diretamente, pela inoperância e descasos com as obras públicas urbanas: "dentro em pouco não nos será possivel, nem de dia, transitar em certas ruas da cidade." (Correio do Sertão, 16/08/1902: 1). 
O semanário informava rumores de dissidência no grupo sodrelista, ou queria assim passar aos seus leitores, que os vereadores Estevão Ribeiro de Assis Rezende e Henrique Hardt destoavam de seus pares, ensejando melhores atendimentos e serviços municipais, porém nada podiam conseguir (Correio do Sertão, 29/09/1902: 1).
Aos 3 de janeiro de 1903 ocorreu sério conflito entre o grupo de Sodré e o semanário Correio do Sertão, quando o diretor Antonio Galvão, ao posicionar-se a favor de uma imigrante italiana, Dona Colomba Mariani, advertida por transitar com carro de boi em lugar proibido, foi preso por ordem do delegado em exercício, Dr. Fernando Eugênio Martins Ribeiro.
A truculenta prisão do diretor do Correio do Sertão foi contestada pela população e alguns advogados.
A edição do semanário para dia 10 de janeiro de 1903 estava ameaçada, pelos 'sodrelistas', em não circular, e isto gerou fato inusitado de plantonistas populares na guarda dos próprios da empresa jornalística, bem como os assinantes vindos buscar seus exemplares na redação do semanário, e até banda de música presente em solidariedade a Galvão, e a folha circulou normal.
O Correio do Sertão viria à forra e, na edição de 4 de abril de 1903, revelou o lado cruel e violento do líder político Abreu Sodré, que fizera invadir a residência do negociante João Daminoso, na noite de 28 para 29 de março de 1903, onde hospedados o italiano Sertori, sua esposa Candida Fioramante com uma criança de apenas três dias, e o filho maior Phelippe. A agressão deu-se em razão que Sertori e o filho ousaram criticar o governo Sodré.
Cita a reportagem que o próprio Sodré determinou aos capangas as imobilizações de Sertori e Phelippe, enquanto aplicava-lhes tremenda surra com rebenque de couro tipo 'rabo-de-tatu', além de apoderar-se de uma espingarda da vítima. Teriam testemunhados os fatos: Antonio Jacob Molitor, Francisco Grano, André de Moura, Benedicto Flávio, Antonio Tanoeiro, Luiz Bonifacio Figueira, Maria Furtado, Rita Anna de Jesus, Joaquim D'Oliveira Ferraz e os donos da casa, João Dominoso e Luiza Molare.
A matéria mencionou, ainda, que o médico Ernesto Torres Cotrim examinou e medicou os agredidos, marcando para o dia seguinte o exame de corpo de delito, no entanto os italianos partiram de madrugada para a fazenda Caiuá no estado do Paraná, e, assim, nenhuma providência tomada contra o abuso de Sodré. 
O Correio do Sertão manteve suas denúncias contra Sodré, sustentando que o governo sodrelista voltava-se muito mais aos interesses da família e apaniguados, além de violento.

As denúncias eram graves, como as utilizações de verbas públicas e serviços da união, estado e município, nas aberturas e manutenções de estradas oficiais que ligavam suas propriedades e as da família, com custeamentos de pontes, dos direitos às explorações de balsas no Rio Paranapanema, e obras que interessavam aos protegidos.

Para o Correio do Sertão o governo Sodré era ímprobo. Em 1903 a Câmara, por iniciativa do vereador e delegado de polícia, Dr. Fernando Eugênio Martins Ribeiro, autorizou o município tomar empréstimo de 30:000$000, "para dotar esta cidade de encanamento d'agua potável" (Correio do Sertão, 21/02/1903: 2), furtando-se à publicidade de seus atos e tornando nula a fiscalização de dois vereadores oposicionistas, Dr. Henrique Hardt e Salathiel Ferreira e Sá. 

A reportagem alertava, a possibilidade dos desvios daqueles recursos quanto sua destinação, a lançar dúvidas quanto às intenções do grupo 'sodrelista', além de lamentar a falta de credibilidade da Câmara.

As arbitrariedades praticadas por ou a mando de Sodré tinham proteções seguras, tanto por ele quanto pelo poder judiciário local, em mãos concunhado e tio de sua esposa, o juiz Augusto José da Costa. 

O Correio do Sertão criticava as violências praticadas pelo chefe político, e num paralelo, até admitia que o coronel João Baptista Botelho também fora violento, porém o justificava:

"O Coronel Botelho commeteu erros, não ha duvida, mas seus erros tinham uma athenuante: è que elle sendo um homem sem instrucção, atrazado, nascido e creado no cabo do machado, não sabia cercar-se do melhor elemento para governar; ao passo que o sr. Francisco Sodré se diz formado em medicina, e é de se suppor que esteja cercado de melhor elemento, porque a gente que o está auxiliando, ou são parentes seus, ou são doutores, gente illustrada, que deve saber onde tem o nariz." (Correio do Sertão 09/04/1903: 2). 

Para o Correio do Sertão, Abreu Sodré estaria: "(...) cem furos abaixo da política seguida pelo Coronel Baptista Botelho e por seus companheiros de directorio", e que os atos ficarão impunes "porque nesta terra o rigor da lei tem sido e é só para os desafectos, para os inimigos, para os adversarios políticos." (Correio do Sertão 09/04/1903: 2).

Outro caso de espancamento denunciado pelo Correio do Sertão, edição de 03 de outubro de 1903, ocorreu aos 20 de setembro do mesmo ano contra o cidadão italiano Giuseppe Scieretti - aportuguesado José Ceretti, estabelecido negociante na então Vila Nova, de Santa Cruz do Rio Pardo.

Pelas edições seguintes do semanário, é certo que o Ceretti se metera numa discussão com outro italiano, Constante Trevisani, engenheiro 'sodrelista' para cujo grupo abridor de estradas e construtor de pontes e pontilhões, denunciado por envolvimento em negociatas com a Câmara e seu presidente, Francisco Sodré. 

Sodré solidário ao amigo Trevisani [Trevisan]. ordenou o espancamento de Ceretti. 

O Correio do Sertão mostrava-se implacável em relação ao dr. Sodré, vista em edição de 28 de novembro de 1903, ao denunciar caso de omissão policial, pelo delegado titular Ezequiel Guedes, sobre o assassinato praticado a mando da família Costa/Sodré, num crime conhecido como 'O assassinato do Preto Basilio'. 

Segundo denúncias, João Ferreira de Castilho - o Joãozinho Costa, sobrinho dos Costa e administrador da fazenda do tio juiz de direito, cometera o dito crime, como braço executor do aparentado e chefe político Abreu Sodré. 

Joãozinho era extremamente agressivo contra adversários políticos, correligionários dissidentes e os discordantes da política 'sodrelista', provocando-os e atacando-os a chicotes e rebenques, cercado de capangas, sabendo ser "escandalosamente protegido nesta comarca, cuja direcção, quer sob o ponto de vista da justiça, quer sob o ponto de vista da politicagem, está entregue a parentes seus". (Correio do Sertão, 19/12/1903: 2).

O assassinato do 'Preto Basilio' foi a última grande denúncia do Correio do Sertão contra o grupo dos Costa Junior/Sodré, e aos 31 de dezembro de 1903, sem comunicação de qualquer aviso prévio, o semanário transferiu-se de Santa Cruz para a localidade de Avaré, com a mesma denominação e mantendo o número sequente da edição santa-cruzense.

Abreu Sodré venceu as eleições de 1904, sob denúncias de irregularidades, fez-se presidente da câmara, e elegeu como intendente o dr. Fernando Eugênio Martins Ribeiro, sucedido pelo adesista Henrique Hardt em 1905.

Em razão das fraudes denunciadas Sodré perdeu importantes membros do grupo, a exemplo do Arlindo Crescêncio da Piedade, que se filiou aos dissidentes:

"Não tendo meus companheiros de directorio dr. Francisco Paula de Abreu Sodré e tenente-coronel Moyses Nelli correspondido ao appello feito por vv. exas. para que as eleições de 30 de outubro ultimo corressem livres e escoimadas de fraudes e outros vicios que, em matéria de liberdade de voto, tanto nos têm degradado, desliguei-me do directorio, presidido pelo referido dr. Francisco Sodré, do qual deixo de fazer parte." (Correio Paulistano, 24/11/1904: 3).

Dezesseis anos depois o Arlindo apresentaria sua faceta oportunista.

Abreu Sodré já se apresentava como chefe político decadente quando o Tonico Lista, inesperadamente, conquistou o diretório perrepista local, em 1905/1906. Costa Junior e Sodré tentaram, sem êxitos, revogar a decisão do diretório paulista. 

Então Sodré, como presidente da Câmara e num ultimo azo, ainda firmado nos seus vereadores fiéis, fez-se autorizado pela 'Lei Municipal nº 57', de 15 de julho de 1906, a celebrar o contrato para construção de 24 quilômetros de ramal ferroviário, desde Bernardino de Campos, passando por sua propriedade, grande obra custeada pelo município e doada ao governo do estado, de acordo com a escritura lavrada, tardiamente, em 29 de julho de 1912, no Cartório do 1º Ofício de Santa Cruz do Rio Pardo.

A ferrovia inegavelmente atendia interesses particulares do fazendeiro Abreu Sodré, custando 200:000$000 ao município, dívida que perduraria décadas, crescente ano após ano, enquanto os lucros remetidos para o Governo do Estado, conforme estabelecido em convênio assinado pelo político Abreu Sodré, em nome da municipalidade que ele então dominava.  

Excluída a coincidência de aquele ramal ferroviário fazer parada na fazenda de Sodré – estação de Francisco Sodré, em atual distrito de Sodrélia, o contrato e o endividamento municipal sempre foram motivos para suspeição de desvio do dinheiro público. 

Com o PRP local nas mãos de Lista e seu grupo, dr. Abreu Sodré candidatou-se a deputado estadual elegendo-se pelo 3º Distrito Eleitoral do Estado de São Paulo, legislatura 1907/1909; e depois sucessivamente até a legislatura 1922/1924, porém nenhuma pelo 5º distrito do qual Santa Cruz fazia parte.

A despeito de estar em exercício de deputado estadual, em 1907, Sodré ainda se manteve presidente da câmara, conforme documentos assinados em 04 e publicado aos 28 de julho de 1907, pelo semanário 'O Progresso', que o saudou como deputado estadual e presidente do legislativo municipal de Santa Cruz do Rio Pardo: "Jubilosa sente-se a população de Santa Cruz do Rio Pardo por haver regressado hontem da Capital, o nosso idolatrado chefe Dr. F. Sodré, digno Presidente da Câmara e Deputado Estadoal." 

A cumulação era permitida e prática usual até nos anos de 1930, e quando a ausência do presidente da câmara o vice-presidente assumia, todavia, certos acontecimentos em Santa Cruz causaram estranhezas. 

O livro ata camarário, iniciado em 07 de janeiro de 1906 e encerrado aos 29 de dezembro do mesmo ano teve o livro seguinte principiado aos 23 de dezembro de 1907, evidenciando ausências de registros das sessões legislativas ocorridas no período de 30 de dezembro de 1906 a 22 de dezembro de 1907.

As sessões, no entanto, ocorreram, e ata camararia comprova-as, quando, em sessão de 23 de dezembro de 1907 menciona assuntos camarários de 03 de julho de 1907, e das aprovações às destinações de recursos públicos municipais e das arrecadações previstas para 1908, apalavradas a pagamentos e amortizações de dívidas do município com o preparo e construção do leito ferroviário.

Também, na sessão de 23 de dezembro de 1907, são lembradas as reuniões de 28 de outubro e 21 de dezembro de 1907, que tratam das obras públicas contratadas pela câmara com a 'Superintendência de Obras Públicas do Estado'.

As ocorrências fortalecem indícios sobre o desaparecimento propositado do livro ata das sessões ocorridas entre 30/12/1906 a 22/12/1907, período quando o dr. Sodré estava presidente da câmara, ao mesmo tempo que deputado estadual. 

Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré transferiu domicílio em 1907, a manter interesses no município por algum tempo, e algumas de suas visitas foram registradas pela imprensa.

Falecido aos 17 de julho de 1942, em São Paulo, aos 81 anos, dr. Sodré teve com dona Idalina, sete filhos nascidos santa-cruzenses:

-Francisco de Assis de Abreu Sodré;

-Antonio Carlos de Abreu Sodré, partícipe da Revolução de 1932, Deputado Constituinte em 1934 e Deputado Federal na legislatura 1835 a 1837; 

-Luiz Costa de Abreu Sodré - médico;

-Maria Alice de Abreu Sodré;

-Arnaldo de Abreu Sodré; José de Abreu Sodré;

-Maria Eugênia de Abreu Sodré; -Armando de Abreu Sodré; 

-Reinaldo de Abreu Sodré.

Outros cinco filhos do casal nasceram em São Paulo, entre eles o mais famoso, dr. Roberto Costa de Abreu Sodré, que se formou, foi fazendeiro e político - deputado estadual em três legislaturas, e 'eleito' indiretamente, governador do Estado de São Paulo, período entre 1967/1971, depois atuou como ministro das Relações Exteriores, de 1986 a 1990, vindo a falecer no ano de 1999.

A família Sodré manteve uma fazenda em Santa Cruz do Rio Pardo, a Santo Antonio, até os anos 1950, quando transferida para novo proprietário, que mudou o nome propriedade para Santa Gema.

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