domingo, 6 de setembro de 2015

Coronéis e mandatários santacruzenses - 09

11. Cel. Moyses Nelli* o mandatário esquecido que até mandou prender Tonico Lista
Liga Republicana SCR. Pardo - foto 1909/1910
01 - Moyses Nelli - Presidente; 02. Major Cheurbim Dias Chaves - Vice;
03 Sebastião Soares Pereira; 04 Manoel Antonio de Abreu. 
Acervo: Neison Paulo Rios. 
Alguns dos antigos coronéis residentes em Santa Cruz do Rio Pardo não tiveram atuação de mando político, ora por desinteresse ora por ausências de oportunidades.
Outros se destacaram e, dentre os coronéis santacruzenses, líderes ou chefes políticos em algum momento, consta o nome e a atuação do italiano Mose' Nelli, com nome adotado Moyses Nelli. 
Mose' Stefano Silvio Nelli nasceu em Castelnuovo de Garfagnana, na Província de Massa Carrara, em Itália, aos 02 de fevereiro de 1857, filho de Nicolao Domenico Nelli e Dona Maria Francesca Brigida Prosperi (Apud Neison Paulo Rios, descendente). 
Ainda não se sabe quando Mose' chegou ao Brasil, no entanto, em setembro de 1883 já se encontrava no país já conhecido por Moyses, na localidade de Espírito Santo do Turvo, como padrinho do batizando Silvestre, filho de José Pereira Lima e Theodora Maria (Eclesial, Espírito Santo do Turvo, Batizados de 1882 a 1909 - Livro I: 11-verso).
O irmão de Moyses, Emílio Nelli, também em setembro de 1883, aparece como padrinho de batismo, em Espírito Santo do Turvo, da menor Cesária, filha de Manoel Lima da Silva e Maria Joanna (Eclesial, op.cit, 11).
Moyses voltou à Itália, para cuidar de ajustes, retornando ao Brasil, com idade informada de 29 anos, no Vapor Napole, aos 12/03/1887: 5 (Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, RJ, apud Sagamioli, 2010), pagando duas passagens e, após quarentena num lazareto brasileiro, com outros passageiros, "vierão para este porto [Rio de Janeiro] trazidos pelo vapor 'Argentina'-". Moyses estava anotado como 'contadino' [agricultor], solteiro, viagem não subsidiada, já fixado em Santa Cruz do Rio Pardo, onde fez concluir o prédio para lhe servir de moradia e comércio, um "enorme sobrado na praça, trazendo da Itália pedreiros para levar avante tão grandiosa obra" (Rios, 2004: 42), na atual Praça Deputado Leônidas Camarinha.
—Nesta viagem, mais pelo sobrenome, também desembarcou certo Giovanni Nelli, desconhecido na história santacruzense, chegou no mesmo vapor e citado 'bracciante' - trabalhador, designação mais própria para trabalhador braçal, e também arcara com despesas de duas pessoas. 
Na Santa Cruz de 1883 já residia o médico italiano, Samuel Genuta, observado aos 20 de setembro de 1883, data de sua assinatura e profissão indicada num abaixo-assinado, endereçado à Assembleia Provincial de São Paulo, reivindicando elevação santacruzense à condição de Comarca (ALESP, PR 84_007).
Moyses Nelli estabelecido como negociante, independente da atividade de agricultor, teria exercido o lucrativo serviço de 'agenciador de mão de obra italiana ruralista', para algumas fazendas na região santa-cruzense, e colocações de outros profissionais no mercado de trabalho: ferreiros, marceneiros, carpinteiros, construtores e latoeiros entre outras classes denominadas artistas - artesãos. 
No ano de 1890 Moyses Nelli já era residente à Praça Liberdade, depois República e agora Deputado Leônidas Camarinha (Alistamento Eleitoral, Santa Cruz do Rio Pardo, 1890). Aos 30 de julho de 1890, idade de 33 anos, se casou com a lençoense Leocádia Oliveira Machado, filha do então major Esperidião [Spiridião] de Oliveira Lima e Maria Leopoldina de Oliveira.
—Dona Leocádia, nascida aos 21 de março de 1868 – batizada aos 02 de junho de 1868, teve com o Coronel Nelli os filhos Julieta, Brigida, Olivia, Emilio, Dario, Aristides, Moyses, Christovam, Maria Emilia e Adelina Olivia. Morreu e foi sepultada em Santa Cruz do Rio Pardo aos 22 de maio de 1940. Era irmã de dona Malvina, esposa do coronel Marcello Gonçalves de Oliveira.
Nelli ingressou na política santa-cruzense aparentemente pelo concunhado coronel Marcello Gonçalves de Oliveira, quando existiam dois grupos perrepistas em Santa Cruz, disputantes entre si, os anteriores ao golpe militar de 1889, liderados pelo próprio coronel Marcello, e 'os adesistas' ou da 'nova guarda perrepista', sob a liderança do então tenente-coronel João Baptista Botelho. O Coronel Marcello era perrepista desde 1883, vereador em 1887 - o único representante da bancada, e sem dúvidas depois favorecido pelo golpe militar republicano. 
Com o Brasil república, Nelli foi nomeado membro da Intendência Municipal vindo a ocupar a presidência em substituição ao Joaquim Manoel de Andrade, morto aos 26 de dezembro de 1891, permanecendo no cargo até a posse do Padre Bartholomeu Comenale.
Nelli defendeu o coronel Marcello contra as investidas de João Baptista Botelho que assumiu o diretório municipal perrepista, e isto aproximou Nelli das lideranças Costa Junior/Abreu Sodré que, pouco depois, 'derrubariam' Baptista Botelho e os seus liderados João Evangelista da Silva, Joaquim Fernandes Negrão, Firmino Manoel Rodrigues e Pedro Custódio Guimarães, para o retorno do ocupante anterior, cel. Marcello, com os perrepistas 'da velha guarda', Moyses Nelli, Luiz de Oliveira Martins e Manoel Garcia de Oliveira (Correio Paulistano, 22/12/1892: 2).
Com a morte precoce do coronel Marcello, outra vez Baptista Botelho assumiu o PRP, a contragosto de Nelli e da família Costa Junior/Abreu Sodré.
Optante pelo PRP liderado por Costa Junior/Abreu Sodré, o segmento original iniciado pelo concunhado Marcello, Nelli estava ativo politicamente quando da morte de Baptista Botelho, após e em consequência de tentativa de suicídio, e agarrou-se aos novos detentores do poder, contrapondo-se aos dissidentes liderados pelos dr. Olympio Rodrigues Pimentel e o Coronel Antonio Evangelista da Silva.
Nelli, algumas vezes eleito vereador e nomeado em outras oportunidades como autoridade policial e judicial, era o líder regional da colônia italiana, funcionando em sua residência espécie de representação daquela gente, lugar onde sempre em destaque o pavilhão pátrio.
A residência de Nelli serviu, conforme conveniência e tempo, de Câmara Municipal, Tribunal do Juri e Junta Militar (SatoPrado, Santa Cruz Memórias ...).
Nelli, temperamental por excelência, foi marcado por renúncias de cargos públicos e atitudes imprevistas. Sua adesão ao 'grupo sodrelista' o marcou na política local, sendo rejeitado nas urnas em 1904, porém nomeado Juiz de Direito Substituto em lugar do titular Augusto José da Costa - irmão do Dr. Antonio José da Costa Junior e tio/cunhado do Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré.
Nelli, em 1905 estava no exercício do cargo de juiz de direito e, a pedido de Costa Junior, determinou as prisões do coronel Tonico Lista e do advogado Rodrigues Pimentel, suspeitos mandantes da morte do capitão Jacob Antonio Molitor (O Commercio de S. Paulo, 06/01/1905: 2). 
Quando o Lista assumiu controle partidário perrepista, Nelli manteve-se fiel ao grupo deposto e permaneceu no município, ao contrário daqueles que abandonaram Santa Cruz.
Em 1909 Moyses Nelli liderou grupo santacruzense a favor da candidatura Hermes Rodrigues da Fonseca e Wenceslau Brás, para Presidente e Vice do Brasil, em 1909:
As candidaturas – Hermes-Wencesláo – contam na comarca de Santa Cruz do Rio Pardo com o apoio de varios politicos influentes dentre os quais os srs. Advogado João Castanho de Almeida, Major Moyses Nelli, negociante e capitalista (...).” (A Imprensa, 03/09/1909: 2). 
Não era mais o seu tempo, Tonico Lista era o mandatário, e Moyses, desde então, principiou decadência social e financeira, até ser nomeado Ajudante de Coletoria, em 1910 (Correio Paulistano, 26/01/1910: 3), segundo diziam, presente do amigo deputado, dr. Sodré, e daí a viver de pequenas colheitas, demandas de terras herdadas pela mulher e vendas de seus antigos 'grilos', desfazendo de muitas de suas posses.

5.1. Dos irmãos de Nelli conhecidos na história
A família de Nelli residia em Castelnuovo de Garfagnana, Província de Massa Carrara, em Itália, e são conhecidos os seus irmãos:
-David Nelli, casado ,chegou ao Brasil no vapor Vitória, em 15 de julho de 1891, e foi para a cidade de São Carlos (SP), onde identificado industrial.
-Christovam Nelli, “Padre Reitor do ‘Collegio Convitto G. Perticario’ de Pesaro”. Conforme identificado em sua viagem familiar ao Brasil em 1907 (Correio Paulistano, 16 de abril de 1907: 3). A favor do Reverendo Moyses empenhou-se junto aos amigos junto aos amigos Dr. Fernando Eugênio Marins e o então Deputado Estadual, Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, para sua remoção para o Brasil em 1910.
-Emilio Nelli, solteiro, 'contadine', idade informada de 39 ano, constou na relação de passageiros do vapor Matteo Bruzzo (1887: 10), que partiu de Gênova aos 03 de maio de 1887 com destino a Buenos Aires (Argentina), passando pelo Rio de Janeiro aos 26 de maio de 1887 (Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, apud Sagamioli, 2010). Segundo relatos de família Emilio Nelli chegou a Santos no vapor Provence, aos 29 de maio de 1887, idade de 27 anos (Apud Paulo Rios), certamente a tratar-se de baldeação.
—Um nome Emilio Nelli, idade 34 anos, desembarcou no Rio de Janeiro aos 16 de agosto de 1888, proveniente de Gênova - Itália, vapor Roma (1888: 8), mencionado 'contadine' (Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, apud Sagamioli, 2010). Teria Emilio retornado à Itália, a pedido de Moyses, para comprar mármore em Carrara e contratar mão de obra, com difícil possibilidade de homonímia, pois a construção de Moyses teve aplicativos em mármore e ele era agenciador de mão de obra, para serviços diversos.
-Cristofaro Nelli, permaneceu na Italia e, em parceria, escreveu a Gramatica Italiana "Per Le Parole Elementare" - de Nelli e Lazzone (Apud Paulo Rios).
-Palmira Nelli, irmã, dela não se tem notícias (Apud Paulo Rios).
Moyses faleceu aos 15 de março de 1927 em Ipaussu e foi sepultado em Santa Cruz do Rio Pardo, no dia seguinte, com idade declarada de 70 anos.
O prédio feito construir por Moyses Nelli ainda hoje existe, revitalizado no ano de 2014 pela empresa santacruzense Special Dog – dos irmãos Manfrim, e serve de Centro Cultural.
—* Colaboração e documentos familiares pelo memorialista Neison Paulo Rios.
Moyses Nelli obsequiando favores de amigos para transferir o irmão Padre Christovam da Itália
para o Brasil (Cúria Diocesana de Ourinhos, Assuntos para Santa Cruz do Rio Pardo)
A entrada de Mose' (Moyses) Nelli no Brasil, pelo Vapor Nápole, aos 12 de março de 1887: 5
(Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, apud Sagamioli, 2010)

12. Tenente-Coronel Agnello Villas Boas
Foto de domínio público - Acervo de Geraldo Vieira Martins Jr
Agnello nasceu Campanha - MG, aos três de janeiro de 1882 e batizado aos 12 de fevereiro do mesmo ano. Filho legítimo de José Bernardes Villas Boas Junior e de Maria Justa Villas Boas; recebeu o nome batismal de Angelo.
Seu pai, José Bernardes Villas Boas Junior era filho de José Bernardes Villas Boas e Dona Bárbara Carolina Pereira, descendente do genearca João Annes de Villas Boas (Genealogia da Família Villas Boas - Histórico do Sobrenome da origem dos Villas Boas, descrito nos manuscritos do descendente Manoel José da Costa Felgueira Gaio - 1750/1831 - (http://www.genealogia.villasboas.nom.br/HistoriaVillasBoas.html).
Não se sabe quando Angelo adotou o nome Agnello, porém assim já definido em 1906, por ocasião de seu matrimônio com aparentada Arlinda Villas Boas. 
Arlinda nasceu em Itapira - SP, aos 13 de julho de 1887, batizada aos 31 dos mesmos mês e ano, registrada como filha natural da 'doméstica Josepha Ferreira [de Souza]', da casa de Francisco Victoriano Villas Boas e Maria Celestina Villas Boas. Posteriormente foi reconhecida filha de José Antonio de Villas Boas.
Agnello surge na história paulista, conforme documentos - referência 2015, nomeado Escrivão de Rendas Federal, para a Coletoria de Botucatu (O Estado de S. Paulo, 26/07/1902: 1) e exonerado aos 27 de julho de 1907 (DOSP, 01/08/1907: 2187), para aventurar-se na advocacia como provisionado, sendo examinado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (Correio Paulistano, 17/06/1908:1), aprovado plenamente (op.cit, 24/06/1908: 1) para o exercício em Campos Novos - então do Paranapanema (Idem, 26/06/1908: 2), autorização renovada em 1910 (Ibidem, 25/09/1910: 2).
Advogado provisionado era aquele que, não possuindo formação acadêmica em Direito, obtinha a autorização do órgão competente do Poder Judiciário, ou da entidade de classe, para exercer, em primeira instância, a postulação em juízo.
No ano de 1911 Agnello já estava residente em Santa Cruz do Rio Pardo, e no ano seguinte organizando o Partido Republicano Paulista para as eleições federais daquele ano (Correio Paulistano, 01/01/1912: 4). Precisa ter um ano de domicílio eleitoral.
Nas eleições municipais de 30 de outubro de 1913 elegeu-se Vereador (Correio Paulistano, 08/11/1913: 3), e na eleição da mesa, de 16/01/1914 - dia da posse, foi escolhido Prefeito (Correio Paulistano, 18/01/1914: 1 e 4); com prorrogação de mandato a partir de 15 de janeiro de 1915 (Correio Paulistano, 16/01/1915: 4).
Villas Boas, como prefeito, recebeu elogios publicados pela revista quinzenal 'A Cigarra', à frente de um município progressista, com nove milhões de cafeeiros, produções em quantidade de cereais, indústria pastoril e próspero comércio de exportação de madeira de lei.
A matéria evidenciava, ainda, a receita municipal com 200 contos de réis como resultante de excelente administração - Prefeitura e Câmara Municipal, elogiando a conclusão do prédio do Grupo Escolar, com capacidade para quatrocentos alunos, e o projeto para a instalação das redes de água e esgoto.
A obviedade política da publicação, porém, encerrava: "Muito tem contribuido para o desenvolvimento do importante municipio o sr. cel. Antonio Evangelista da Silva, grande proprietario, agricultor e criador." (A Cigarra, 05/02/1915: 30-37).
A despeito dos louvores, a política local não caminhava bem, e na sessão camarária de 21 de junho de 1915, o prefeito Agnello Villas Boas renunciou aos cargos de prefeito e vereador, pedido aceito, e o Vereador Capitão Manoel Antonio de Oliveira assumiu o cargo de prefeito do qual resignou-se a favor do Coronel Antonio Evangelista da Silva - Tonico Lista. 
Por Decreto de 24 de outubro de 1916, Agnello Villas Boas foi provido na "Serventia vitalícia do officio de 1º tabellião de notas, com os anexos do civel e do commercio, dos orffans e ausentes, da provedoria e do crime, da Comarca de Botucatu" (Estado de S. Paulo, 25/10/1916: 8). Militou na política botucatuense em 1918 (Combate, 06/06/1918: 3 e 10/06/1918: 1), e em 1921 pertencia à 'Liga dos Agricultores de Botucatu' (Correio Paulistano, 15/05/1921: 2).
No ano de 1922 teve seu nome lançado no rol dos candidatos a deputado estadual pelo 5º Distrito, não eleito.
No ano de 1923 Agnello se mudou com a família para São Paulo, tendo por endereço a rua Genebra nº 49-A, no Bairro Bela Vista (Correio Paulistano, 07/06/1927: 18 – Imposto Predial e Taxas). Em São Paulo, Agnello foi sócio da Casa Comissionaria do Café atingida pela crise de 1929.
Não bem-sucedido em São Paulo, Agnello retornou para o interior do estado, para então residir em Cândido Mota (Diário Nacional, 31/03/1929: 6), para o exercício da advocacia e cuidados de duas propriedades rurais - no ramo cafeeiro (Op.cit, 08/08/1930: 5), e teve participação na Revolução de 1930. Teria sofrido um enfarte em 1929, segundo o autor Luiz Marcos Barreiro ('Assis de A a Z', divulgação de conclusão da obra em http://www.ajorb.com.br/vt-forum-07-11.htm, 09/11/2007: 4-7).
No ano de 1931 Agnello Villas Boas, foi nomeado prefeito em Candido Mota, SP (DOSP. 08/01/1931: 189).
Agnello perdeu todas as propriedades e, com a saúde abalada - vítima de hemiplegia, retornou a São Paulo onde em 1936 tinha endereço informado à "Rua Consolação, 159 sb.º." (Correio Paulistano, 10/05/1936: 21). Dona Arlinda faleceu em 1941, em São Paulo, e cinco meses depois morreu Agnello. 
O casal teve os seguintes filhos levantados pelos autores em documentos diversos.
-Erasmo, nascido em Botucatu no ano de 1907 e falecido em Assis;
-Acrísio, sem informações adicionais;
-Maria de Lourdes, nascida aos 28 de dezembro de 1909, em Campos Novos [do Paranapanema];
-Aldamo, nascido no mês maio de 1911, em Santa Cruz do Rio Pardo, onde faleceu aos 30 de abril de 1912, idade de idade de 11 meses;
-Nelson, nasceu aos 07 de agosto de 1912, em Santa Cruz do Rio Pardo;
-Orlando, nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo em 12 de janeiro de 1914 e morreu em São Paulo aos 12 de dezembro de 2002;
-Osvaldo, nasceu em 10 de abril de 1915 em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e faleceu em 03 de setembro de 1915, idade de cinco meses, em Santa Cruz do Rio Pardo;
-Cláudio, nascido em Botucatu*, aos 08 de novembro de 1916, falecido em São Paulo aos 01 de março de 1998;
-Leonardo nasceu em 28 de março de 1918, em Botucatu* e faleceu em 6 de dezembro de 1961;
-Álvaro, nascido no ano de 1923, em São Paulo*, e falecido em 1995;
-Ana Therezinha, nascida no ano de 1924*, em São Paulo;
Arthur, tempo ignorado e sem informações.
*Notas de Orlando Villas Boas: "Eu, Orlando, o escriba, nasci em Santa Cruz do Rio Pardo em 1914, Cláudio e Leonardo em Botucatu, respectivamente em 1916 e 1918. Álvaro e Ana Therezinha, os caçulas da família, nasceram em São Paulo em 1923 e 1924. Nossos pais tiveram ao todo treze filhos, dois dos quais falecidos ainda crianças no interior" (Descendentes Villas Boas - Campanha I - Notas. Fonte http://www.genealogia.villasboas.nom.br/FamVB/vbsert/pafn04.htm).
Agnello Villas Boas - foto de domínio público  
Acervo de Gerado Vieira Martins Jr.
De Agnello se escreveu: "Ele, maçom bem posto na hierarquia da Ordem, advogado mais bem sucedido, em cidades do interior e da capital paulista, onde defendeu causas importantes, inclusive uma de Rui Barbosa" (Borges – Durval Rosa Sarmento, Rio Araguaia Corpo e Alma - Os Irmãos Villas Boas, Ibrasa, 1986: 246).
Também foi membro da Guarda Nacional: Tenente, Major e Tenente-Coronel, conforme publicações em diários paulistanos (CD: A/A). 
Em 1915, por ocasião da inauguração do Grupo Escolar, foi referenciado como Tenente-Coronel, prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo (O Estado de S. Paulo, 19/05/1915: 5).
Agnello marcou sua presença na 'Revolução Constitucionalista de 1932' expressada num telegrama ao Presidente Francisco Morato, do PD: "Assis – Solidario Partido Democratico esclarecida orientação defesa terra paulista estou prompto qualquer sacrificio, aguardando ordens presado chefe. Meus filhos reservistas vão incorporar. – Agnello Villas Boas - " (O Estado de S. Paulo, 14/07/1932: 5).
-o-
12.1. O famoso filho 'santacruzense', Orlando Villas Boas
Orlando Villas Boas numa visita surpresa a Santa Cruz do
Rio Pardo - foto por Noir José Rodrigues 
Orlando Villas Boas nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo, aos 12 de janeiro de 1914, e ainda em pé a casa onde veio à luz, atualmente de propriedade do Professor José Messias de Britto e Sra. Maria Helena Perin de Britto (ano referência 2015). 
A família logo foi residir em Botucatu, de onde para São Paulo, depois retorno para o interior – Assis e Cândido Mota, e outra vez para São Paulo
Em meado para o final dos anos de 1920, Orlando e os irmãos Nelson, Cláudio e Leonardo, estudaram no Ateneu Paulista de Campinas, diferenciados por faixa etária, mas a crise de 1929 que assolou a família, interrompeu seus estudos. Orlando, dizem, tentou o Curso de Direito sem êxito.
Orlando, inquieto desde criança, foi marcado por traquinagens que ele mesmo revelava, e, embora dado às filosofias e pensamentos de vida, além de exímio contador de contos e causos, teve, no entanto, comportamentos censurados para a época, por exemplo, em 1935 alistou-se no Exército Brasileiro e nele permaneceu até 1939, quando expulso por indisciplina ou, como preferido pelos biógrafos e historiadores, por somente obedecer "às ordens que julgava certas" (Agência Brasil (...) - Biografia de Villas Boas - http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2002-12-12/biografia-de-villas-boas-mostra-um-homem-inquieto-que-se-recusava-cumprir-ordens-injustas).
Já além dos 80 anos de idade ainda demonstrava memória e vitalidade invejáveis.
Não existe nenhum acontecimento na vida pública de Orlando Villas Boas que não tenha sido descrito por renomados autores e estudiosos, nacionais e internacionais.
Os irmãos Orlando, Claudio e Leonardo, tornaram-se conhecidos pela participação na Expedição Roncador/Xingu, criada no governo Getúlio Vargas com objetivos em explorar áreas desconhecidas do Centro-Oeste e da Amazônia. Não lhes foi tarefa fácil o pretendido engajamento, recusados numa primeira tentativa pela Fundação Brasil-Central:
—"Não tínhamos propriamente decidido integrar a Expedição Roncador-Xingu. O que queríamos era sair de São Paulo onde, após a morte de nossos pais, nada nos prendia. Mas, embora quiséssemos voltar para o interior, não teria sentido voltar para o mesmo interior de onde havíamos saído. Resolvemos então partir para mais longe. O Coronel [Flaviano de Matos Vanique], entretanto, não nos aceitou, pois acreditava que gente da cidade não se habituaria com as lides da selva e sua ideia era a de contratar apenas sertanejos. Inconformados com a recusa do Coronel, marchamos para o Araguaia e nos engajamos na Expedição como sertanejos analfabetos. Fomos admitidos" (Orlando Villas Boas, citado ebook 'Rompendo Fronteiras'.
—Desde o falecimento do pai, Leonardo, Claudio, Nelson – também santacruzense, e Orlando, foram residir num pensionato em São Paulo, à esquina das ruas Bento Freitas com a Marques de Itu. Os irmãos, à exceção de Nelson, deixaram a vida urbana, empregos e se desfizeram dos poucos bens para a grande aventura. Orlando Villas Bôas, na época com 27 anos, trabalhava de escriturário na Esso; Cláudio, de 25 anos, era mensageiro na Prefeitura de São Paulo; e Leonardo, 23 anos, trabalhava numa empresa distribuidora de gás.
Não aceitos pela Fundação os três irmãos partiram para a região de Barra do Garças - MT, conhecido por Aragarças pelo encontro dos rios da Garça e Araguaia, onde a base operacional para expedição. Orlando trabalhou como auxiliar de pedreiro e os irmãos abrindo chão com enxadas, adquirindo aspectos e hábitos sertanejos, e foram engajados no empreendimento, porém logo descobertos que eram alfabetizados. No entanto, a malícia e a vontade dos irmãos Villas Boas, renderam resultados, sendo o Cláudio logo encarregado do pessoal, o Leonardo para os cuidados com o almoxarifado e o Orlando designado secretário da base.
Um lapso na história oficial, Orlando, como indigenista, teria sido o responsável pioneiro pela 'Expedição Roncador-Xingu' na histórica 'Marcha para o Oeste' a partir da Barra do Garças passando por Toricueije - distrito incorporado ao município Barra do Garças em 1963; a Cachoeira da Fumaça - no Rio das Mortes, atual Novo São Joaquim; e descer o Rio das Mortes até Nova Xavantina (Caíque A. F. do Nascimento - jornalista, autor do livro 'O Portal do Roncador', numa matéria intitulada 'Globo adulterou história da Marcha para o Oeste' – no blog A Fofoca http://afofocaaa.blogspot.com.br/2011_09_18_archive.html). 
Não foi assim. Segundo Caíque, apoiado em documentos juntados em mais de duas décadas de pesquisas, cópia do 'Diário da Expedição Roncador/Xingu', além do testemunho de expedicionários remanescentes, o curso de ida marcou marcha de Barra dos Garças a Nova Xavantina, "exatamente onde hoje se encontra a BR 158", trecho bastante menor, e o Coronel Flaviano de Matos Vanique foi o comandante responsável, que inclusive escreveu as asperezas do trecho em dramáticas descrições (Borges, Rio Araguaia (...), op.cit, 1986: 245).
O jornalista Caíque menciona que Orlando Villas Boas leu o original de seu trabalho e o prefaciou.
O trecho até ali percorrido pela Expedição Roncador/Xingu se assentava técnica e praticamente sobre a antiga rota da Expedição Piratininga, de Willy Aureli, em 1935, como trabalho de exploração geográfica na Amazônia e no Centro-Oeste e contatar índios, e também existiu a rota Anhanguera.
As rotas Piratininga e Anhanguera, diziam em Santa Cruz ainda nos anos 1970/1980, seriam conhecidas e percorridas pelo 'intrépido santacruzense', Donato Carlomagno - foto ao lado, nas suas aventuras pelas selvas do Roncador, além dos caminhos por ele abertos. 
Ditam os mêmores que Donato era apaixonado pelas aventuras do célebre Cel. Percy Harrison Fawcett (1867/1925), explorador e visionário militar britânico que desapareceu, em plena selva, numa de suas expedições à procura da 'Civilização Perdida na Serra do Roncador'. 
Criou-se a lenda que Fawcett teria encontrado o lugar encantando, no entanto os irmãos Villas Boas, em 1952, localizaram a possível ossada, mas a família não autorizou o exame de DNA mitocondrial.
Donato, jovem, rico e aventureiro, teria ido ao encontro do Cel Fawcett, acreditando-o vivo no seu 'Eldorado', e manteve essa obsessão por toda a vida. 
Com a trágica morte de Donato, em 1971, se perderam suas anotações.

A expedição vanguarda, ou 1º escalão, se assentou à margem esquerda do Rio das Mortes aguardando o 2º escalão, organizado pelo militar Acari de Passos Oliveira, na Barra Goiana, e chegou ao local do encontro em 26 de abril de 1944, com "38 homens, duas carroças tipo 'polonesa' e 47 animais incluindo 12 bois para tração ou alimentação" (Borges, op.cit). Esse escalão demorou apenas dezesseis dias da partida à chegada, contra os três meses da equipe vanguarda.
Carroça polonesa, maior que as comuns, com quatro rodas – duas móveis pequenas na frente, e carroceria em V a partir do assoalho. Geralmente era puxada por dois cavalos.
No período da parada - 1944/1945, Orlando dizia de algumas incursões grupais pela selva e numa destas entradas deparou-se com aproximadamente duzentos Kalapalo postados num barranco à beira do rio Culuene, armados de arco e flecha em situação de confronto quando se apresentou o cacique Izarari: "Nos comunicamos por gestos. Depois de alguns minutos, nos abraçamos. Ele estava desesperado. E eu, com medo."
Antes disso, Orlando Villas Boas tinha sido atacado algumas vezes pelos Xavante, sem consequências maiores (http://www.terra.com.br/istoegente/28/reportagens/rep_villas.htm).
Festivamente, em 24 de maio de 1945, pousou no campo da base o trimotor 'Pagé' - da Cruzeiro do Sul trazendo a bordo o presidente Getúlio Vargas, o ministro Eurico Gaspar Dutra e outros da comitiva. 
A partida para o Xingu, ou a grande conquista, teve início em 12 de junho de 1945, com dezoito homens, sem o comando do gaúcho coronel Vanique que deixou a expedição motivado pelo suicídio de sua esposa, e aí os irmãos Villas Boas, Orlando, Claudio e Leonardo, assumiram a coordenação expedicionária.
A marcha seguiu rumo ao Xingu para daí a efetividade da conquista de uma área estimada em um milhão de quilômetros quadrados, demarcando os sertões entre os "Rios Araguaia - a leste - e Tapajós - a oeste -, os chapadões mato-grossenses - ao sul - e o paralelo de quatro graus de latitude sul, que passa um pouco abaixo de Manaus - ao norte" , ou seja, pela mesma fonte, um milhão de quilômetros quadrados, território algumas dezenas de vezes maior que alguns países europeus, a exemplos da Suíça - vinte e cinco vezes, e Holanda - 30 vezes, ou onze vezes tamanho de Portugal (Artigos - 2011-08-22 - 08:29, Expedição Roncador-Xingu III, http://www.pantanalnews.com.br/contents_print.php?CID=74816, autor referenciado, coronel de engenharia Hiram Reis e Silva).
O avanço expedicionário, numa política de proteção e respeito aos indígenas, suas terras e culturas, foi marcado de encontros pacíficos e de intercâmbios a exemplos dos Xavante (1948), Juruna (1949), Kayabi (1951), Txucarramã (1953) e Suya (1959). Orlando, no lema rondoniano "morrer se preciso, matar nunca", foi o grande interlocutor entre brancos e índios. 
Orlando era apreciador das máximas do Marechal Candido Rondon - o positivista dos sertões.
Documentos incontestes testemunham o trabalho Roncador-Xingu, de mais de 1.500 km de picadas, exploração de mais de 1.000 km de rios, seis deles até então desconhecidos, estabeleceu marcos de coordenadas no sertão e assistiu diretamente dezoito aldeias indígenas.
—"A maior lição que ficou desse trabalho é o comportamento do índio em sociedade. Eles não se sentem atraídos pelo poder e pela ganância. Nunca vi um índio discutir com o outro, nunca vi um índio dizer não para uma criança. Isso é maravilhoso." (http://www.terra.com.br/istoegente/28/reportagens/rep_villas.htm).
Este contato direto com os índios fez Orlando defender a criação de um parque indígena para a proteção de tribos e povos ameaçados expulsão de suas terras e mesmo a extinção. Desta luta foi criado o Parque Nacional do Xingu, no governo Jânio Quadros, em 1961, mesmo ano do falecimento de Leonardo Villas Boas. Sua vocação sertanista o levou participar da expedição que primeiro contatou os índios Txikão – em 1964, e os Kranakaore em 1973.
Orlando chefiou o 'Parque Nacional do Xingu', no período 1961/1967, e foi um dos idealizadores da 'Fundação Nacional do Índio - Funai', com um grupo de sertanistas em 1965, tendo por princípio a promoção e proteção aos direitos dos povos indígenas em todo o território nacional.
A 'Funai' foi criada pela Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, vinculada ao Ministério da Justiça, para ser a coordenadora e principal executora da política indigenista no Brasil, cabendo-lhe promover estudos de identificação e delimitação, demarcação, regularização fundiária e registro das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, além de monitorar e fiscalizar as terras indígenas. Também à Funai a coordenação e implementação das políticas de proteção aos povos isolados e recém-contatados.
Orlando declinou a chefia da Funai e o jornalista José de Queiroz Campos foi o seu primeiro presidente (1967/1970), sustentado pelo regime militar.
Nos anos 70, o ditador Ernesto Geisel - presidente do Brasil, criou o cargo de 'Assessor Especial da Presidência da Funai', nomeando Orlando Villas Boas para a função até sua demissão em 2000.
Álvaro, irmão dos indigenistas Orlando, Cláudio e Leonardo trabalhou durante anos como Delegado da Funai em Bauru (SP), e por dois meses presidiu a Funai – de setembro a novembro de 1985, cometendo séries de trapalhadas até ser demitido por sua inflexibilidade em negociar com os índios.
Num episódio administrativo ocorrido em fevereiro de 2000, Orlando Villas Boas foi demitido, por fax, da função de Assessor Especial da Presidência da Funai, pelo presidente do órgão Carlos Marés de Souza, episódio não de todo esclarecido até os dias atuais (2020). O ato causou indignação no Brasil e no exterior.
As explicações foram várias, algumas versões oficiais e outras não. Marés justificou-se que Orlando recebia, mas não comparecia ao trabalho, impedindo preenchimento de vaga necessária; também acrescentado aos argumentos que o demitido recebia pensão especial vitalícia, dada pelo governo em reconhecimento de serviços à causa indígena, portanto acúmulo ilegal de remuneração pública. Também foi dito, na época, que Orlando mantinha vínculo como consultor remunerado junto à Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, especulando-se, na época, procedimentos não éticos de Villas Boas, profundo conhecedor da flora brasileira e da pajelança, mas atualmente predomina a versão que a Consultoria à USP ocorreu após sua demissão da Funai.
—"Demitir ou não é prerrogativa do presidente da Funai. Isso eu não questiono. O que eu não consigo aceitar é a maneira grosseira de me `informar' da demissão por fax", reagiu Orlando Villas Boas.
Orlando legalmente teve sua aposentadoria em 1978 e continuou ativo na prestação de 'Assessoria/Consultoria à Presidência' da autarquia até a atabalhoada demissão motivada pela contenção (corte) de gastos segundo o fax. O demitido não retornou à Funai, apesar de insistentes apelos, dizem, até do presidente da república Fernando Henrique Cardoso: que lhe concedeu o direito, também a seu irmão Cláudio, de receber aposentadoria especial complementar aos benefícios pagos pela Previdência Social.
"Vou escrever uma carta agradecendo a atenção, mas não posso aceitar. Não tenho mais a mobilidade nem a disposição do passado", justifica. http://www.terra.com.br/istoegente/28/reportagens/rep_villas.htm.
—O governo brasileiro - administração Fernando Henrique Cardoso, concedeu a Orlando e ao seu irmão Cláudio, o direito de receberem aposentadoria especial complementar aos benefícios pagos pela Previdência Social.
Orlando escreveu vários livros, muitos em pareceria com seu irmão Claudio, morto em 1998, entre eles: 'Xingu, Território Tribal', com fotos de Maurren Bisilliat, de 1979; 'Marcha para o Oeste', que ganhou o prêmio Jabuti de melhor livro-reportagem em 1995; 'Almanaque do Sertão', de 1997, no qual conta seus 45 anos de trabalho como sertanista. Uma obra sua, 'A Arte dos Pajés - Impressões sobre o Universo Espiritual do Índio Xinguano', de 2000, descreve as várias experiências sobrenaturais presenciadas entre os indígenas.
Mais que qualquer outra conquista, os irmãos Villas Boas deram dignidade aos índios impedindo matanças e apagamentos culturais, sendo reconhecidos internacionalmente; e dentre eles se destacou Orlando.
A importância de Orlando ao mundo trouxe-lhe, dentre as tantas consagrações e premiações a medalha da Real Sociedade de Geografia, da Inglaterra, em 1967, colocando-o ao lado de grandes nomes, entre outros, David Livingstone (1813/1873) - missionário e explorador inglês destacado pelas atividades desenvolvidas no continente africano; Sir Edmund Hillary (1919/2008), o primeiro homem a conquistar o topo do Monte Everest, em 29 de maio 1953; e Jacques Cousteau (1910/1997) - oficial da marinha francesa, documentarista, cineasta, oceanógrafo e inventor, mundialmente conhecido por suas viagens de pesquisas a bordo do Calypso. 
Orlando e Cláudio foram indicados duas vezes (1971 e 1975) para o 'Prêmio Nobel da Paz'. Também ao lado de Cláudio, em 1984, recebeu, o 'Prêmio Geo', concedido pela revista alemã de mesmo nome, das mãos do ex-chanceler alemão e Nobel da Paz, Willy Brandt. Em 1990, ambos receberam a primeira edição do prêmio Estado de S. Paulo, com uma dotação de equivalente a US$ 100 mil.
O jornal inglês 'The Sunday Times', em 1991, incluiu os irmãos Villas Boas entre as mil pessoas que fizeram o século 20. Segundo o jornal "os índios ainda existem graças ao esforço dos Villas Boas, como exploradores, cientistas, pensadores e políticos".
Em 1998, Orlando recebeu o título de 'Cidadão Paulistano', da Câmara Municipal de São Paulo. A Municipalidade de São Paulo 'ainda pretende' a criação de um memorial em sua homenagem, onde o seu precioso acervo poderia ser exposto.
Em outubro de 2001, Orlando Villas Boas disputou a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras, numa disputa com o escritor Paulo Coelho, o sociólogo Hélio Jaguaribe e outros, sendo eleito Paulo Coelho, sem discussões de méritos, com 22 votos entre os 38 possíveis.
No Carnaval de 2001 Orlando foi homenageado pela Escola de Samba Camisa Verde e Branco, em São Paulo, com o título do samba-enredo 'Sertanista e Indigenista Sim. Mas Por Que Não? Orlando Villas-Boas' (http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI34404-9531,00-MORRE+O+SERTANISTA+ORLANDO+VILLAS+BOAS.html).
A Assembleia Legislativa de São Paulo instituiu, pela Lei 11.367, de 28/03/2003, 'Semana Orlando Villas Boas', a ser comemorada, anualmente, na quarta semana do mês de abril, cujas atividades iniciadas com atividades culturais, promovendo a afirmação da identidade brasileira, consolidando a integração política da cidadania nacional, formada na diversidade de suas raízes étnicas.
Tal lei teve por supedâneo o Projeto de Lei nº 364/2002, de autoria do então Deputado Claury Alves da Silva, em homenagem ao sertanista, pela sua dedicação à preservação da cultura indígena, fundando o Parque Indígena do Xingu, em 1961. Segundo Claury, "A criação da Semana tem o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de preservar uma das culturas fundamentais para a construção de nossa identidade enquanto nação." (http://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=290633).
A despeito da Lei Estadual 11.367/2003, Santa Cruz do Rio Pardo igualmente resolveu homenagear o seu filho mais ilustre, através da Lei nº Municipal nº 2.034/2004, a qual diz que o município deverá comemorar anualmente a semana, através da secretaria de Cultura, apresentando trabalhos alusivos à vida de Orlando. De acordo com o texto a homenagem deverá ser promovida todos os anos, de 12 a 18 de janeiro, "em homenagem ao ilustre Sertanista, filho desta terra, por serviços inestimáveis e relevantes na catequese e consequente integração em nossa sociedade, desenvolvendo a dignidade e o respeito pelo povo indígena"; a lei foi assinada pelo então prefeito Adilson Donizeti Mira.
Orlando casou-se em 1969 com Marina, enfermeira do Parque Nacional do Xingu, com quem teve dois filhos: Orlando Villas-Boas Filho, o Vilinha, e Noel.
O sertanista morreu aos 12 de dezembro de 2002, idade de 88 anos, no Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, em decorrência de falência de múltiplos órgãos, "desencadeada por um processo agudo de infecção intestinal", segundo boletim emitido pelo hospital. 
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Das fontes de consultas não citadas os autores referenciam especialmente:
-Banco de Dados da Folha de S. Paulo - http://bd.folha.uol.com.br/ 
-Acervo O Estado de São Paulo - http://acervo.estadao.com.br/
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