segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Os coronéis e mandadores - 04

Cel. Antonio Evangelista da Silva – Tonico Lista
Histórico documentado sobre a vida 'santa-cruzense' do mais icônico político mandador da comarca, o famanaz coronel Antonio Evangelista da Silva o Tonico Lista, amado e odiado, tanto que, ainda no ano de 2020, desperta paixões, causa polêmicas.
—Os autores descrevem os acontecimentos, sem nenhuma apologia ao coronel e alguns dos crimes a ele atribuídos, praticados ou não.

— Um nome anterior - Antonio Candido da Silva
Antonio Candido da Silva nasceu em São Simão - SP, a 1º de setembro de 1867, filho de João Evangelista da Silva e de dona Marcolina Baptista de Jesus ou Bueno, batizado aos 7 de outubro de 1867 com "hum mez e seis dias (...) foram padrinhos Maximiano Baptista Bueno e Prudenciana Esmeria Vilella" (Batismos, São Simão, Livro 1845/1869: 143). Teve uma irmã, Maria Cristina, que foi casada com José Nestor de França.

Desde criança lhe foi dado apelido familiar Tonico, como deformação diminutiva de Antonio. Ao Tonico teve acrescido o Lista, abreviação vocabular do sobrenome Evangelista, do pai, assim, Tonico o filho do Lista, Tonico Lista. 

De família bem situada financeiramente, Tonico chegou a Santa Cruz do Rio Pardo em 1885, idade de dezoito anos, em companhia da família (O Contemporaneo, edição de 08/09/1915: 1), aonde já residentes alguns parentes de sobrenomes Baptista, Bueno, Ferreira, Negrão e Silva.

Antonio Cândido da Silva figurou eleitor inscrito em 1890, idade de 23 anos, solteiro, comerciante, à mesma maneira qualificado até 1893 quando, em 1894, teve o nome lançado no rol de votantes como Antonio Evangelista da Silva. 

Apesar da troca de nome desde 1894, em 1896 aparece ainda como Antonio Candido da Silva, capitão, eleito 3º Juiz de Paz (Almanak do Estado de São Paulo, 1896 edição 1897: 89. Jornal do Brasil, 23/01/1896: 3). Apenas aos 08 de outubro de 1897 informaria legal e publicamente: "Antonio Cândido da Silva, sócio solidário da casa commercial que nesta praça gyra sob a firma Silva & França, declara, para todos os fins, que de hoje em diante passa a assignar-se Antonio Evangelista da Silva" (Correio Paulistano, edição de 19/10/1897: 3, e outras publicações).

São poucas as referências que dele se tem dos tempos de Antonio Candido, pois sempre foi Tonico Lista ou, mais formal, Antonio Evangelista. O semanário santa-cruzense Trabuco, edição de 23 de outubro de 1921, quando Tonico se encontrava preso, em tom sarcástico expressou: "E tú, Tonico Lista, ou Antonio Cândido, gostaste da cadeia"?

Não se conhece a causa para a mudança nominal, todavia, especulou-se, o fora por exclusão associativa do nome anterior com os crimes cometidos em 1892, o que não parece o correto, e sim, que tenha sido para adequar-se à forma como era conhecido e tratado, Antonio Evangelista, seguido com o 'da Silva'.


— Matou um soldado e feriu outro no meretrício
Aos 10 de junho de 1892, Tonico Lista metera-se num entrevero e, "na casa da prostituta Maria Antonia do Espirito Santo assassinou a Manoel Bispo e feriu gravemente a Nepomuceno da Silva" (O Combate, 03/11/1921: 3 - documento ilegível em partes da 'ficha criminal'), ambos integrantes do 7º Batalhão de São Paulo, aquartelado em Santa Cruz, com destino a São Pedro do Turvo, com objetivo de prender o místico intitulado 'Frei Manoel' (Rios, 2004: 21).
Rios (2004: 25) informou que Lista matou um soldado e "(...) feriu outro que está às portas da morte", sem mencionar nomes. Depois, o mesmo Rios, à página 28 de sua obra, aponta morto o segundo policial: "(...) o coronel [Botelho] deve acompanhar o enterro dos dois soldados (...)." (Rios, 2004: 25).
Maria Antonia do Espírito Santo, meretriz e dona da casa de prostituições, fazia-se na ocasião acompanhada de Tonico Lista, quando um dos soldados, preterido por ela, invadiu o quarto onde se encontrava o casal, de arma em punho, sendo abatido a tiros; o outro policial, em socorro ao companheiro, também alvejado, viria morrer depois. Consta, ainda, um terceiro soldado seriamente ferido, consoante o dr. Antonio José da Costa Junior, desafeto de Lista (Correio Paulistano, 04/01/1905: 3), informação não conferida.

Tonico Lista livrou-se do flagrante, quando era delegado de polícia o coronel João Baptista Botelho, além de membro da intendência municipal e, no momento, chefe político perrepista local. 

O desenrolar processual ocorreria, ainda, em 1892: a denúncia no dia 04 de julho, quando promotor público o dr. José Balthazar de Abreu Cardoso Sodré; a pronuncia aos 23 de julho pelo juiz municipal, capitão Bernardino Pereira Lima, com confirmação pelo juiz de direito, dr. Augusto José da Costa, em data de 29 do mesmo mês de julho. 

A prisão efetuou-se em 31 de agosto e o julgamento aos 06 de setembro de 1892, pelo tribunal do júri, absolvido por unanimidade, atuando na defesa o advogado dr. Frederico Carr Ribeiro, e não foi apresentado recurso.

 

— Tunda num sargento e intimidações aos adversários
Inteligente, ambicioso e sinônimo de sucesso em 1900, Lista já estava 'capitão' da Guarda Nacional, conforme Decreto Estadual de 16 e publicado aos 26 de junho de 1900, patente a ele já atribuída desde 1896, quando eleito 3º juiz de paz, ainda com o nome sob o nome Antonio Cândido da Silva.
Falecido o Coronel Botelho, Tonico Lista manteve-se politicamente fiel ao advogado Dr. Olympio Rodrigues Pimentel que, à frente do PRP dissidente preparou-se para as eleições gerais de vinte oito de fevereiro de 1903, criou tumultos, lançou protestos, mudou o local de votação para os da grei e simpatizantes, registrou os votos em cartório, e perdeu as eleições.
No ano de 1904, Tonico Lista, acompanhado de capangas, surrou violentamente o sargento Augusto Luiz (?) de Camargo (O Combate, edição de 03/11/1921: 3 – ficha corrida), sendo denunciado, pronunciado e julgado livre pelo tribunal do júri. Costa Junior, inimigo de Lista, informou que o sargento ocupava o cargo de delegado de polícia (Correio Paulistano, 04/01/1905: 3).
Lista, então, revelava o seu lado cruel e intimidatório, por exemplo, quando do julgamento de Olympio Rodrigues Pimentel, por tentativa de morte contra João Ferreira de Castilho, conhecido por João Costa ou Joãozinho, membro da família Costa. Na ocasião, fizera desfilar pelas ruas de Santa Cruz dezenas de capangas, de acordo com o dr. Costa Junior, "uma grande orgia ja preparada antes do julgamento, ja denotava que o réo sahiria da prisão ainda que fosse condenado." (Correio Paulistano, edição de 04/01/1905: 3).

— Assassinato do Capitão Jacob Antonio Molitor
Santa Cruz vivia tempos de violências extremadas desde o fim do século XIX e os primeiros anos do seguinte, com ameaças, imposições, atentados e assassínios, entre os grupos políticos rivais. Sabia-se, no entanto, que desde agosto de 1904, o grupo Costa Junior/Abreu Sodré estava debilitado com a suspensão, ex-ofício, do Juiz da Comarca, dr. Augusto José da Costa, substituído interinamente por Moyses Nelli.
A despeito da suspensão sumária do juiz Augusto José da Costa para o exercício do cargo, o grupo 'sodrelista' fez-se vitorioso nas urnas, e Tonico Lista, candidato, não se elegeu vereador. A oposição denunciou fraude eleitoral e a situação acusou os adversários de violências, inclusive de assassinato, acusando Olympio e Lista pela morte do capitão Jacob Antonio Molitor. 
Molitor, suplente de delegado de polícia, embora não estivesse no exercício do cargo, teria ido até Santo Grande, acompanhado de dois praças, para trazer a ata da eleição municipal até Santa Cruz do Rio Pardo, sede do município e comarca, a mando de Costa Junior, Abreu Sodré e Augusto José da Costa (Correio Paulistano, 03/12/1904: 2, depoimento de Higino Molitor, filho do assassinado Jacob Antonio Molitor).
Desconfiados das intenções de Molitor e mandantes, Tonico e Olympio encarregaram seus capangas para executá-lo, conforme dezenas de testemunhas arroladas em Inquérito Policial encaminhado à Chefatura de Polícia em São Paulo.
Lista e Pimentel foram presos por 'recomendação' do Dr. Costa Junior, ao Juiz substituto, Moyses Nelli, para que este:
"(...) mediante requerimento de um promotor mais instrumento ainda, requeresse a prisão preventiva das pessoas que o dr. Costa Junior quis que ficassem envolvidas no processo, tanto que foram presos, preventivamente, o dr. Olympio Rodrigues Pimentel e o capitão Antonio Evangelista da Silva." (Correio Paulistano, 08/11/1905: 5), até o competente habeas-corpus pelo Egrégio Tribunal de Justiça. 

— Lista: chefe político firmado na violência
Nas eleições de 1903 para Deputados Provinciais (Legislatura 1904/1906), o candidato Ataliba Leonel, coronel pirajuense, teve seu nome obstado em Santa Cruz do Rio Pardo, município e comarca, pelo deputado federal dr. Antonio José da Costa Junior, o irmão e genro deste, dr. Augusto José da Costa - juiz de direito, e o outro genro, dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, presidente da Câmara Municipal e chefe político entre os anos de 1902/1907. Contou, no entanto, com os votos da dissidência perrepista santacruzense liderada pelo advogado dr. Olympio Rodrigues Pimentel e o então futuro coronel Antonio Evangelista da Silva, o Tonico Lista, homem de índole violenta e formador de bando, que abertamente desafiava os detentores e capangas do poder local.
Em 1906 os dissidentes perrepistas comandados por Tonico Lista assumiram controle do diretório do PRP santa-cruzense, com reconhecimento oficial da Comissão Central do Partido (Correio Paulistano, 17/04/1906: 1).
Já em janeiro de 1906, o presidente da câmara, dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, o vice-presidente Frederico Carr Ribeiro, o intendente Henrique Hardt, os vereadores Lucio de Oliveira Lima e Pedro Paulo Rodrigues, além de cidadãos ligados ao grupo 'sodrelista', denunciaram arbitrariedades do então delegado Antonio Evangelista da Silva, intimando a população não participar do pleito eleitoral de 30 de janeiro de 1906, sob pena de prisão e espancamento (O Estado de São Paulo, 17/01/1906: 1). 
Apesar da condição do dr. Costa Junior como deputado federal, e da eleição de Abreu Sodré para a assembleia legislativa, em 1907, ambos já não tinham vontades e condições políticas para enfrentamentos ao Lista, embora Costa Junior e Lista confrontarem-se, uma vez, ameaçando-se e prestes sacarem as armas, apartados por correligionários (Rios, 2004: 79).
Lista, a partir de 1907, acercado de doutores e jagunços, iniciou o poder político absoluto que entendera possuir, "para formar um dos maiores impérios políticos do interior do Estado." (Rios, 2004: 113).
Os adversários o acusavam de 'encabrestar votos', fraudar eleições, eliminar inimigos, promover incêndio numa das salas da delegacia de polícia ou do fórum, mas nada se provava contra ele, e sua fama correu sertão para além das divisas do estado, espécie de lenda viva que tudo podia e fazia contra adversários e inimigos, ao mesmo tempo que protetor dos colaboradores e asseclas. 
Santa Cruz vivenciaria, por mais quinze anos:
"Uma série de odientos crimes viria incitar ainda maior rancor entre as facções políticas, onde as paixões cegavam os homens, e as rixas e vinditas de famílias sucediam, e corroborava-se mais uma vez o velho provérbio dos silvícolas: 'A árvore do esquecimento não pode mais brotar onde o sangue correu' -." (Rios, 2004: 95).
Tonico Lista contava com bons advogados, dr. Olympio Rodrigues Pimentel, experiente político – vereador, prefeito e deputado, além de ex-promotor; dr. Antonio França Paranhos; dr. Vasco de Andrade; e dr. Pedro Camarinha, a seu tempo; além de Julio Prestes, Altino Arantes e outros renomados nas defesas de cunho particular.
Também lhe aproximavam os grandes proprietários rurais e capitalistas, enquanto o mando político era todo seu, bem guardado por jagunços, e com o apoio regional dos coronéis estabelecidos.

 

— O assassinato do Coronel João Pedro Teixeira Coelho Junior
Quando Lista colocado 'chefe perrepista' em Santa Cruz do Rio Pardo, consequentemente sobre toda a comarca, com a chancela do diretório central do partido, teve o apoio dos coronéis regionais, às exceções dos coronéis Emygdio José da Piedade Filho - em Ilha Grande [Ipaussu], e do fluminense João Pedro Coelho Junior, em São Pedro do Turvo, que lhe contestou a liderança imposta. Outras dissidências ocorreriam futuramente. 
O coronel João Pedro Junior natural do estado do Rio de Janeiro, família de posse e forte fazendeiro, veio para São Pedro do Turvo nos anos de 1890, casando-se com dona Deolinda Roza [Candida] Coelho (29/02/1896), de cujo matrimônio nascidos filhos e filhas, dos quais o Sebastião (02/09/1902 - livro 4 fls 21 - Cartório de Registro Civil de São Pedro do Turvo), que também viria se tornar líder político naquela localidade, casado com dona Zilda Guimarães nascendo-lhes filhos e filhas, destacado o conhecido médico Clóvis Guimarães Teixeira Coelho, vice e duas vezes prefeito em Santa Cruz do Rio Pardo.
João Pedro era o líder político em São Pedro do Turvo, onde delegado de polícia em 1898 (DOSP 05/03/1898: 1), capitão da Guarda Nacional em 1900 (DOSP, 26/06/1900: 4 [1482]), depois coronel, ocupante, a seu tempo, de cargos nomeados, ou, sobre eles influenciando escolhas, enfrentando e hostilizando adversário, conforme notória a política da época.
Mas, João Pedro intentou-se o 'todo poderoso' em São Pedro do Turvo, divergente de Lista em 1907, na tentativa em unificar o coronelato de lá em torno de seu nome, e foi morto, a mando ou pelo próprio também coronel são-pedrense, Marciano José Ferreira, como favor prestado ao primo Antonio Evangelista da Silva - Tonico Lista (Nogueira Cobra, 1923: 253).
Do coronel Marciano José Ferreira, diz Amador Nogueira Cobra que ele "Viera de S. Simão para o Paranapanema, em companhia de outros parentes, entre os quaes o cel. Antonio Evangelista da Silva, chefe político de prestígio em Santa Cruz do Rio Pardo." (Nogueira Cobra, 1979: 247, notas 2).
Documentos oficiais diversos informam, pós 1908, dona Deolinda, fazendeira e viúva, cuidando dos interesses e bens familiares, por si e pelos filhos, como tutora nata (DOSP, 11/08/1909: 2.416).
Tonico Lista, com a morte de João Pedro e de Emygdio Piedade Filho - referência abaixo, firmou-se absoluto na região: em Chavantes mandavam os irmãos Osório e Azarias Bueno, seus primos vindos de São Simão; em Espírito Santo do Turvo davam as ordens os coronéis João dos Santos Camarinha, Clementino Gonçalves e João Dias Junior; em São Pedro do Turvo estavam os Manoel Marques Vieira – o principal deles, e os auxiliares Pedro Leite do Amparo, Joaquim Pedro de Oliveira e Silva, Francelino Manoel da Silva, Benedito Ferreira de Souza e Manoel Pereira Tavares; em Ipaussu, Cristiano Rodrigues da Silva e Mizael Gonçalves de Oliveira dividiam o poder localizado; em Caçador [Ubirajara] era forte o coronel Porcino de Lima; em Salto Grande mandavam os parentes Virgilio e Lydio Ferreira, primos de Lista, e Pedro Pocay [Pocai]; em Bernardino de Campos, o coronel Albino Alves Garcia distribuía as ordens; em Ourinhos Jacintho Ferreira e Sá e Eduardo Salgueiro, ainda unidos, eram os mandatários.

— O assassinato do Coronel Emygdio José da Piedade Filho
Em Ilha Grande (Ipaussu) agigantava-se o Coronel Emygdio José da Piedade Filho, o Emygdião, como expressiva liderança política a incomodar o prestígio do Deputado Ataliba Leonel, eleito em 1907 (Cáceres,1998: 51) além do afrontamento ao poder de Tonico Lista na comarca.
Ignorando os mandatários estabelecidos, Emygdião angariava simpatias e apoios de capitalistas e dos fortes fazendeiros, entre eles o ex-deputado Cleophano Pitaguary e o Coronel Cunha Bueno que: "Fez séria oposição ao Cel. Antônio Evangelista da Silva (Tonico Lista), de Santa Cruz do Rio Pardo" (Zizi, 2007: 2), com prenúncios de contendas segundo Rios:
"(...) o homão [Emygdião] que está cada vez pior, cada vez mais impossível em Ilha Grande. É desaforo toda hora, roncação de valentia, o homem diz que manda de Jacarezinho até aqui, tem capanga com ele, dizem que outro dia matou gente e mandou de presente para o delegado de Jacarezinho" (2004: 99). 
Lista determinou a morte do rival e Amador Nogueira Cobra descreve o assassinato ocorrido aos 23 de janeiro de 1908:
"Piedade viajando pela estrada que passava pelo sitio onde hoje se encontra a villa de Irapé e chegando-se a uma porteira para abril-a, encontrou-a amarrada ao batente; enquanto procurava desatar o nó, recebeu uma bala que lhe atravessou o peito, cahindo morto no mesmo instante." (Nogueira Cobra, 1923: 185). 
Na fuga um dos assassinos teria deixado para trás botas e chapéu, e certo João Custódio, tido mandante do crime, chegou a ser preso, porém logrou fuga para homiziar-se no Estado do Paraná (Correio Paulistano, edição de 24/01/1908: 3).
O mesmo Custódio, aos 20 de fevereiro de 1908, apresentou-se às autoridades na comarca de Santa Cruz para declarações ao delegado de polícia - dr. Américo França Paranhos, acompanhado do juiz de direito, dr. Francisco Cardoso Ribeiro, e em seguida liberado (Correio Paulistano, 25/02/1908: 3).
A polícia prendeu, também, Possidonio Gonçalves Machado Filho - vulgo Machadinho, alferes da Guarda Nacional, e certo Christiano, como autores do crime e foram a julgamento, todavia as botas e o chapéu apreendidos não lhes serviram, e assim absolvidos por unanimidade (Rios, 2004: 97-101).
O Correio Paulistano noticiou a absolvição: "Foi advogado dos réos o dr. Octaviano de Azevedo, que fez uma defesa brilhante, destruindo completamente a accusação" (13/09/1908: 2). 
Machadinho integrara, segundo inquérito policial da época, o bando que assassinou  Jacob Antonio Molitor, na localidade de Salto Grande, em 1904 (Correio Paulistano, 03/12/1904: 2).
Lista apavorava os adversários e, ainda que suspeito de ser o real mandante do assassinato de 'Emygdião', o irmão deste, Arlindo Crescêncio Piedade, uniu-se ao Tonico Lista(O Combate, 19/03/1921: 1), por temor e submissão. Apenas Ozório Alves de Lara categorizaria, anos depois:
"Que foi o Coronel Antonio Evangelista da Silva o autor da morte de Emygdio Piedade Filho, mas, que não foi processado porque era chefe, e mandava na Justiça, e, em tempo, os jurados eram seus (...). Não depois isso na ocasião do [facto] por falta de garantias." (O Estado de São Paulo, 25/08/1921: 10, Defesa do Coronel Antonio Evangelista da Silva, Processo Crime – Caso dos Irmãos Rocha).

 O ultimato ao Juiz Francisco Cardoso Ribeiro
O dr. Francisco Cardoso Ribeiro, juiz de direito na comarca santa-cruzense (1905/1909), que dizia ter retaguarda na capital, diante dos tantos crimes suspeitos de mandos ou encomendas, resolveu inquirir fatos ouvindo partes adversárias, desprezando conselhos para que usasse bom senso e cautela ao tratar-se com Lista.
Washington Luiz, então secretário estadual de justiça e segurança pública de São Paulo, nomeado em 13 de março de 1906, seria o apoio avocável de Cardoso Ribeiro.
Cardoso Ribeiro e Lista atritaram-se quando aquele juiz "envolveu um delegado militar, um tenente da polícia, em processo, de que lhe resultou a prisão por 2 anos". (Voz do Povo, 20/04/1920: 2 - referências).
Tudo teria sido intriga do 'feito' delegado Fernando Eugenio Martins, amigo do juiz Ribeiro, e Lista deu ordem para que o magistrado abandonasse a comarca, sob pena de represália. 
Ignorando recomendações do coronel, o Cardoso Ribeiro, numa incerta judicial, acompanhado do delegado Eugenio Martins, sofreu atentado que feriu gravemente a autoridade policial, e o magistrado, temeroso então pela própria vida, deixou Santa Cruz do Rio Pardo (O Combate, 19/03/1921: 1 - referência) escondido numa carroça para transporte de pães, conduzida por João Dalmati até a estação ferroviária de Bernardino de Campos.
Do acontecido lembrou o 'Informativo Jurídico Migalhas':
"Francisco Cardoso Ribeiro teve interessante passagem pela história do município de Santa Cruz do Rio Pardo / SP, na qual foi o segundo juiz. Diz a história que após desavença com um coronel local (Tonico Lista), o juiz Cardoso Ribeiro – jurado de morte – abandona Santa Cruz do Rio Pardo escondido numa carroça usada para entregar pão." (Migalhas, 16/05/2007)
Algum tempo depois o juiz Cardoso Ribeiro foi nomeado juiz de direito para a comarca de Campinas, por arranjo do amigo e político Washington Luís, e a seguir teve sua permuta autorizada com o dr. José Martins Bastos, para ocupar a titularidade da comarca de Taubaté (DOSP, 06/01/1909: 55), passando depois por Atibaia, até ser guindado, em 1920, ao cargo de secretário de justiça e da segurança pública no Governo de Washington Luiz.
Como secretário Cardoso Ribeiro viria à forra contra o algoz Tonico Lista, aliando-se aos seus adversários em Santa Cruz e região.
Cardoso Ribeiro, findo o quatriênio como secretário de governo, foi designado componente do 'Tribunal de Contas do Estado de São Paulo', depois ocupante da 'Vara do Menor' na capital paulista, ingressando, a seguir, na cúpula do 'Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo', até sua colocação como 'Ministro do Supremo Tribunal Federal', Decreto de 18 de abril de 1927, pelo amigo Washington Luiz, agora Presidente da República.
Apesar das tantas conquistas na carreira, e eliminado Tonico Lista, o humilhante acontecimento em Santa Cruz do Rio Pardo acompanharia o juiz Cardoso Ribeiro até 16 de maio de 1932, quando, aos 56 anos, pôs termo à própria vida.

— Possível confronto entre os coronéis 'Lista e Sancho' 
Lista enfrentava contratempos em 1911, quando do desaparecimento do primo Marciano José Ferreira, também coronel, provavelmente morto numa trama arquitetada pelo homólogo Francisco Sanches de Figueiredo, o 'coronel Sancho', todo poderoso mandador desde Campos Novos Paulista e sertão adiante, crime que perturbou até a capital do país.
Marciano trabalhava como agrimensor de terras no Vale Paranapanema e partes do Peixe, com a 'técnica em medir espigões secundários como primários', com isso a determinar a área e deixar terras de fora (Cobra, 1979: 249, esclarecendo o método), ou, medir espigões ignorando baixadas, para concluir menor o tamanho da propriedade em questão, embora com mais terras. 
Os serviços de Marciano interessavam ao coronel Sanches e até associaram-se por algum tempo. Não tardou, porém, Sanches desconfiar das intenções de Marciano denunciá-lo às autoridades, nas questões de terras - grilagens e das 'dadas' contra os indígenas, e, assim, com ou sem razões para as dúvidas, resolveu elimina-lo.
Cobra informa que Sanches tinha motivos para matar Marciano, pois que este dissera a terceiros da sua intenção em denunciar o coronel ao governo central, pelas práticas de 'dadas' e escravização indígena. (Cobra, 1923: 143).
Alheio às tramas, o coronel Marciano foi contratado por Sanches para medir e divisar terras, nos lados do Ribeirão das Anhumas, adiante das terras dos Medeiros, então a última sentinela conhecida do sertão. 
A equipe de Marciano compunha-se de trinta homens. 
Na dita empreitada, no ano de 1911, durante as medições, o Marciano desapareceu, misteriosamente, de nada a adiantar tantas expedições procurá-lo. Encontraram roupas e armamentos, viram restos de fogueira recente à maneira dos brancos, mais nada.
Entre expedições convocadas para localizar o Marciano, constam participantes do 'Exército Brasileiro e membros da Comissão Rondon' (Cobra, 1923: 145 ), para depois recorrerem ao suspeito coronel Sanches e seus homens, descritos como:
"(...) os mais afamados conhecedores do sertão, tendo à frente o cel. Sanches de Figueiredo, Domiciano Luiz da Rosa e tantos outros; sua opinião não podia ser fructo de um erro de observação; conheciam perfeitamente os hábitos dos silvícolas, por ter dirigido campanha contra elles durante muitos annos! Com que fundamento regressou Sanches affirmando que, a seu inimigo Marciano, o indígena capturara e conduzira para aldeia? Ninguem deu credito a essa balela." (Cobra, 1923: 251 - notas 2).
Com a sumição de Marciano urdiu-se a eliminação de Sanches.
José Antonio Garcia, aliado de Tonico Lista em Campos Novos Paulista, teria encomendado o assassinato do coronel campos-novense, ocorrido aos 22 de fevereiro de 1912 (Jacques Sodré, 1951: 12), sendo conhecidos os assassinos Brasiliano da Silveira Castro, foragido na Argentina, e João Antonio de Campos, preso na localidade de Pereiras (SP), morto na cadeia antes de ir a julgamento (Justiça Pública: réu João Antonio de Campos e outro, Processo 010/1912 de 03/julho/1912, Platina - SP, Arquivos CEDAP/Assis, Referência III C12, Caixa 25/26). 
O crime repercutiu em todo o Brasil e exigiu providências do governo paulista, que então encaminhou para Campos Novos o alferes João Antonio de Oliveira, cognominado 'Tenente Galinha', que se achava comissionado no posto de 'Chefe do Serviço de Captura da Polícia de São Paulo'.
'Galinha' era um famigerado caçador de homens procurados pela justiça ou cometedores de crimes. 
Nogueira Cobra refere-se à presença e objetivos do 'Tenente Galinha' na região, destacando, porém, que além da violência e sem qualquer simpatia granjeada, não apresentou nenhuma solução para o crime, e, sobre ele pesou a suspeição pelo sumiço de 30 mil réis que Sanches guardava em sua casa, num lugar de costume, fruto da venda de terras, sendo improvável que na data de sua morte tivesse ele saído com tanto dinheiro na guaiaca (Cobra, 1923: 233-235). 
Tonico Lista, à época delegado de polícia em exercício, pediu exoneração do cargo (O Município, 27/08/1913: 1). Como autoridade policial teria vantagens em acobertamento dos crimes de seus jagunços, porém seria cobrado pelas autoridades estaduais em solucioná-los, portanto, exonerado, teria maior liberdade em tratar acordos entre seus capangas.
O coronel santa-cruzense livrou-se logo das suspeições, afinal, de um homem como Sanches, que colecionara tantos inimigos, quaisquer que se visse prejudicado, ou a parentela, seria potencial mandante da execução, "(...) e há notícias de que muitos crimes tinham ligação com este assassinato, segundo relatório do Doutor Cobra. (...), entretanto não nos interessa averiguar tais fatos". (Leoni, 1979: 273-274).

— A morte do Capitão José Antonio de Moraes Peixe
O rico fazendeiro José Antonio de Moraes Peixe, ex-suplente de delegado, em 1913 quis rivalizar-se com Lista sendo tocaiado e morto (Rios, 2004: 109-110). 
Moraes Peixe era homem violento. Vinculado ao grupo político 'sodrelista', em 1902 assassinara, por motivo torpe e sob alegação de legítima defesa, um colono seu, português, colocando-se sob a proteção do delegado de polícia, dr. Fernando Eugenio Martins Ribeiro, o alter ego de Francisco Sodré (Correio do Sertão, 06/09/1902).
Em 1913, o capitão Moraes Peixe adquirira de Tonico Lista uma gleba no bairro da Serrinha, a partir das divisas com a zona urbana santa-cruzense (atual rua Conselheiro Saraiva), e abaixo da estrada para Espírito Santo do Turvo, situada entre as hoje ruas Euclides da Cunha e Antonio Mardegan, arrematada por Lista em hasta pública do ausente engenheiro Henrique Kruzmann (DOSP, 13/07/1909: 10).
A propriedade divisava, ainda, com parte extraída da propriedade principal e repassada por Tonico Lista a José Alves de Lara.
Henrique Kruzman, engenheiro residia em Campinas e adquirira a propriedade do capitão Antonio Joaquim Gonçalves [da Silva], conforme consta no Cartório de Registro de Imóveis - SCR. Pardo, antigo Livro 3 F, de Transcrição das Transmissões, dele à fls. 111. Transcrição 1.102 de Livro 4, do ano de 1894 – nº 1.102, de 12 de janeiro de 1894. 
Foram terras originárias da fazenda Santa Cruz, do pioneiro Manoel Francisco Soares. Às áreas urbana e suburbana da propriedade denominou-se 'Chácara Peixe'. Peixe teria invadido parte das terras de Lara, sem se importar que o Lista não toleraria tal intromissão em cima de um amigo. Relatos de Rios dão conta que Peixe tinha uma amante, por nome Avelina, a quem costumava visitar algumas noites, e, numa delas, foi tocaiado e morto, ficando o episódio marcado pois um dos assassinos, ao chutar a cabeça da vítima, arrancou-lhe a peruca: o Peixe era careca (Rios, 2004: 110). 
Oficialmente, e diferente do relato de Rios, o crime ocorreu na madrugada de 20 de setembro de 1913, quando o capitão Peixe, após assistir filme no Cinema São Luiz, dirigiu-se para a chácara, adiante da rua Conselheiro Saraiva, onde residia, quando emboscado e alvejado por tiros, com morte instantânea. Dona Emerenciana, esposa de Peixe, que se achava na residência e um sobrinho que se encontrava no Hotel Peixe - onde viria ser o Hotel Scazzola, ouvindo as detonações se dirigiram para o local, desconfiados de assalto, "porque andavam mais ou menos prevenidos, após o roubo que ha bem pouco fizeram ao cap. Peixe." (Cidade de Santa Cruz, 21/09/1913: 2). 
O mandante do crime seria Lista, conforme documento expedido pelo judiciário santacruzense que:
"(...) com a cumplicidade de seu cunhado Alfredo Antonio Gonçalves, vulgo Nenê Narciso, mandou assassinar ao fazendeiro José Antonio de Moraes Peixe, cujo inquerito está em andamento. Para afastar as suspeitas, Antonio Evangelista da Silva fez uma viagem a S. Paulo, deixando ordens criminosas, que foram fielmente executadas." (O Combate, 03/11/1921: 3 - expediente forense).
Não confundir o citado Alfredo com parente homônimo (CD: A/A).
Lista livrou-se das acusações na época, e posteriormente identificado Joaquim Alves de Lara como o assassino, por ordem do Coronel (A Ordem, 29/11/1921: 2).

— Ondas de violências, atentados e mortes
O coronel Pedro Sylvio Pocay, de Salto Grande, foi morto no ano de 1913, num crime bem engendrado e nunca esclarecido. Para alguns, Pocay intentava ocupar o lugar do coronel Sanches, situação inadmissível por Tonico Lista.
Em 1914 Tonico Lista determinou aos seus capangas, Christalino Rodrigues da Silva e João de Paula Garcia, que invadissem o domicílio do capitão Theodorico José Teixeira Franco, renomado músico local, para agredi-lo fisicamente, ocasião que João de Paula apunhalou vítima, sem causar-lhe a morte (O Combate, 03/11/1921: 3 - expediente forense). 
Num segundo atentado o capitão Theodorico Franco viu-se atacado, numa noite, pouco depois que deixara a Igreja, e o inquérito policial não prosperou. Atribuiu-se o atentado ao grupo de Tonico Lista, considerando o capitão ferrenho oposicionista, situação confirmada em 1921, quando a União dos Artistas de Santa Cruz do Rio Pardo "adheriu ao Partido Municipal, demittindo o regente sictuacionista e acclamando o Capitão Theodorico Franco para o substituir." (A Ordem, 02/06/1921: 1).
Benedicto Carmagnani era credor de Tonico Lista, quantia de 260 réis, e intentou recebe-la, em abril de 1915. Lista sentiu-se irritado e bateu de cacete em Carmagnani que, querendo bater-se em retirada deparou-se com João Evangelista Neto, filho de Lista, de 13 anos de idade, "que empunhava uma garrucha, apontando para a victima." (O Combate, 03/11/1921: 3 - expediente forense).
O coronel Albino Alves Garcia, líder em Bernardino de Campos, divergiu de Lista (Rios, 2004: 114), em 1917, para tornar a localidade vinculada ao recém município de Ipaussu, cujo líder o Coronel Henrique da Cunha Bueno. Lista não temeu investir em atentados contra Alves Garcia (Correio Paulistano, 01/11/1917: 9) e Cunha Bueno, sendo Joaquim Alves de Lara o encarregado dos atos (A Ordem, 29/11/1921: 2).
Expediente forense de Santa Cruz do Rio Pardo (Apud O Combate, 03/11/1921: 3), relata que no mês de fevereiro de 1918, Lista mandou invadir a residência do médico Álvaro Camera que, atemorizado, deixou a cidade. O facultativo recusara dirigir-se até um esconderijo para atender o jagunço Joaquim Alves de Lara, ferido numa emboscada. 
Ainda pelo expediente forense local, no mês de setembro de 1919 certo João Rapello, após concluir seu trabalho nas obras da Igreja Matriz, procurou pelo responsável Tonico Lista para receber o seu dinheiro combinado. O Coronel zangou-se e agrediu verbalmente o cobrador, e depois, tomando o 'rabo-de-tatu' das mãos de um dos presentes, surrou impiedosamente o Rapello, e o "delegado de policia, dr. João Francisco de Oliveira, fez sentir á victma o risco de vida que corria, se insistisse em instaurar inquerito sobre o facto" (O Combate, edição de 03/11/1921: 3 - expediente forense). 

— Mais feridades: o Lista 'ensandecido'
Os expedientes forenses, em forma de relatório, publicados na imprensa, revelam um pouco mais sobre Tonico Lista:
-Em 1º de janeiro de 1920 o coronel, sem revelar motivo, "tentou aggredir, de revólver em punho, o menor Heitor Pimenta, havendo nesse dia intervenção da policia, para que não se consummasse o crime."
-No mês de fevereiro de 1921, Lista "mandou cinco ou seis capangas, armados de carabinas, com o fim de obrigar Severino José de Moura, a sahir com sua familia, das terras que possue no sitio denominado 'Agua do Serrado', onde reside ha 30 annos."
-O relatório finaliza "Que é publicamente indigitado como autor material e moral de inúmeros crimes, violencias e atentados, conseguindo sempre, graças á sua habilidade, furtar-se á acção da justiça". (O Combate, 03/11/1921: 3).
Os predomínios de Lista chegavam a Platina, pós morte do Coronel Sanches, através de seus primos coronéis, Azarias Gomes Ferreira e Joaquim Ferreira de Lima. Também a região de Palmital esteve sob sua influência: "O municipio de Palmital é governado pelos prepostos de Tonico Lista (...)." (O Combate, 21/09/1921: 1-3), onde dividiam mandos José Machado e Cândido Dias de Mello.
Machado e Dias de Mello divergir-se-iam, em 1922, após a morte de Lista, e Mello matou Machado no episódio que ficou conhecido como a 'Guerra dos Coronéis'.
Com o expansionismo de seu poder, o coronel Tonico Lista colecionava ainda mais inimigos e muitos queriam sua morte.

— O caso Foschini/Dr. Giraldes
Em 1919 a reação regional 'anti-Lista' estava forte, com risco de a oposição ganhar o pleito em Ourinhos, pelo oposicionista Fernando Foschini, ligado a Jacintho Ferreira e Sá.
Lista era o prefeito santacruzense e Eduardo Salgueiro em Ourinhos quando, aos 30 de outubro de 1919, véspera das eleições previstas, aconteceu uma tocaia para matar Fernando Foschini, este, porém, reagiu e liquidou um dos seus agressores, um policial, e reconheceu o outro que fugira. A situação, pró Lista, ganhou o pleito eleitoral em Ourinhos, sob as suspeições de fraudes e violências.
Sobre o atentado em Ourinhos as versões são, ainda hoje, divergentes. Para alguns Fernando Foschini teria assassinado um policial desarmado, conforme declaração às folhas 65-verso, em Inquérito Policial sobre a ocorrência (Rios, 2004: 131), e inventado a história de atentado, acreditada por muitos. 
Sob a alegação de legítima defesa Foschini contratou o advogado Francisco Giraldes Filho, decidido a apontar o sobrevivente e revelar o ordenador da tocaia. Lista considerou desaforo o dr. Giraldes aceitar causa contrária aos interesses santa-cruzenses. 
No Clube 21 de Abril, situado no Largo do Jardim - atual Praça Deputado Leonidas Camarinha, em Santa Cruz do Rio Pardo, Tonico Lista ao ser cientificado das pretensões de Foschini e de Giraldes teria ameaçado espanca-los, e tal pronunciamento deu-se nas presenças de Benedicto Xavier e Francisco Vidal.
O coronel repetiria a ameaça em São Pedro do Turvo ao próprio dr. Giraldes, que este poderia ser espancado e Foschini morto, num encontro na residência do dr. Mesquita Barros, onde em discussão a partilha da Fazenda Anhumas, de propriedade da viúva Deolinda Cândida Coelho - cujo marido, João Pedro Teixeira Coelho, teria sido assassinado a mando de Lista. 
Pouco depois o dr. Giraldes foi agredido por João de Paula Garcia e Nabor de Lara Toledo, na gare ferroviária de Chavantes, no dia 18 de novembro de 1919, por ordem de Tonico Lista. Nabor mantinha Giraldes sob a mira de um revolver e um porrete, enquanto Garcia chicoteava a vítima que, após caída, foi violentamente espancada, às vistas de quarenta ou mais testemunhas.
Todos os identificados foram ouvidos em inquérito policial, intencionalmente malconduzido pelo subdelegado, e o chefe político em Chavantes, Ozorio Bueno, avocava para si a intelectualidade e a responsabilidade do crime, para livrar Lista de responsabilidades.
A história revela silentes o judiciário e a segurança pública, aos detalhes e divulgações de cada um dos crimes que muitos atribuíam a Lista, entre 1909 a 1920, quando nem juízes, promotores ou delegados de polícia, nomeados, podiam permanecer na Comarca sem o seu beneplácito.
A situação, no entanto, agravou-se com a morte de Fernando Foschini, noutra emboscada, aos 08 de abril de 1920, sendo Lista suspeito de mando.

— A tríade assassina contra o Lista
Dentre os inimigos de Tonico Lista, o juiz de direito dr. Francisco Cardoso Ribeiro, onze anos depois de ser obrigado deixar, às pressas, a comarca de Santa Cruz, tornou-se o mais poderoso deles, ao assumir as secretarias da justiça e segurança do Estado de São Paulo, no governo Washington Luiz, com poderes suficientes para garantir o triunfo da desforra contra o seu outrora algoz.
"Agora, o antigo juiz expulso de Santa Cruz do Rio Pardo transformou-se em secretário (...) e como ódio velho não cansa, soou a hora da vingança." (Correio da Manhã, 15/05/1922: 2). 
Dr. Cardoso Ribeiro, tão logo 'feito' secretário, buscou para Santa Cruz o judiciário e a segurança pública fortes, com homens de sua inteira confiança e intrépidos nas ações, a tríade de autoridades públicas, juiz, promotor e delegado, nomeadas com desígnio único em prender Lista e destituí-lo do poder, ou seja, conluiadas para satisfazer sua vingança pessoal contra o seu verdugo.
Primeiro cuidou-se na escolha de um juiz, típico 'linha dura' dos dias atuais, intolerante à política do mandonismo característico do coronelismo, que se colocava acima da lei e fazia de sua comarca domínio particular, ou, zona de influências e impunidades, onde como 'prestigioso chefe' tudo podia e fazia acontecer.
A magistratura paulista não ignorava o acontecido ao juiz Cardoso Ribeiro, na comarca de Santa Cruz do Rio Pardo, um ato bárbaro que atingira toda a classe, que lhe era solidária, até para medidas saneadoras, tanto, que diversos juízes, tidos intransigentes, se ofereceram para assumir o lugar, alguns oficialmente manifestos, a exemplos de 'Eduardo Silveira da Mota, de Sarapuí; Alberto Pinto de Moraes, de Ubatuba; Vicente Mamede de Freitas Junior, de Pitangueiras; Arthur Mihich, de Cunha; e Junio Soares Caiuby, de Avaré' (DOSP, 17/08/1920: 4976).
A escolha recaiu sobre Arthur Mihich para a comarca santa-cruzense, 'Decreto de 18 de agosto de 1920 – Pasta da Justiça' (DOSP, 20/08/1920: 5046), para ocupar vaga do dr. José de Mesquita Barros, em licença para tratamento de saúde (DOSP, 05/02/1920: 786), com prorrogação e afinal aposentado por "inválido para o serviço público," (DOSP, 30/07/1920: 4602).
Para a promotoria pública, o governo nomeou o jovem Ricardo Gumbleton Daunt, 'Decreto de 23 publicado a 25/08/1920: 1', numa aguerrida aposta no jovem bacharel de 1919, pela 'Faculdade de Direito de São Paulo', que atraíra atenções de juízes e professores durante a vida acadêmica, pela inteligência, brilhantismo e coragem, além de ideias avançadas e repulsivas ao coronelismo.
A considerar as esperanças em torno de seu nome, a atuação de Daunt como promotor em Santa Cruz, pela imaturidade e desejo em não decepcionar o seu empregador que lhe confiara 'tarefas importantes' foi um desastre, própria de um 'cumpre-vontades' do secretário Cardoso Ribeiro, sempre atencioso às instruções do juiz Arthur Mihich, e fortemente influenciado pelo advogado Ataliba Pereira Vianna, adversário de Lista (Correio Paulistano, 11/04/1922: 7, assinado por Wald, Valdomiro de Pádua Fleury, mais adiante descrito).
Daunt deixou a comarca e removido para Itápolis, Decreto de 24, Justiça, e, pouco depois, exonerado pelo Decreto de 30/11, da Justiça (DOSP publicações de 25/07/1922: 4841 e 02/12/1922: 78770, respectivamente).
Em 1934 Daunt viria se destacar no serviço público estadual, como diretor do Serviço de Identificação do Estado de São Paulo, órgão precursor da Polícia Científica, e um dos pioneiros da datiloscopia no Brasil que, em 1938, revolucionaria o então Instituto de Identificação Criminal do Estado de São Paulo, hoje atual Instituto de Identificação dr. Ricardo Gumbleton Daunt - IIRGD.
Para o cargo de delegado de polícia, o secretário Cardoso Ribeiro nomeou o já temível Coriolano de Araujo Góes, pelo 'Decreto de 19 e publicado aos 21/07/1920: 4413', no lugar do dr. Alfredo Solano de Barros, o qual exonerado, a pedido, de acordo com o mesmo Decreto.
Alfredo Solano de Barros, fora delegado de polícia em Iguape – litoral paulista (1914), e diversas outras localidades do interior paulista, a partir de 1916, até Santa Cruz do Rio Pardo (1920) e tornou-se um dos mais importantes nomes na numismática brasileira (Kurt Prober, 'Moedas falsas e falsificadas no Brasil', 1946: 39, 79, etc, obra extraída dos volumes 37-39 da Separata da Revista do Instituto dos Estudos Brasileiros, 37-39, 1945), autor do manuscrito 'Catalogo de Moedas Brasileiras', 1924 (Kurt Prober, 1946: 79). Foi homem político, sobretudo em Iguape, pela oposição, conforme visto em 1923, para, no ano seguinte, residir no Rio de Janeiro - RJ. 
Coriolano em Santa Cruz se desgastou cedo, pouco mais de um ano a medir forças com o coronel Lista, e se viu obrigado deixar a comarca, removido para Jaboticabal – Decreto de 15 de setembro de 1921.
Cinco anos depois, Coriolano iniciaria seu tempo na história da segurança pública brasileira, no governo federal, já a partir de 1926.

— Mancomunações políticas e jurídicas para suprimir Tonico Lista
Bom conhecedor de Tonico Lista, Cardoso Ribeiro entendia que o judiciário, a promotoria pública e a segurança não seriam suficientes para deter o rival, por isso, a meter-se na política local, unindo os desafetos do coronel na formação de um partido político:
"Foi organizado nesta cidade o Partido Municipal, em opposição ao situacionismo local, mas filiado ao P.R.P. O directorio do novo partido ficou assim constituido: presidente, Arlindo Crescencio Piedade; vice-presidente, Cherubim Dias Chaves; secretario, dr. Ataliba Pereira Vianna: tesoureiro, Saul Ferreira e Sá: membros, dr. Pedro S[oares] Sampaio Doria, Albino Garcia, dr. Flavio Rodrigues, Arnaldo Ornellas de Siqueira, José Epiphanio de Souza, Pedro de Andrade, dr. Julio F [?] Leite, João Daveoti [João Dalmati] e Moyses Nelli ." (O Combate, edição de 17/03/1921: 1). 
 Arlindo Piedade melhor esclareceria:
"(...) que com a posse do dr. Washington Luís a presidência do Estado e conseqüente posse do dr. Cardoso Ribeiro na pasta da Justiça e Segurança Pública, o povo de Santa Cruz tomou o alvitre a organizar um partido político em opposição ao Coronel Antonio Evangelista da Silva, vulgo Tonico Lista, o que foi feito e a que deram o nome de Partido Municipal, sendo, então, o declarante convidado a assumir a presidencia do Directório." (Rios, 2004: 160-162)
Um missivista santa-cruzense, anônimo, não teve dúvidas:
"O dr. Cardoso Ribeiro, no intuito de 'depor', agora, o sr. Antonio Evangelista da Silva usou desse 'truc' muito politico sertanejo, dando mão forte aos inimigos do sr. Antonio Evangelista da Silva e dahi a creação do partido 'opposicionista' local, capaz de escalar o poder." (O Combate, 19/03/1921: 1).
Aos 14 de abril de 1921 o novel partido político em Santa Cruz fazia ressurgir o hebdomadário 'A Ordem' - apenas o nome reaproveitado de homônimo extinguido uma década antes, como o seu órgão oficial, com atraso na circulação inaugural. Na publicação da folha 'A Ordem' de 02 de junho de 1921, constam as razões do seu surgimento e a justificativa para atraso em referida edição:
"Acham-se definitivamente installadas nesta cidade, no Largo da Independencia, as oficinas d'A Ordem e d'A Razão, semanarios respectivamente, da facção dissidente deste municipio e do de Ourinhos, desta Comarca".
Em 1921 o hebdomadário circulou com 'redactores diversos' até que no exemplar ano II nº 61, de 10 de agosto de 1922, consta seu proprietário Teo Franco, sem precisar desde assumida a responsabilidade.
O 'Largo da Independência', hoje inexistente, situava-se na esquina das ruas Marechal Bittencourt, com a coronel Emygdio José da Piedade.
Outro semanário oposicionista, também fundado no ano de 1921, 'O Trabuco', trazia o lema 'Orgão Independente pela Justiça e Liberdade', conforme registro requerido ao prefeito- coronel Antonio Evangelista da Silva, que se dignasse "admitil-os a assignarem o termo de responsabilidade de redactores responsaveis do jornal critico, humoristico e litterario, 'O Trabuco', impresso na Casa Gomes, desta cidade"; expediente assinado pelos associados Benedicto Andrade e Francisco Bressane da Cunha, com deferimento imediato em 14 de junho daquele ano.
O coronel Arlindo Crescencio Piedade, presidente do Partido Municipalista, era colaborador dos dois periódicos, conforme rememoração de 1921, pelo articulista Waldomiro de Pádua Fleury, que assina Wald:
"(...) vive a inventar infamias contra o seu amigo protector e a publicar diatribes nos pasquins 'Ordem' e 'Trabuco', como testa de ferro, visto que, não sabendo escrever, tem apenas um serviço: distribuir os jornalecos atassalhadores da honra alheia e apontar aos beocios como elle uma infamia bem feita (...)." (Correio Paulistano, 11/04/1922: 7, de Valdomiro de Pádua Fleury – Wald, "Panellinhas na justiça – Uma opposição de fancaria – Notas diversas"). 
Arlindo Crescencio Piedade era visto homem sem caráter:
"Este (...), foi durante muitos annos commensal e amigo do coronel Antonio Evangelista a quem deve innumeros obséquios. Para não nos alongarmos, citamos apenas um: A protecção dispensada a Arlindo Piedade Filho...
Este, (toda Santa Cruz o sabe) foi mais que desordeiro: foi perverso. O coronel Antonio Evangelista, embora fugindo á obrigação como chefe, de dó do velho, protegeu o filho quando das aggressões a um pacto negociante e a um negro.
E, agora agradecidos, os dois Arlindos são adversarios e inimigos acirrados do seu benfeitor." (Correio Paulistano, 22/03/1922:7). 
Mas, o 'Partido Municipalista' encontrava apoio no juiz dr. Arthur Mihich, ou este seria, verdadeiramente, o líder político, segundo Avelino Taveiros - redator do semanário 'A Cidade':
"Para agradar aos correligionários, cujos membros do directorio do partido, do qual é chefe - por detrás das cortinas - são seus compadres, então o estrabico juiz se agacha e tudo faz." (O Estado de São Paulo, edição de 02/04/1922: 16, assinado por TAVOS - Avelino Taveiros, do semanário 'A Cidade', Santa Cruz do Rio Pardo, 30/03/1922)." 
O juiz Mihich era fortemente vinculado ao advogado Ataliba Pereira Vianna, também 'Curador-Geral de Órfãos e Ausentes da Comarca', ambos cúmplices nos julgamentos de interesses, segundo denúncias da época, informadas por Wald: "Infelizmente, porém, todas essas miserias encontram apoio na pessoa do dr. Mihich, que, formando nas hostes da opposição, faz tudo quanto quer o meninote Ataliba Vianna (...)." (Correio Paulistano, 11/04/1922: 7).
O Wald igualmente atacou o promotor público, Ricardo Gumbleton Daunt, como useiro e vezeiro recorrente aos aconselhamentos do advogado Vianna: "O promotor, então, esse é cousa sua. Como é um incompetente, consulta Ataliba Vianna a todo o momento, escrevendo, este, muitas vezes, o parecer que elle deve dar (...)." (Correio Paulistano, 11/04/1922: 7).
Ataliba Pereira Vianna, graduou-se em Direito no ano de 1916(250), chegou a Santa Cruz do Rio Pardo em fevereiro de 1918, nomeado 'Curador-Geral de Órfãos e Ausentes da Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo' (Correio Paulistano, 16/02/1918: 1), mantendo-se no cargo até os tempos do juiz Arthur Mihich. 
Waldomiro Pádua Fleury, o Wald, foi colunista em jornais de São Paulo, citados: 'A Gazeta', 'O Combate', Correio Paulistano, etc; além da autoria de obras como 'Butantã da Política' (1929) e 'Lavando a Roupa Revolucionária' (1931); diretor fundador do 'Jornal da Manhã' (1927) associado a Waldomiro Neves; e diretor fundador do jornal 'O Povo' (1930); também funcionário público estadual, escrevente de delegacia de polícia, Segurança Pública, solicitou demissão em 1920; e residiu em Santa Cruz do Rio Pardo, por cinco meses. (Correio Paulistano, 22/03/1922: 7, informação dada pelo próprio Wald).
O citado Waldomiro Neves, respondeu pela Coletoria Federal em Ourinhos, exonerado a pedido em 1922, depois visto residente em Óleo no ano de 1924. (Correio Paulistano, edições de 04/10/1922 e 20/11/1924, respectivamente).
O jornal 'O Estado de S. Paulo', relembrando acontecimentos santa-cruzenses entre março de 1920 a julho de 1922, publicou "A verdade dos factos - Santa Cruz do Rio Pardo", assinada pelo santa-cruzense F. de Assis: 
"Mancommunados assim o juiz, o promotor e o delegado de policia, influindo francamente na formação de um partido opposicionista, o plano teve principio: vencer, o coronel Evangelista, de qualquer forma. Fundouse um jornal de opposição, com o titulo d'O Trabuco, em cujas columnas se annunciava a morte do chefe governista."
Ignorado quem o assinante F. de Assis, sendo encontrados os possíveis subscritores, José Fermino [Firmino] de Assis; Lindolpho Ferdinando de Assis; e Francisco Fermino de Assis; todos residentes em Santa Cruz, da mesma família, e, pelo menos os dois primeiros, pai e filho, envolvidos na política local - vereadores. Desde 2020 se sabe Lindolpho Ferdinando de Assis o F de Assis.
F. Assis apontava para o dr. Ataliba Pereira Vianna:
"Um advogado da opposição, actual chefe governista de Santa Cruz do Rio Pardo, dias antes do assassinio do coronel Evangelista, proclamava em um vagão da “Sorocabana” que a vida do “Tonico Lista” estava por um fio. E emquanto annunciava o assassinio do adversario, o dr. Doria pedia garantias de vida ao dr. Cardoso Ribeiro. Era o lobo a vestir-se com pello de cordeiro, porém deixando a ordem [de fora]." (O Estado de São Paulo, 14/12/1922: 20).
O jornal 'O Combate' (14 /03/1925: 2), ratificou F. de Assis, ao citar o Ataliba Vianna chefe político santa-cruzense. 
Quanto ao coronel Arlindo Piedade, este teria razões para opor-se ao Lista, posto acusado na morte do seu irmão, Emygdio José da Piedade Filho, no entanto, por estranho que possa parecer, manteve-se unido ao suspeito (O Combate, 19/03/1921: 1), por medos, interesses ou, sabe-se lá o que.
Lista foi o mandante da morte de Emygdião, muitos sabiam, porém, por temor, calados. Apenas o facínora Ozório Alves de Lara categorizaria no julgamento de Lista no 'Caso dos Irmãos Rocha', denunciando:
"Que foi o Coronel Antonio Evangelista da Silva o autor da morte de Emygdio Piedade Filho, mas, que não foi processado porque era chefe, e mandava na Justiça, e, em tempo, os jurados eram seus (...). Não depos isso na ocasião do [facto] por falta de garantias." (O Estado de São Paulo, 25/08/1921: 10, Defesa do Coronel Antonio Evangelista da Silva, Processo Crime - dos autos - 'O Caso dos Irmãos Rocha') 
Pelo mesmo Ozório Alves de Lara a grave revelação, que em nada interessava aos opositores de Lista: 
"(...) ao tempo do assassínio de Emygdio Piedade Filho, o juiz de direito de Santa Cruz era o DR. CARDOSO RIBEIRO, actual secretario da Justiça, pessoa que a opposição não tem em vista atacar (...)." (O Estado de São Paulo, 25/08/1921: 10, (...) - 'O Caso dos Irmãos Rocha'). 
O secretário Cardoso Ribeiro e o coronel Arlindo Crescêncio Piedade, aproximados talvez por interesses comuns de vinganças e numa mesma grei política, sabiam que, para qualquer viabilidade político-partidária em Santa Cruz, Tonico Lista teria que ser supresso, a qual preço fosse, e o mistério do seu assassinato encerra-se nessas combinações entre Ribeiro e Piedade. 

— O delegado Coriolano no encalço de Lista
O delegado Coriolano assumiu as investigações contra o Antonio Evangelista da Silva.
Doravante o coronel teria contra si acusações de outros quinze processos de crimes de morte e atentados, todos desarquivados, alguns provavelmente forjados, outros refeitos, e, mesmo dentre os extintos, aqueles de maior impacto, com testemunhos seguros.
Três averiguações foram destacadas nos quais o Lista figuraria mandante: o espancamento ao dr. Francisco Giraldes Filho; o assassinato de Foschini; e o assassínio de José Rocha.

— O espancamento do dr. Giraldes 
Sobre o espancamento do dr. Giraldes, o delegado de imediato separou-o do 'Caso Foschini', e descartou Ozorio Bueno como mandante ou que este tivesse, de espontânea vontade, prestado favor ao seu chefe, para assim fazer recair a culpa diretamente sobre Tonico Lista, dr. Américo Paranhos e Francisco Rodrigues Costa.
Para esta linha de raciocínio, dr. Coriolano fundamentou-se nas declarações da vítima e no testemunho de Eufrazina Silva Brito, a 'dona Nenê', que teria presenciado conversas dos indiciados e a ameaça dada por Lista.
O promotor público Ricardo Gumbleton Daunt ofereceu denúncia contra: "Antonio Evangelista da Silva, dr. Américo F. Paranhos e Francisco Rodrigues Costa, presidente, secretario e membro do directorio situacionista local, respectivamente, assim como Nabor Lara Toledo e João de Paula Garcia)." (O Combate, de 27/04/1921: 1).
Para a promotoria pública era evidente a participação dos membros do diretório perrepista local na decisão do espancamento a Giraldes.
Lista debateu-se exaustivamente sem se livrar da suspeição de mandante do atentado.
Situação agravada.
Dr. Giraldes constituiu o dr. Ataliba Pereira Vianna, seu patrono para atuar junto ao Ministério Público no processo crime contra Tonico Lista e outros, como responsáveis pelo seu espancamento em Chavantes (O Combate, 04/05/1921: 3).
O judiciário pronunciou o coronel, pelo espancamento de Giraldes:
"O juiz de direito da comarca de Santa Cruz do Rio Pardo, dr. Arthur Mihich, ponderando mui criteriosamente todas as provas accumuladas contra o conhecido mandão, pronunciou Tonico Lista e seus capangas Nabor de Lara Toledo e João de Paula Garcia, (...). E consequentemente ordenou referido juiz fossem extraídos mandados de prisão contra os réus, arbitrando ao mesmo tempo em 1.000$000 a fiança provisoria com relação ao mandante e 300$000 para os executores." (O Combate, 18/07/1921: 3). 
Lista recorreu da sentença e livrou-se do caso do espancamento do dr. Giraldes, quase ao mesmo tempo em que promotoria pública oferecia nova denúncia contra o coronel, no assassinato de José Antunes da Rocha.

— Foschini assassinado
O delegado Coriolano intentara, em vão, envolver o Tonico Lista no crime perpetrado contra Foschini, todavia sem provas decisivas, quando já presos, por ordem judicial, os suspeitos mandantes, intermediários e executores, aguardando julgamento: Eduardo Salgueiro - prefeito; José Antonio Rabello - o vice-prefeito; Affonso Salgueiro - 1º Juiz de Paz; e João Rodrigues Junior - vereador; todos residentes e domiciliados em Ourinhos, e mais os executores Francisco da Silva Coelho - 1º delegado suplente no lugar, e o facínora José Manoel de Avilla.
A oposição, contudo, não deu tréguas ao coronel, anunciando-o autêntico mandante da morte de Fernando Foschini. Também, atacaram através da grande imprensa e em jornais locais os advogados defensores de Lista, nomes ilustres, pela coragem em defender um assassino.
Lista contratara os melhores causídicos do país para sua defesa: o dr. Julio Prestes, o dr. Altino Arantes - a seus tempos chefes do governo paulista; e mais o dr. Raphael Corrêa de Sampaio, professor e um dos maiores nomes em Direito no Brasil, além de atuante deputado federal. Atuava na lide, ainda, o santa-cruzense dr. Pedro Camarinha.
O coronel viu-se excluído do caso Foschini, porém os acusados mandantes foram condenados a vinte e um anos de reclusão e os executores a trinta anos (A Ordem, 02/06/1922: 1-2, reportagem própria e transcrições de jornais da capital), depois absolvidos num segundo júri aos 24 de novembro de 1922, também em Santa Cruz, presidido pelo mesmo juiz , dr. Arthur Mihich. A apelação do promotor público não reformou a segunda sentença.
Lista já estava morto e não havia interesse em manter presos aqueles que, certamente, dele recebiam ordens.
Frustrado, por não levar Tonico Lista ao banco dos réus, dr. Coriolano se viu denunciado em forjar provas, forçando confissões dos presos ao advogado Francisco Sodré Filho, que o coronel Lista recomendara a morte de Foschini.
A denúncia obrigou o delegado Coriolano buscar formal e testemunhado desmentido dos presos, expediente feito registrado aos 30 de maio de 1921, no 'Cartório de Registro Geral, Livro 1A, Registro de Títulos, folhas 460 nº 1032' (A Ordem, 02/06/1921: 3, referência).
O estrago estava feito, e Coriolano, desgastado foi removido para Jaboticabal, por Decreto de 15 de setembro de 1921, e, em seu lugar, pelo mesmo Decreto, nomeado o dr. Victor Brenneisen (DOSP, 17/09/1921: 5721). Coriolano, no entanto, conseguira incriminar Lista no assassinato de José Rocha, ocorrência de 1919, que entendera ser trama do coronel para eliminar desafetos inconvenientes, e então promover a seleção de diligências, em adequação e sintonia com o juiz Arthur Mihich e o promotor Ricardo Gumbleton Daunt. 

— A morte de José Rocha
Os irmãos Rocha eram capangas de Tonico Lista; os irmãos Lara ou Ludovico, também. Atritaram-se, com juras e mortes, desconhecidas as razões.
Em 19 de fevereiro de 1918, Joaquim Ludovico, ao deixar seu esconderijo, com destino a Santa Cruz, sofreu um atentado por parte dos irmãos Cyrillo e José Rocha; sobreviveu ferido.
A 28 de abril de 1919 Joaquim Ludovico emboscou e feriu de morte a José, e ileso o Cyrillo, por não passar pelo caminho.
Lista estaria se livrando dos antigos companheiros, diziam os adversários, mas ambas as famílias continuaram a seu serviço até 1922, quando morto.
Tanto os Lara quanto os Rocha continuaram eliminando-se, por rixas. Com a morte de Lista continuaram exercentes dos mesmos serviços, então para outros mandantes ou por si mesmos. 
Alguma lembrança da causa. Tudo começara numa briga ordinária de botequim, entre José Bispo e José Alves de Lara – apelidado Juca, no comércio de João Máximo, próxima do Chafariz (Rios, 2004: 121-124).
Bispo e Máximo eram parentes, descendentes de João Antonio Justino - ou João dos Santos, coofundador de Ipaussu, sendo José Bispo, tipo simplório, a apregoar que sua família fora destituída da herança de Justino pelos ladrões de terras.
Numa das falações de Bispo, o Juca sentiu-se ofendido e surrou violentamente o arengador, com um cabresto às mãos. Juca teria, ainda, desafiado qualquer defensor ou ofendido pelo seu ato, que lhe viesse tirar satisfações.
Os irmãos Rocha: Cyrillo, José, Laurindo e Pedro, filhos de Julio Antunes Rocha, resolveram interpelar o agressor Juca Lara, que não sustentou a provocativa dada, e a humilhação sofrida, despertou ira da família Lara, conhecida como Ludovico, contra os Rocha, principalmente de Joaquim Lara que vivia em lugar incerto, desde que assassinara o José Antonio de Moraes Peixe, em 1913.
As famílias Rocha e Lara [Ludovico] atritaram-se, com juras de mortes. Em 19 de fevereiro de 1918 Joaquim Ludovico, ao deixar seu esconderijo com destino a Santa Cruz, sofreu um atentado por parte dos irmãos Cyrillo e José Rocha.
A vítima sobreviveu e, por ordem de Lista, conduzido em segurança até o Estado do Paraná, para sua recuperação, enquanto os irmãos agressores homiziaram-se na fazenda Mandaguahy – propriedade do coronel Lista.
Lista, percebível, dividira-se nos cuidados aos díscolos.
Os irmãos Rocha então evadidos, compareceram para julgamento e absolvidos pelo tribunal do júri, com apelação da promotoria, aguardando em liberdade a decisão do 'Tribunal de Justiça de São Paulo', a 10 de abril de 1919, que os mandou a novo julgamento, expedindo mandado de prisão.
Desconhecendo a decisão do Tribunal, os irmãos Rocha, José e Cyrillo, vieram para Santa Cruz nas eleições de 28 de abril de 1919, certos que não podiam ser presos conforme lei eleitoral, exceto flagrante delito ou mandado judicial. O advogado Americo França Paranhos avisou-os que se retirassem, para se apresentarem apenas às vésperas do júri, pois contra eles havia ordem de prisão.
José Rocha retirou-se e, no retorno para onde acoitado, sofreu emboscada e ferido de morte, a buscar socorro na residência de Antonio Paulista, revelando o autor do disparo antes do óbito.
Cyrillo saiu-se ileso, por adiamento da viagem ou tomado outro caminho.
Dos autos processuais, não necessariamente o acontecido, nem os motivos, mas o que oficialmente consta nos autos revelam trama urdida:
"A justiça criminal de Santa Cruz do Rio Pardo continua, impavida, a cumprir o seu dever, no proposito de dar o merecido castigo aos crimes praticados a mando de Antonio Evangelista da Silva, mais conhecido por Tonico Lista. Não há muito foi este pronunciado pelo juiz de direito dr. Arthur Mihich, como mandante da aggressão soffrida pelo dr. Francisco Giraldes, conforme noticiamos detalhadamente. Agora é o promotor publico da comarca que offerece denuncia contra o mesmo mandão, por ser acusado, de accordo com o inquerito policial, como mandante da tocaia a que succumbiu José Antunes da Rocha (...)." (O Combate, 05/08/1921: 1).
O promotor público da comarca, firmado em inquérito policial, fizera denúncia contra o coronel Lista, Joaquim Alves de Lara [Ludovico] e Octavio Alves de Lara [Ludovico], por deliberação e execução de atentado no qual morto José Antunes da Rocha e sobrevivido o irmão Cyrillo.
Consta nos autos o fato ocorrido a 28 de abril de 1919 (O Combate, 05/08/1921; Correio Paulistano 07/09/1921: 10-11), à época das eleições para deputados, por volta das seis horas, numa estrada, entre a sede do município e a Fazenda Mandaguahy, e por ela seguia o José Rocha, a cavalo, quando atacado e ferido por arma de fogo, ocorrendo-lhe o óbito horas depois.
Os irmãos Joaquim e Octavio Alves de Lara ou Ludovico, foram autores da tocaia, e o tiro disparado por Joaquim Ludovico.
O Octavio, embora portando revólver, não fez uso do mesmo, pela desnecessidade, pelo tiro certeiro do irmão, solicitando sua impronúncia, porém rejeitada, pois estava junto ao assassino, pronto para ações, em caso de necessidade, além da razão que a emboscada estava igualmente preparada para Cyrillo Antunes da Rocha, irmão de José, que por alguma razão mudou o percurso e não passou pelo local.
Talvez não bem esclarecido nos autos, a denúncia traz que Tonico Lista habilmente se valera da inimizade das duas famílias, instigadas pelo próprio coronel, os irmãos Joaquim e Octavio Ludovico, teriam desempenhado incumbência conferida pelo coronel Lista, malcontente com os irmãos Rocha.
A 19 de fevereiro de 1918, Joaquim Ludovico sofrera atentado por parte de José e Cyrillo Rocha, na estrada da Usina - hoje Usina Velha, escapando gravemente ferido. Lista o mandante, via Antonio Gonçalves - Nenê Narcizo, desgostoso com os Ludovico.
Este caso gerou outro episódio. Joaquim, levado para um esconderijo na região paranaense de Ribeirão Claro, necessitou de cuidado médico, porém o clinico Álvaro Camera, de Santa Cruz do Rio Pardo, procurado, se recusou seguir até o local onde se encontrava o ferido, e o coronel Lista, enfurecido, ordenou invasão à residência do médico, e este, atemorizado ou por ordem recebida, abandonou o município (O Combate, 03/11/1921: 3).
O Lara sobrepôs-se aos ferimentos e refugiou-se na Colônia Mineira - atual município paranaense de Siqueira Campos.
Se efetivamente Lista estava se desfazendo de antigos companheiros, que podiam comprometê-lo, isto corroborava a tese do delegado Coriolano. 
Lista, por carta anexada ao processo, chamara o Joaquim Ludovico de volta a Santa Cruz, sem o declarado motivo, que ficou a cargo para o 'Nenê Narciso' esclarecer, pessoalmente. Três dias depois de longa viagem a cavalo, o convocado foi recebido por Lista, recebendo um boné, armas de fogo, sendo uma delas espingarda, e munição para matar os irmãos Rocha, os quais Tonico se encarregaria de fazê-los passar por determinado local onde ocorreria a ação.
Combinação ajustada, Tonico Lista enviou seu empregado José Adorno da Silva, conhecido por 'Zé Adão', à procura de José Rocha, que este e o irmão Cyrillo viessem ao encontro com o chefe, ainda à véspera da eleição para deputado, sem o perigo de prisão, por disposição legal eleitoral que nenhum eleitor poderia ser preso, exceto em flagrante ou mandado judicial. 
Nada dito sobre o encontro, se ocorrido ou não. 
Encerrado o pleito e já transmitida possível ordem, o coronel teria sugerido aos irmãos Cyrillo e José que voltassem para a fazenda Mandaguahy, ou para a chácara de Zé Adão, que os acompanharia na jornada.
Isto evitaria que, finda a lei eleitoral, não fossem presos em razão da tentativa de homicídio contra Joaquim Lara ou Ludovico, ocorrido em fevereiro de 1918, e assim frustrar o plano ou ordens dadas a eles. 
Cyrillo resolveu permanecer na vila, dissera ao amigo Godofredo Negrão, enquanto José, aceitando a recomendação partiu, e pouco depois chegava a notícia de sua morte.
Para o promotor e o delegado era certo que Lista, em 1918, incitara José e Cyrillo a matarem Joaquim Alves de Lara ou Ludovico, e depois, em 1919, resolveu que os irmãos Ludovico - Joaquim e Octavio, matassem Cyrillo e José Antunes da Rocha, livrando-se o primeiro da tocaia.
O delegado Coriolano, apurada a procedência das suspeitas que Lista seria o mandante, reabriu o caso, quase dois anos já decorridos e o processo paralisado, juntando e acrescendo 'provas robustas', para que a promotoria pudesse denunciar o coronel:
"(...) incurso na sancção do artigo 294 paragrapho 1º do Codigo Penal, combinado com o artigo 18 paragrapho 2º do mesmo Codigo; Joaquim Alves de Lara, a sancção do artigo 294 paragrapho 1º combinado com o artigo 18 paragrapho 4º; e finalmente, Octavio Alves de Lara na do artigo 294 paragrapho 1º combinado com o artigo 21 paragrapho 1º-." (O Combate, 05/08/1921: 1 – transcrição). 
Os autos subiram ao juiz Arthur Mihich:
"Em consequencia das ponderações que ahí ficam expendidas e em face do auto de corpo de delicto de fls. 9, auto cadavérico de fls. 28; confissão dos mandatários de fls, e fls,, depoimentos de testemunhas do summario e documentos constantes do ventre dos autos, julgo procedente a denuncia de fls. contra os reus Antonio Evangelista da Silva, Octavio Alves de Lara e Joaquim Alves de Lara, para pronuncia-los como os pronuncio como incursos no artigo 294 paragrapho 1º do Cod. Penal, sendo Antonio Evangelista da Silva como autor intellectual do delicto (art. 18, paragrapho 2º), Octavio Alves de Lara e Joaquim Alves de Lara como autores physicos do delicto (art. 18, paragrapho 3º e paragrapho 4º), respectivamente. Remettam-se os autos ao cartório de jury, cujo escrivão passará os mandados de prisão contra os reus e lançará seus nomes no ról dos culpados; pagas as custas afinal. Santa Cruz, 6 de Outubro de 1921. - Arthur Mihich -".
Transcrição, a pedido, datada de 12 de outubro de 1921, pelo então escrivão do júri, Julio Ferreira Leite (O Estado de São Paulo, 03/11/1921: 6)
Quanto à pronuncia, o juiz Arthur Mihich fundamentou:
"Para a pronuncia bastam indícios veementes, ou equivalentemente muitos indicios remotos que constituam um motivo ordinario de suspeita (João Mendes, O Proc. Crim. Braz. v.2, pag. 201); e isto porque, como observa Paulo Pessoa, assim como a impronuncia não importa decisão acerca do facto criminoso imputado ao reu e da qual resulta ficar elle innocentado, assim como tambem a mera pronuncia não importa a declaração de ser elle o verdadeiro criminoso; uma ou outra coisa só o faz a sentença final, em processo convenientemente discutido, e onde as provas da innocencia e da criminalidade sejam devidamente pesadas (Cod. do Proc. Crim. [Código do Processo Criminal – Paulo Pessoa] nota 1045)." (O Estado de São Paulo, 03/11/1921: 6).
Uma carta de Cyrillo Antunes da Rocha, datada de 02 de abril de 1922, revela o seu relacionamento com o coronel Lista, a respeito dos acontecimentos que vitimara seu irmão José Antunes da Rocha:
"(...) não acredito, como jamais acreditei, que aquelle coronel fosse o mandante do assassinio covarde, infame e traiçoeiro do meu inditoso irmão José Rocha, tão cedo roubado ao carinho de sua esposa e filhos pela mão mercenária de um vulgar assassino." (O Estado de São Paulo, 21/04/1922: 9, original 'Cidade de Santa Cruz').
A rixa entre os Rocha e Lara - ou Ludovico prosseguiria ainda. Em outubro de 1922, Cyrillo feriu gravemente a Armando Lara, nas eleições em Santa Cruz do Rio Pardo (A Gazeta, 19/12/1922: 1).

— Prisão de Lista
Regras políticas da época, o prefeito era o escolhido ou eleito pela câmara municipal, quando da formação de sua mesa, escolha do prefeito e renovação, ano a ano, dentro da legislatura.
O prefeito eleito ou escolhido não podia se ausentar do município, além de determinado período, sem licença camarária, mas ninguém se importava com isto, o elegido era sempre o chefe político ou alguém por ele indicado.
Lista, prefeito em 1921, na mudança da família para São Paulo, permanecera por mais tempo na capital do estado, acima do legalmente permitido, sem a oficialização devida para o vice ocupar a chefia do executivo em seu lugar.
Então, denunciado pela oposição, recebeu alerta de companheiros para reassumir o cargo, sob pena de perda do mesmo, e, assim, desembarcou na estação ferroviária local, aos 09 de outubro de 1921, quando preso por ordem do Juiz Arthur Mihich, considerando despacho de pronúncia em 06 dos mesmos mês e ano, mantido em sigilo.
O acontecimento alcançou manchetes e notícias nos principais jornais da grande imprensa e dos hebdomadários locais, 'Cidade Santa Cruz' - situacionista; 'Trabuco' - oposicionista e satírico; e 'A Ordem' - porta-voz da oposição política.
Lista, por meio de seus advogados, recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo, pelas contradições entre as testemunhas, insuficiência de provas, interpretações descabidas e a inclinação, em primeira instância, para sua condenação.
Patenteou-se que o juiz Mihich, no afã em prender e condenar Lista, revisara todo o corpo de jurados, excluídos em massa aqueles que não podiam obedecer às determinações em punir o coronel, entre eles os escrivães, médicos, advogados e os mais importantes fazendeiros do município, deixando com isto somente aqueles políticos filiados ou vinculados com a oposição perrepista. (Correio Paulistano, referência, 07 de setembro de 1921: 10).
O juiz da comarca de Santa Cruz do Rio Pardo cometera um erro que foi a revisão no corpo de jurados, sob o pretexto de elevação do nível - preceitos da 'Liga da Defesa Nacional', com isso descartados aqueles suspeitos partidários do coronel, ou seja, para os advogados de Lista no quadro dos jurados estavam apenas os declaradamente contrários ao réu.
Outro deslize do magistrado da comarca, assentado pela defesa do coronel e reconhecido pela própria grei municipalista, foi a sua parcialidade no caso, porém justificada como ato de boa fé:
"Apontava-se como traço de parcialidade do juiz o ter negado uma pergunta aos advogados do recorrente. Negou é facto. Mas porque negou? Elle o declara: porque a pergunta não se referia a facto, que tivesse reportado pela testemunha. Foi um erro crasso de juiz, pois, o regulamento de 1871 é expresso: "O juiz só póde negar a pergunta quando ella não se relacione com os factos expostos na denuncia ou queixa". Pouco importa que ella não se refira aos factos narrados pela testemunha. Uma vez que se relacione com o que está na denuncia a pergunta não póde ser recusada. O fundamento que se deu, embora errôneo, patenteia a boa fé desse magistrado." (O Combate, 06/12/1921: 1).
O argumento do juiz Mihich que para a pronuncia bastavam indícios veementes, etc, foi desconsiderado pelo TJ-SP: "Affirmou o sr. relator que, para a pronuncia, em caso de mandato criminal, é necessário prova cabal da autoria intellectual, attribuida ao denunciado." (O Combate, 02/12/1921: 3, relator Paula e Silva).
 Em tais considerandos e outros, o Tribunal de Justiça, considerou respeitáveis os argumentos da defesa, expostos nos autos, anteriores ao pronunciamento (Correio Paulistano, transcrição, 07/09/1921: 1 e 3 ) e o coronel, aos 05 de dezembro de 1921 se viu livre da sentença condenatória, despronunciado e em posto liberdade, atuando a seu favor os advogados Altino Arantes, Julio Prestes e Raphael Sampaio.
Lista recuperou o cargo de prefeito e reassumiu as funções de chefe partidário. Retornou forte na política local, reorganizou o partido para as eleições de 29 de abril de 1922, aos cargos de deputados e senadores do estado.

— O tiroteio defronte à Câmara Municipal
O despronunciamento de Lista, e, consequentemente, sua liberdade, trouxera preocupações aos correligionários quanto a possibilidade de algum atentado contra o líder.
A oposição tinha a certeza que tal ataque ocorreria.
Lista tranquilizava os companheiros e desprezava os adversários, através de publicações na imprensa, da capital e interior, inclusive local:
"Quanto ao meu assassinato, que os nossos inimigos pregam e propalam pelas esquinas e pela imprensa, peço aos meus correligionários que não se preocupem com isso. Eu não temo essas ameaças, nem lhes dou ouvidos." (Cidade de Santa Cruz, 19/12/1921, sob o título 'Aos meus companheiros').
Ainda que a aparente tranquilidade expressa pelo coronel, os dias antecedentes ao pleito de 1922 mostravam-se extremamente agitados. O semanário 'O Trabuco' trazia ameaça à integridade física do chefe político situacionista, rechaçadas por Avelino Taveiros através da folha 'A Cidade', até com preterição.
Na data anterior à votação os eleitores já haviam sido arrebanhados e postos no denominado 'curral' onde permaneceriam aguardando o momento de votação, e, na manhã 29 de abril, a fila estava grande para o sufrágio e, "em dado momento, os revolvers e as facas foram postos em scena" (Correio da Manhã, 15/05/1922: 2), claramente um primeiro tiro em direção ao Lista e daí enfrentamento generalizado entre as partes, resultando mortos e feridos. O coronel escapou ileso.
Apesar da prenunciada violência, nenhuma providência tomada pelas autoridades para evitações, não desarmando as partes adversárias, e contaram-se os mortos: João Cunha, Antonio Andrade e João Paula Garcia; e os feridos Chrystalino Rodrigues da Silva, Aristides Rodrigues da Silva, Armando Alves Lara, Manoel Claudino de Oliveira, Arlindo de Castro Carvalho e João Porto.
Os adversários, naturalmente, divergiram-se quanto aos antagonistas: "A oposição nos atacou havendo mortes e feridos. "(...). A provocação partiu do dr. Ataliba Vianna (...)." (Correio Paulistano, 30/04/1922: 4), telegrafou o Lista ao presidente do Estado de São Paulo, quase de imediato aos acontecimentos, requerendo urgentes providências.
A oposição, na mesma data, pelo advogado dr. Ataliba Pereira Vianna - secretário do Partido Municipal, também comunicara a mesma autoridade: "Antonio Evangelista da Silva, presidente do directorio situacionista, á porta da casa da eleição, com mais de cincoenta capangas, impede a entrada dos eleitores do partido municipal, a tiros de revolver, havendo varios mortos e feridos." (Correio Paulistano, 30/04/1922: 4).
Do ocorrido, o delegado da polícia regional de Botucatu, dr. Affonso Celso de Paula Lima, telefonou na noite de 30 de abril para o secretário da justiça e segurança pública estadual, Cardoso Ribeiro, informando que a situação em Santa Cruz estava sob controle: "O delegado de Santa Cruz do Rio Pardo não julgou necessario que se transportasse áquella cidade o delegado regional." (Correio Paulistano, 30/04/1922: 4).
As primeiras prisões foram efetuadas, segundo expediente assinado pelos delegados dr. Affonso Celso de Paula Lima, da Regional de Botucatu, e o dr. Victor Brenneisen, de Santa Cruz do Rio Pardo:
"Já foi concedida a prisão preventiva de Evaristo Ferreira Sousa, autor da morte de Antonio Andrade; de João Fleury, autor da morte de João Paulo Garcia; de Aristides Rodrigues Silva e João Machado Silva, autores da morte de João Cunha; e de Cyrillo Antonio Rocha, autor dos ferimentos graves em Armando Alves Lara. Foi negada a prisão preventiva de Antonio Evangelista da Silva, [também as de] Durvalino Oliveira Silva e Gustavo Antonio Silva, continuando o inquerito regulamentar." (Correio Paulistano, 07/05/1922: 3).
Também presos Rachid de Queiroz, José Rachid de Queiroz, Gustavo Antonio da Silva, Chrystalino Rodrigues da Silva e Arlindo de Castro Carvalho.
Outros nomes seriam acrescidos ao rol de acusados, todos julgados e absolvidos a 10 de outubro de 1925, com apelação da promotoria para o Supremo Tribunal Federal - STF.
O STF decidiu por novo julgamento ocorrido em 24 e 25 de novembro de 1927, sendo os réus absolvidos no crime comum, porém condenados por cometimento de crime político, cabendo a Evaristo Ferreira de Souza, Chrystalino Rodrigues da Silva, Rachid Queiroz, João Fleury, João Machado e Aristides Rodrigues da Silva, pena de quatro anos de prisão cada, e aos réus Arlindo de Castro Carvalho, Gustavo Antonio da Silva e José Rachid Queiroz, dois anos e seis meses (Diario Nacional, São Paulo, 26/11/1927: 2).
Nova apelação, agora dos condenados por crimes políticos, então de novo julgados, absolvidos e soltos, conforme sessão de 21/07/1928 (Diario Nacional, 22/07/1928: 4).
Lista prestou declarações, justificou-se, e incriminou a oposição, enquanto o chefe da oposição, coronel Arlindo Crescencio da Piedade, Juiz de Paz, culpou a situação.
Não se conhece, documentalmente, qualquer providência do Governo do Estado de São Paulo, pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública, tenha enviado tropa militar a Santa Cruz do Rio Pardo, no sentido de garantir a ordem pública.

— Antevendo o final de Lista
O coronel colecionara sem número de inimigos dentro e fora de Santa Cruz, não somente os políticos que bem poderiam atentá-lo, mas, ainda aqueles que se sentiam prejudicados por ele, os desapossados de propriedades, os vingadores de famílias contra malfeitos, violências ou mortes encomendadas, e até os magnicidas.
Motivos e interessados não faltavam, o coronel sabia disto e sentia-se acuado, no entanto, não podia deixar Santa Cruz para viver com a família, estratégica e antecipadamente retirada para São Paulo (O Contemporaneo, 12/06/1919: 2, revelação, quando a mulher e filhos em visita a Santa Cruz, hospedados em casa de amigos, nas férias escolares de inverno; e Correio Paulistano, 27/06/1920: 5 os filhos em Santa Cruz nas férias de inverno), tão logo consumada a indicação de Washington Luis para a presidência do governo paulista, ciente que o juiz de direito Francisco Cardoso Ribeiro seria o secretário das pastas unificadas da Justiça e Segurança Pública. Ataliba Leonel lhe alertara. Em 03 de fevereiro de 1922 compraria uma casa à rua Itambé nº 6 (Correio Paulistano, 04/02/1922: 7), pensando em deixar o município findo o seu mandato, por isso se desfazendo de alguns de seus bens.
Desde a posse de Washington Luiz no governo paulista, em 1920, e o juiz Cardoso Ribeiro nomeado secretário para as pastas das secretarias da Justiça e Segurança Pública, os dias do coronel Tonico Lista tornaram-se aflitivos.
Ainda assim, procurava tranquilizar seus correligionários, pessoalmente e através de publicações na imprensa local e da capital, afirmando não temer os adversários e inimigos.
Depois fora preso em 1921, quase dois meses na cadeia, para livrar-se por elevado preço.
Aparentemente o Lista não sabia da ordem de prisão, contra ele emitida, apenas que adversários desejavam tirar-lhe o cargo de prefeito.
Pouco depois, em abril de 1922, o maior recado que seus opositores podiam dar, um atentado fracassado no emblemático tiroteio defronte à Câmara Municipal. Poderiam tê-lo morto.
Seguinte ao tiroteio, dentre os muitos comentários diziase que o Tonico Lista procurara pelo dr. Cardoso Ribeiro, Secretário de Justiça e Segurança Pública do Governo de São Paulo, para pedir proteção, temendo ser assassinado. 
"Fosse descansado, nada lhe succederia, garantiu-lhe o secretário da Justiça. E quem o garantiria? Certo, a policia. Voltou o chefe de Santa Cruz confiante na sinceridade do dr. Cardoso Ribeiro. De facto, a casa do coronel Evangelista era guardada por um soldado, fardado e armado." (O Estado de São Paulo, 14/12/1922: 20).
Não existe outra informação, encontrada, que o coronel tenha procurado pelo secretário dr. Francisco Cardoso Ribeiro, para tal finalidade, e dificilmente procederia assim, no entanto, nada a obstar que viesse solicitar, via delegacia e polícia, a disponibilização de um segurança.
Um missivista na época não identificado, do município de Assis - SP, fundamentado num periódico assisense não revelado e nem localizado algum exemplar, escreveu ao diário Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, sobre Santa Cruz do Rio Pardo:
"Não obstante esses factos lamentáveis, os animos estão exaltadíssimos, vindo de S. Paulo numerosa força policial e o dr. Virgilio do Nascimento, delegado da Capital, afim de apurar a responsabilidade dos acontecimentos." (Correio da Manhã, 15/05/1922: 2, sobre o tiroteio de 29 de abril de 1922, defronte a Câmara Municipal).
Não localizado qualquer documento oficial determinando a presença de força policial militar da capital em Santa Cruz.
Ademais, o citado delegado Virgilio do Nascimento estava designado para serviços em Tatuí, no período eleitoral de abril de 1922, considerando publicações que lhe atestam presença naquela localidade (O Combate, edições de 28/04/1922: 3 e 03/05/1922: 1).
O que se comprova real, por depoimentos e publicações em jornais, posteriores ao tiroteio, é a presença do soldado ou cabo da então 'Força Pública' - atual 'Polícia Militar', do Estado de São Paulo, Francisco Alves, que servia na capital, designado extraoficialmente 'Ordenança do Delegado de Polícia de Santa Cruz do Rio Pardo', dr. Victor Brenneisen, com incumbência em proteger Tonico Lista.
Alves, nasceu na zona rural santa-cruzense, entre os atuais municípios Óleo e Bernardino de Campos, a 11 de novembro de 1898, filho de Antonio Lopes dos Santos e d. Anna Rita da Conceição (Eclesial, batismos, 22/12/1898, Santa Bárbara do Rio Pardo, livro 1885/1899: 59, com transcrição em livro na paróquia Nossa Senhora das Dores, Avaré, ano 1898/1900: 37), neto do fazendeiro regional Jeremias Lopes dos Santos (Rios, 2004: 166).
Informações adicionais assinalam o nome completo do Francisco Alves, acrescido de 'dos Santos'.
Exclusos homônimos no rol dos soldados ingressos na 'Força Pública do Estado de São Paulo', não enquadrados no perfil do homicida, tem-se para o ano 1918, Francisco Alves dos Santos, 5º Batalhão (DOSP, 20/03/1918: 1815).

— Atentado fatal contra o coronel
Na manhã de sábado, 08 de julho de 1922, ninguém em Santa Cruz do Rio Pardo estranhara a presença de Francisco Alves andando próximo do coronel Lista, por duas quadras da rua Saldanha Marinho – desde a morada do chefe político, na esquina com a [atual] rua Frei Marcos Righi, até o armazém do Zaeca - Mizael de Souza Santos, à rua Conselheiro Antonio Prado, pouco abaixo do antigo prédio da Câmara Municipal.
Tudo, portanto, normal, dentro da circunstância excepcional em Santa Cruz, e nada a importar se o Alves entrara no bar para pedir ou não uma bebida, enquanto o coronel, metódico, dirigia-se ao lugar de sua preferência. Segundo Rios (2004: 193-194) Lista aparentava tranquilidade, sentado à mesa, de costas para a porta do armazém,  quando, do lado de fora do estabelecimento, Alves sacou duas arma e disparou tiros contra o coronel, pela retaguarda, atingindo-o mortalmente, antes de pôr-se em desabalada fuga pela rua Conselheiro Antonio Prado acima, com manifesta intenção em chegar ao Fórum e Cadeia Pública, na praça da República - atual Deputado Leônidas Camarinha.
O coronel Lista, contuso, ainda teve forças para apoiar-se ao batente da porta ou numa parede ao lado, fazer fogo e acertar o assassino, em um dos ombros, derrubando-o por terra, ferimento não fatal. 
Lista foi socorrido e, por decisão médica, conduzido à São Paulo, acompanhado pelo facultativo Pedro Cesar Sampaio, numa composição férrea da Sorocabana, especialmente fretada, vindo falecer, durante a viagem, por hemorragia interna causada arma de fogo que lhe perfuraram o estômago e um rim.
A morte do coronel ocorreu na madrugada de 09 de julho de 1922, por volta das 2,30 horas, próximo à estação de São Roque, e seu corpo, após necropsia e laudo cadavérico, velado na residência da família em São Paulo, e sepultado no Cemitério Araçá, no dia seguinte, 10, do mesmos mês e ano (Eclesial, Cemitério Araçá, SP: Livro de Óbitos, julho/agosto de 1922: 44).
Dr. Carlos Gonzaga de Oliveira foi o médico legista.
Boatos há que o secretário de governo, dr. Cardoso Ribeiro, ciente que Lista, moribundo, estava em trânsito ferroviário para a capital, teria ordenado parada da composição na estação de Pantojo, próximo a Mairinque, para passagem e manobra do comboio que conduzia as tropas paulistas para as frentes de combates no sul-mato-grossense, como desdobramentos do 'Levante de Copacabana', de 05 de julho de 1922.
Medida inócua, Lista não resistiria aos ferimentos. 
O assassino, ferido e aprisionado, declarou no auto de flagrante 'crime a mando' dos, Arlindo Crescêncio Piedade Filho, Godofredo Negrão e Francisco [da] Cunha, mediante a quantia de 10 contos de réis – dinheiro da época, sendo os acusados mandantes também presos (A Gazeta, 15/07/1922: 6).
A paga pela empreita seria depois anunciada em doze contos de réis.
Com as providências de praxe foram excluídos Godofredo Negrão e Francisco Cunha, permanecendo acusado Arlindo Crescêncio da Piedade Filho, por mandante do assassinato (A Ordem, 10/08/1922: 1).
"Processo Crime - Por seus advogados drs. Pedro S. de Sampaio Doria e Ataliba Vianna, foi apresentada a defesa do tenente Arlindo Piedade Filho, no processo crime que lhe move a Justiça Publica, que o accusa de mandante do homicidio do coronel Antonio E. da Silva. Os autos com o parecer dr. Promotor Publico, já subiram a conclusão do M. Juiz para sentença." 
Na época, o promotor público Ricardo Gubletom Daunt estava transferido para a comarca de Itápolis, conforme o Decreto do Governo de São Paulo de 24 de julho de 1922 (Correio Paulistano, 25/07/1922: 5), embora ainda permanecesse algum tempo em Santa Cruz do Rio Pardo, até concluir o processo, a nível local, contra Arlindo Piedade Filho, então pronunciado.
Arlindo Piedade Filho safou-se, despronunciado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (DOSP de 07/11/1922: 7101), enquanto o Alves conduzido a São Paulo, com passagem pelo Hospital [Militar] da Força Pública, para retornar a Santa Cruz por ocasião do seu julgamento, pelo tribunal do júri, em novembro de 1922.
Seis anos após a morte de Lista, o despronunciado tenente Arlindo Crescêncio da Piedade Filho faleceu por doença (Correio Paulistano 18/01/1926: 6).
Uma versão da época informava, também mandantes, Godofredo Negrão e Francisco [da] Cunha (A Gazeta, 15/07/1922: 6). Com as providências de praxe foram excluídos Godofredo Negrão e Francisco Cunha, permanecendo acusado apenas o Arlindo Crescencio Piedade Filho. 

— Ataliba Leonel cumpliciado
Desde 1903 o coronel Ataliba Leonel Rolim, advogado e então vereador pirajuense, uniu os coronéis regionais em torno de seu nome para deputado estadual - legislatura 1904/1906, todavia obstado em Santa Cruz do Rio Pardo, município e comarca, pelo deputado federal dr. Antonio José da Costa Junior, o irmão e genro, o juiz Augusto José da Costa, e o outro genro, o médico dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré, presidente da câmara municipal e chefe político entre os anos de 1902/1907.
Contou o Ataliba, no entanto, com os votos da dissidência perrepista santa-cruzense liderada pelo advogado dr. Olympio Rodrigues Pimentel e o futuro coronel Antonio Evangelista da Silva – Tonico Lista.
Ataliba, eleito deputado, fez nomear Lista como delegado de polícia em Santa Cruz do Rio Pardo, com o apoio da liderança da 'Comissão Central do PRP', isolando os detentores do poder político local. Lista não tinha complacências com os adversários.
Num abaixo assinado, em 1906, foi denunciado pelo presidente da câmara, dr. Francisco de Paula de Abreu Sodré; o vice Frederico Carr Ribeiro; o intendente Henrique Hardt; os vereadores Lucio de Oliveira Lima e Pedro Paulo Rodrigues, e alguns cidadãos unidos ao 'sodrelismo', de ameaçar votantes adversários, sob pena de prisão e espancamento (O Estado de São Paulo, 17/01/1906: 1), que comparecessem às urnas no pleito de 30 de janeiro de 1906, para deputado federal. 
Costa Junior não se elegeu para a câmara federal em 1906 - legislatura 1906/1908, posse em 03 de maio de 1906; no entanto, viria ser o indicado perrepista para disputar e se eleger deputado federal, assumindo vaga em decorrência da morte do dr. José Rebouças de Carvalho, eleito pelo 4º Distrito.
As ações do delegado Lista beneficiaram interesses e prestígios de Ataliba, junto aos membros da Comissão Central do PRP, e Lista assumiu controle do diretório local, com reconhecimento oficial da Comissão Central do PRP (Correio Paulistano, 17/04/1906: 1).
Iniciava-se a denominada 'política de bugre' que perduraria até 1922.
Tonico Lista, protegido de Ataliba Leonel, chegou ao topo do poder como chefe político, graças a manobra do 'padrinho'; talvez tivesse condições em fazer sozinho os caminhos da dominação política santa-cruzense, mas não o fez.
A família Costa/Sodré deteria o mando político local até o ano de 1907, outorgado pelas eleições municipais de 1904, porém o grupo estava abatido.
Ataliba prestigiou Lista sobre os demais coronéis da região santa-cruzense, alguns causando descordos, sendo assassinados: o João Pedro, em São Pedro do Turvo; Emygdio José da Piedade Filho, agigantado em Ipaussu, morreu tocaiado, mesmo sendo primo de Ataliba Leonel; Francisco Sanches de Figueiredo, o todo poderoso famanaz de Campos Novos Paulista e adiante; o Pedro Pocay, de Salto Grande; e o coronel Albino Alves Garcia, líder em Bernardino de Campos, severamente espancado.
Todos os mortos eram opositores a Ataliba Leonel, inclusive o primo Emygdio Piedade Filho, aliado aos fazendeiros Cunha Bueno, Salvador José Domingues Melchior, Cleophano Pitaguary - ex-deputado; e os denominados 'coronéis menores', que incomodavam o prestígio político regional de Ataliba, além da afronta ao poder de Tonico Lista na comarca de Santa Cruz do Rio Pardo.
Para os lados de Ourinhos, em 1917, o Jacintho Ferreira e Sá aliava-se aos adversários de Lista, consequentemente de Ataliba, para o êxito da tramitação processual administrativo para elevação de Ourinhos à condição de município, etapa conclusa em 13 de dezembro de 1918, sem o voto de Ataliba Leonel "que não compareceu à sessão e não justificou a ausência." (Del Rios, 1992: 30-31).
Ferreira e Sá vinculava-se a Fernando Foschini numa frente anti-Lista e Ataliba Leonel; mas, aos 08 de abril de 1920, Foschini não resistiu a um segundo atentado e foi morto. 
Para o estudioso sociólogo cubano/americano, Mauricio A. Font:
"(...). 
Na região Médio-Sorocabana um relativamente novo e crescente chefe [regional] chamado Ataliba Leonel estava ganhando a mão superior [se tornando politicamente poderoso] em relação a chefes tradicionais de partido, Olavo Egydio e Rodrigues Alves, com base nos territórios estabelecidos de Campinas e São Manuel, respectivamente. Curiosamente, Ataliba Leonel era aliado do clã liderado por Fernando Prestes e seu filho Julio, que controlava a região Baixa Sorocabana. Os inimigos de Ataliba Leonel, incluindo [os políticos do] estado de São Paulo, falavam de sua facção como uma camorra, uma gangue abarrotada de políticos propensos a usar o terror para dominar a vida política em tais condados [territórios] de Santa Cruz do Rio Pardo, Piraju, Bernardino de Campos, Xavantes, Ourinhos e Assis – que estavam em uma área de expansão relativamente recente na média Sorocabana.
Vários casos de conflitos na região da Média Sorocabana foram relacionados à concorrência interzonal sobre o crescimento dos municípios fronteiriços. Em Ourinhos, um território na fronteira do Estado do Paraná, o partido composto por uma facção descontente do PRP [fez-se oposição] alegando dominância. Como resultado, o chefe da oposição [Fernando Foschini] afiliado com um magnata da região foi assassinado em um crime em que o prefeito [Eduardo Salgueiro], o presidente [do partido], vários vereadores, e todos os membros da situação, foram acusados e indiciados (...). O principal magnata foi o Cel. Barbosa [Antonio Barbosa Ferraz] proprietário de grandes extensões de terras no Paraná. O 'cacique' morto chamava-se [Fernando] Foschini, administrador de uma grande fazenda de café. O partido [unificado], como nova situação, aliou-se a Ataliba Leonel e Altino Arantes no Comité Executivo do PRP. Apesar do escândalo, foi confirmado com a direção local. A responsabilidade final para o crime recaiu sobre Antonio Evangelista da Silva, o líder local, que contou com o apoio do Comitê Executivo do PRP, e continuou a ser o detentor do poder reconhecido." (Font Mauricio A, Coffee and Transformation in São Paulo, Brazil, 2010: 160-162, vertido para o português - Google Translate, com os adicionais, pelos autores, entre colchetes). 
Tonico Lista, cabecilha à frente de seu bando, era o braço armado regional, eficiente, a favor do Comitê Central do PRP, e em troca mantinha poder absoluto em seu feudo - Santa Cruz do Rio Pardo, município e comarca, abrigado à sombra de Ataliba Leonel e dos 'caciques' perrepistas.
O Lista, eleito vereador nas eleições de 30 de outubro de 1919, posse em janeiro de 1920, fora o escolhido prefeito municipal: "Na verdade, Leonel pessoalmente nomeou o chefe local Tonico Lista como prefeito, quando ele também retirou o chefe local da polícia que apoiou o grupo de oposição." (Font, ibidem).
Trata-se do delegado Raul Valentim, vinculado à política de oposição ao coronel Lista, sendo então removido para a localidade de Avaré, substituído por Alfredo Solano de Barros, ambos por decreto estadual de 13/02/1920 (DOSP, 14/02/1920: 981).
A vitória de Washington Luiz em 1920, para o governo de São Paulo, esperançara toda a região média sorocabana pela proximidade de Ataliba Leonel com o eleito; no entanto, também ligado ao novo governo paulista o juiz de direito, Francisco Cardoso Ribeiro, nomeado secretário da justiça e segurança pública, e isto a significar nada de bom para Santa Cruz do Rio Pardo.
Dr. Cardoso Ribeiro, apossado, fechou cerco em torno do coronel santa-cruzense, restando afastá-lo do seu protetor Ataliba Leonel, isto a cargo do Diretório Central do PRP:
"É voz corrente que o Deputado Ataliba Leonel é quem tem grandemente concorrido para o resultado desastroso de tais decisões em favor do partido chefiado pelo famoso Tonico Lista (...).
O caso eleitoral que pode interessar o referido deputado não explica o seu procedimento, porque a oposição que se levanta em massa em Santa Cruz tem declarado, com a responsabilidade de nomes respeitáveis, que está ao lado da Comissão Diretora e que seu único intento é derrubar o Lista, chefe político que afirma o diretório oposicionista, galgou as posições que ocupa graças a uma série de nefandos crimes.
Por outro lado, não temos ainda elementos seguros para acreditar que o interesse do sr. Ataliba Leonel em proteger o Lista seja a sua cumplicidade na ação nefasta deste chefe político, como se propala em Santa Cruz do Rio Pardo e circunvizinhanças." (O Combate, 19/04/1921: 1).
O artigo trazia o título: "Política de bugre - O papel da commissão directora na comarca de Santa Cruz do Rio Pardo - A nefasta influencia do Deputado Ataliba Leonel." 
A publicação surtiu efeito, Ataliba abandonou Lista à sanha dos adversários.
Sem dúvidas Cardoso Ribeiro abocara-se com deputado acerca de Tonico Lista, a não excluir inclusive a participação do chefe do executivo paulista, dr. Washington Luiz.
Decepcionado Lista se preparava para deixar Santa Cruz do Rio Pardo, demonstrava isto, desfazendo-se dos bens para residir em São Paulo onde já instalada a família, dividindo seu tempo entre a localidade e a Capital.
"(...) Tonico Lista, na sua zona de mandonismo político, continuava a pontificar, poderoso e temível...até que, um bello dia, morreu varado pelas balas de um soldado da Força Pública. Foi, então, que as insígnias de chefe político, vagas com o desaparecimento trágico do saudoso Tonico Lista, passaram a ornar a jaqueta do sr. Ataliba Leonel." (Diário Nacional, 20/06/1930: 3, Matéria intitulada 'Uma história antiga... ', cujo autor a implicar o dr. Cardoso Ribeiro metido nos acontecimentos). 
Ninguém tocaria em nenhum nome vinculado a Ataliba Leonel, na sua região ou área de influência, sem a sua permissão, ou que isto não lhe fosse conveniente. Lista já figurava um estorvo para as pretensões políticas do deputado.
Com a morte de Lista, Ataliba Leonel avançou sobre os domínios do falecido em Palmital, para garantir influência, onde o poder dividido entre os prepostos coronéis José Machado e Candido Dias de Mello, atritados após a morte do líder.
Ataliba entrou em disputa com Olavo Egydio Aranha pelo espólio político de Lista e onze oposicionistas a Ataliba ficaram gravemente feridos e sete mortos chacinados pelos jagunços do coronel Dias Mello, inclusive o adversário coronel José Machado, e um outro morreria depois, elevando para oito o número de vítimas fatais.
O episódio que ficou conhecido como a 'Guerra dos Coronéis', teve o Ataliba Leonel como causa primária e planejador dos acontecimentos de 14 de dezembro de 1922.
Com a morte de Lista, Ataliba Leonel pacificou Santa Cruz unindo-se ao tenente-coronel Leônidas do Amaral Vieira e aos oposicionistas Ataliba Pereira Nunes e Pedro Soares Sampaio Doria, com estes últimos por pouco tempo, por divergências deles com o tenente-coronel Leônidas do Amaral Vieira, o novo homem de confiança do deputado.
Os drs. Ataliba Vianna e Pedro Sampaio Dória logo deixaram Santa Cruz do Rio Pardo estabelecendo-se em São Paulo.

A farsa do julgamento no tribunal do júri
Francisco Alves, da Força Pública de São Paulo, lotado na capital e a serviço em Santa Cruz, confessou ter matado Antonio Evangelista da Silva, o coronel Tonico Lista, e levado a júri popular na comarca.
O Diário Popular, de 02 de dezembro de 1922, noticiou: "Realizou-se na semana passada em Santa Cruz do Rio Pardo, o julgamento segundo o jury, do cabo Francisco Alves (...)." (O Estado de S. Paulo, 14/12/1922: 10, informação assinado por F. de Assis).
O 4º Tribunal do Júri, exercício de 1922, teve início aos 20 de novembro, sendo o julgamento a partir das 19,00 horas e encerrado às 6,00 horas na manhã seguinte.
O Tribunal do Júri reunia-se quatro vezes ao ano (fevereiro, maio, agosto e novembro), e os trabalhos duravam, quase sempre, a semana toda ou até findar os agendamentos - Atos do Poder Executivo do Estado de São Paulo.
Para a sessão, presentes o juiz presidente, dr. Arthur Mihich; o promotor público, dr. Jairo de Góes; o advogado dr. Wanderico Pereira – assistente de acusação; o causídico dr. Eurico Sodré, defensor do réu; o auxiliar da defesa, dr. Francisco Giraldes Filho; e, ainda, os serventuários e os policiais para segurança, além do réu Francisco Alves.
Por sorteio, foram escolhidos os jurados:
-José Epiphanio de Souza - membro do Partido Municipalista;
-Francisco Pereira Leite de Mello - declaradamente inimigo de Lista e adversário político;
-Moyses Nelli - membro do diretório oposicionista, inimigo de Tonico Lista desde os tempos do coronel João Baptista Botelho;
Nelli, como juiz substituto do dr. Augusto José da Costa, nos tempos do mando santa-cruzense por Antonio José da Costa Junior e Francisco de Abreu Sodré, a mando, fez prender o coronel Lista e o dr. Olympio Rodrigues Pimentel, então líderes oposicionistas.
-Roland David - inimigo e oposicionista político;
-Arthur Galvão - inimigo pessoal e político;
-Adelino Souto - alterego de Henrique da Cunha Bueno, o mais rancoroso inimigo de Lista, por este posto a correr de Santa Cruz do Rio Pardo;
-Petronilho Cunha, inimigo e adversário político. Francisco Alves foi julgado por inimigos declarados e adversários políticos do falecido Lista, inclusive dois membros do diretório municipalista.
Tanto os escolhidos jurados quanto os outros nomes disponíveis no rol, a situação seria igual.
O advogado Wanderico Pereira, representando a viúva na acusação particular, desistiu em acusar o réu pois não haveria justiça, segundo ele, diante de um corpo de jurados incapaz em promover julgamento isento. Pela mesma opinião, o Ministério Público.
Até os advogados da defesa, esquecendo-se do réu, partiram para o ataque à falecida vítima, sem protesto algum, enumerando os bárbaros crimes acontecidos na comarca santa-cruzense e região, por sua ordem, empolgando a assistência e jurados nas dramatizações.
O advogado da defesa, Eurico Sodré, apontou como causa do crime 'delírio magnicida provocado por acesso agudo de embriagues', consequência de ingestão de dois lavrados [copo cheio] de cachaça, enquanto Lista estava no local.
Magnicida: assassino de grande capitalista; magnicídio: ato de a pessoa matar um magnata. 
Tese vitoriosa, selada com efusivos aplausos da plateia, e rateio em dinheiro dentre os presentes para o réu.
O 'Diario Popular', edição de 02/12/1922, publicou matéria insinuando o absurdo, parte transcrita pelo jornal 'O Estado de São Paulo':
"O reu foi absolvido por unanimidade de votos, sendo de notar que o conselho de sentença era composto dos homens mais respeitáveis da comarca.
Posto em liberdade, ás 6,30 da manham, promoveu-se, em seu favor, uma subscripção publica e alli, naquella hora matinal, numa pequena cidade do interior, angariou-se, sem difficuldade, a elevada quantia de 12 contos de réis." (O Estado de S. Paulo, 14/12/1922: 10).
O matutino 'O Estado de São Paulo' antes chacoteara:
"Em uma certa comarca do interior, noticiaram os jornaes, ao terminar a sessão do jury, onde foi absolvido um homicida, cotisaram-se as pessoas presentes e, levantando immediatamente a somma de doze contos de réis, com ella brindaram o assassino ... Cremos que, na historia processual de S. Paulo, é um caso virgem. Nunca se viu um movimento collectivo de aplausos a quem teve a desgraça de supprimir uma vida humana." (O Estado de São Paulo, 10/12/1922: 5).
Declarado amigo da vítima, F. de Assis, identificado numa missiva ao 'O Estado de São Paulo', lamentou a absolvição do assassino Francisco Alves, por unanimidade e, em ato seguido, embolsado doze contos de réis dentre os que estavam na plateia, à vista de todos, inclusive do judiciário, da promotoria e da polícia: "Disse o dr. [Eurico] Sodré que esse dinheiro foi o producto de uma subscripção publica, ás 6 ½ da manham."
O missivista, indignado, relatou:
"É crivel que ás 6 ½ da manham uma subscripção publica para pagar um assassinio renda 12 contos de réis numa pequena cidade do interior? E mesmo que esse dinheiro não sahisse da burra do Henrique da Cunha Bueno ou de Arlindo Piedade, que fosse elle o producto de uma subscripção publica, esse facto revelava a morte moral desse povo barbaro e selvagem que paga a sicarios e assassinos, que eleva ás alturas da gloria matadores vulgares e abjectos. 
(...). 
Não houve subscripção publica, que não seria possivel num logarejo, de madrugada, nem poderia render a somma vultuosa de doze contos de réis, em alguns minutos. Houve, sim, o pagamento do assassinio, anteriormente combinado e apreçado, como era do dominio publico em Santa Cruz do Rio Pardo." (F. de Assis, in 'O Estado de S. Paulo', 14/12/1922: 10).
Doze contos de réis não era pouco dinheiro. Comprava-se um bom sítio com benfeitorias.
Livre, o Alves deixou a comarca com bom dinheiro 'pelo serviço prestado'. Na apelação de praxe do juizo de direito local, o Tribunal deu provimento a novo julgamento, por votação unânime (DOSP, 24/04/1923: 3061), mas o intento não prosperou, por desinteresse, nem há notícia a respeito.
Do Alves se ouviu dizer morto num dos combates na Revolução de 1930 (A Folha, semanário santa-cruzense, 27/09/1980: 1, José Ricardo Rios).
Outras situações foram observadas por Assis, que nenhum amigo, parente ou correligionário perrepista, fizera qualquer declaração ou nota sobre o acontecimento que vitimou Tonico Lista.
"Entretanto, todos silenciaram, o cel. Osorio Bueno, num assomo de coragem incomprehendida, acceitou um accordo politico com um dos mais encarniçadou [encarniçados] e perigosos adversarios do chefe assassinado. E assim, em Santa Cruz do Rio Pardo reina aquella celebre Pax de Varsovia, alicerçada no sangue e no luto." (O Estado de S. Paulo, 14/12/1922: 10).
Até o hebdomadário 'A Cidade', apologético ao coronel, e a ele fortemente vinculado, deixou de circular em 16 de julho de 1922: "Por um desarranjo no nosso prélo, deixou de circular domingo passado o nosso jornal, fazendo-o entretanto hoje sem prejuízo dos nossos caros leitores, que receberão novamente no proximo domingo." (A Cidade, 26/07/1922: 2).
Coincidência ou conveniência, mas a edição de 26 de julho, o 'A Cidade', também nada trouxe sobre o crime, apenas algumas moções de solidariedades.
O mesmo semanário 'A Cidade', tão crítico e mordaz aos adversários de Lista, inclusive ao advogado dr. Pedro Soares de Sampaio Dória, não lhe poupou elogios dois anos após o ocorrido, revelando o acordo entre situação e oposição:
"Assim acceitando a vereança foi-lhe confiada a presidencia da edilidade, cargo que ainda exerce. Em 1922 entrou para o Directorio político, quando este se organizou por occasião do accôrdo entre os dois grupos então divergentes, cabendo-lhe a esse tempo a secretaria do Directorio.
A energia de seu caracter, a reconhecida competência com que póde enfrentar os altos problemas administrativos, a rigidez de sua conduta a toda prova (...)." (A Cidade, 07/07/1924: 1). 
Bastou divergência com o Leônidas do Amaral Vieira, no ano seguinte para o dr. Sampaio Dória ser posto fora de Santa Cruz, juntamente com seu colega Ataliba Pereira Vianna. 

— Algumas versões sobre as trocas de tiros e a morte do Lista
No município de Santa Cruz do Rio Pardo, entre os anos 1977/1995, muitos idosos, nascidos e residentes na localidade, lembravam dos acontecimentos, ou deles ouviram dizer, algumas versões bastante próximas - das quais se valeram os autores, eliminadas as díspares. 

- Versão 'oficializada'
Apresentada por José Ricardo Rios, com a confiança ter ele recebido informações diretas do comerciante Mizael de Souza Santos, apelidado Zaeca, testemunha presencial e dono do estabelecimento onde o entrevero, e de outras pessoas entrevistadas, incluso João Evangelista da Silva Neto, o Joãozinho, filho do coronel. 
Rios, filho, parente, amigo e entrevistador de pessoas que viveram na época dos acontecimentos, e conheceram praticamente as personagens envolvidas, sustenta que o coronel se encontrava no estabelecimento comercial do amigo Zaeca, sentado à uma das mesas: 
"Tonico fica com as costas para a rua quando chega um soldado da Força Pública e pede duzentos reis de pinga. Sai, vai ao meio da rua e volta, pede nova dose que não chega a beber.
Tonico percebe algo estranho e faz menção de levantar-se. Nesse exato momento o soldado dá aos gatilhos de dois revólveres, calibre 38, que trazia nos bolsos de sua japona. Tonico procura abrigo atrás do balcão, quando novos disparos surgem da arma do soldado.
Após isso, o miliciano retira-se apressadamente do negócio. Tonico saca de seu revólver e sai em perseguição ao seu traiçoeiro agressor, sentindo, no entanto, que as forças já lhe faltavam, já que um dos disparos do soldado o atingira nas costas, penetrando o projétil por aí atingindo um rim e o estômago. Tonico encosta o braço armado na parede do empório e procura acertar o militar, que em desembalada carreira fugia do local. Embora mortalmente ferido o intrépido chefe ainda acerta a clavícula de seu agressor, de uma distância aproximada de quarenta metros." (Rios, 2004, 163-164).
Informa o laudo médico e levantamento cadavérico do Tonico Lista:
"Em dez de julho de 1922, nesta cidade de São Paulo, no necrotério do Araçá se achava o Dr. Carlos Pimenta, 5.o Delegado de Polícia. Médico Legista, Dr. Carlos Gonzaga de Oliveira. Foi feita a autópsia de Antonio Evangelista da Silva.
Em um caixão envoltuário coberto de jancas pretas e galões amarelos, tendo as pernas em extensão e os braços cruzados sobre o peito, o cadáver de Antonio Evangelista da Silva, também conhecido como Tonico Lista.
Vestimento: palitot, calça e colete de casimira preta, camisa e ceroulas brancas, meias listradas de vermelho, gravata e botinas pretas e prendendo o maxilar inferior e amarrado sobre a cabeça, um lenço branco manchado de sangue. Causa da morte: Hemorragia provocada por tiro de revólver, tendo sido atingido os rins e o estômago (...)." (Apud Rios, 2004: 165).
Os autores não tiveram acesso a cópia ou original do laudo pericial acima, no entanto, constataram em assento eclesial que o falecido fora "vitima de hemorragia interna traumatica attestado do Doutor Carlos Gonzaga de Oliveira. Certificou o escrevente do Registro Civil da Consolação - São Paulo, Mario Piazza" (ACMSP,, Cemitério Araçá, SP: Livro de Óbitos, julho/agosto de 1922: 44).
Juntando as descrições dos fatos como efetivamente acontecidos e o laudo médico pericial transcrito por Rios, entendem os autores, que não são médicos - apenas em 2021 consultaram pessoas com conhecimentos para algum parecer, que a vítima - Tonico Lista, ante o impacto e trajetória da bala, certamente iria ao chão e a dor seria lancinante, sem qualquer lógica para pôr-se em pé, sair de trás do balcão onde se escondera, já ferido, para então caminhar em direção à porta do estabelecimento, atirar e acertar o assassino em fuga corrida, já à distância de 'mais ou menos' quarenta metros. 
A entrada e saída do projétil foram devastadoras no corpo de Lista, e, em razão dos órgãos atingidos - estômago e rim - em vez de rins: possível erro de transcrição de Rios, o coronel não teria forças para ações e reações conforme as descritas.

- Duelo por tentativa de suborno 
Versão praticamente desconhecida dos santa-cruzenses, o coronel Tonico Lista procurou se acertar com Francisco Alves, soldado ou cabo da Força Pública do Estado de São Paulo, propondo-lhe cinco contos de réis - dinheiro da época, para matar alguém a ser indicado, com recusa do militar, discussões entre eles e saques de armas, o ofertante mais rápido, porém, o Alves mais certeiro (O Combate, 10/07/1922: 3)
O soldado teria sido alvejado primeiro, ala do ombro, e, ao revidar, atingiu mortalmente o coronel. 
Praticamente impossível precisar as posições dos oponentes - um em relação ao outro, no momento dos disparos, em especial para que uma 'única' bala acerte o coronel, atingindo-lhe 'o rim e o estômago, ou, o estômago e o rim'. O laudo transcrito não permite melhores detalhes.
Francisco Alves, como se sabe, era lotado num Batalhão da Força Pública em São Paulo, designado ordenança do delegado de polícia de Santa Cruz do Rio Pardo, e colocado como segurança pessoal do coronel Antonio Evangelista da Silva - Tonico Lista, assim, com amplas possibilidades de diálogos entre eles, inclusive de possíveis discussões.

- De uma testemunha manifesta 
Victorio Besana, amigo de Tonico Lista, escreveu ao diário paulistano 'O Combate', que não houve nenhuma discussão entre as partes. 
Lista encontrava-se num estabelecimento comercial, sentado a ler jornal, quando entrou um soldado da Força Pública, e, se dirigindo ao coronel perguntou se era ele o Tonico Lista; ante resposta afirmativa, o soldado sacou sua arma e alvejou a vítima. 
Segundo o informante, só depois de ferido, o coronel Lista reagiu e atirou contra o agressor, ferindo-o no braço.
(O Combate, 13/07/2922: 3).

- Crime por empreita 
'A Gazeta', folha paulistana, em sua edição nº 4957, de 15 de julho de 1922, à página 6, apresentou estranha variação dos fatos, por um informante, que "o soldado assassino é o mesmo que, há pouco mais de dois annos, após uma rixa com um filho do coronel Evangelista, tentou a eliminação deste, só não a realizando devido a intervenção do dr. Coriolano de Góes, então delegado de polícia de Santa Cruz do Rio Pardo."
O policial militar, segundo a versão, foi penalizado e removido para Botucatu, por ordem do coronel, até, "não se entende como, conseguir retorno para o destacamento policial de Santa Cruz, alimentando acirrado ódio ao chefe político." 
O crime acontecera assim: 
"O coronel Lista lia um jornal numa venda em frente do Banco Commercial de São Paulo quando apareceu alli o soldado em questão. Após beber um cálice de pinga voltou-se para elle, perguntando:
– É o sr. o coronel Antonio Evangelista, com quem ninguém póde?
– Sou eu o coronel Antonio Evangelista, mas...".
Aí a versão corre consoante a 'oficializada', Lista, ferido mortalmente, reagiu e alvejou seu agressor, exceto que o assassino:
"Ouvido pela autoridade, que no caso procedeu com a máxima energia, teria o agressor declarado que assassinou o coronel Evangelista a mando de alguns opposisionistas locaes que de há muito intentavam a eleminação daquelle politico.
(...).
Accusados como mandantes principaes do assassinato (terem dado dez contos de réis ao soldado) foram presos Arlindo Piedade Filho, Francisco Cunha e Godofredo Negrão (...)."

- Execução sob encomenda
Francisco Alves chegou a Santa Cruz do Rio Pardo com ordem expressa para assassinar o coronel Antonio Evangelista da Silva, sob promessa de paga o suficiente para adquirir um bom sítio, que, em caso de revés seria repassado à viúva, ou, se preso em flagrante, confessar o crime a mando de Arlindo Crescencio da Piedade Filho, o qual, obviamente, com justificada motivação para a eliminação daquele que ordenou a morte de seu tio Emygdio José da Piedade Filho - o Emygdião.
Isto livraria todos os reais interessados na morte de Tonico Lista; o assassino receberia o pagamento; e, quanto ao Piedade Filho, todos se encarregariam em inocenta-lo no decorrer do processo.
Santa Cruz do Rio Pardo estava sob ordem do desarme obrigatório da população, desde o tiroteio defronte a Câmara Municipal, em 29 de abril de 1922, o que facilitaria ao policial Alves, como segurança do coronel Lista, assassina-lo, e o lugar ideal, onde a vítima mais à vontade e nada atenta, seria na venda do Zaeca, de onde a possibilidade de fuga do assassino para se colocar a salvo no prédio da Delegacia de Polícia/Cadeia Pública.
No entanto, não contava o assassino que o coronel tivesse acesso a um revólver ocultado no balcão do comércio de Zaeca, e as coisas se precipitaram, Tonico fora o mais rápido, ainda que menos certeiro, e apenas um tiro acionado por Alves, já ferido, atingiu o coronel no estômago em direção a um dos rins, ou, de um destes, rumo ao estômago; não existe outra maneira.

— Pós-morte de Lista
Após o assassinato de Lista, o então poderoso Secretário da Justiça e Segurança Pública, Francisco Cardoso Ribeiro - o mandante de sua execução, retornou a Santa Cruz do Rio Pardo, em 14 de março de 1923, cidade sede de município e comarca, de onde fora expulso por Tonico Lista o então juiz Cardoso Ribeiro. Foi efusivamente recebido por todos aqueles que selaram o destino de Lista, e, até o principal jornal santa-cruzense, outrora apologético ao coronel que o financiava até 1922, como dono oculto, 'brindou o ilustre visitante', narrando as lembranças - apenas as boas - do Cardoso Ribeiro quando juiz da comarca  ('A Cidade, edição de 18/03/1923 - gentileza de Edilson Arcoleze Ramos de Castro). Uma farsa.
Lista deixou um vazio político, disputado pelos oposicionistas - do Partido Municipalista, e os situacionistas, entre si divergentes, liderados por Ozorio Bueno e Pedro Camarinha.
Excepcionalmente, para apaziguar crise, a Câmara Municipal escolheu o vereador dr. Julio Lucante como prefeito, para o lugar de Lista, em vez do vice Pedro Camarinha.
Os adversários de Lista, vitoriosos, não estavam preparados para assumir governo após a morte de Lista, eram divididos tanto quanto a situação, e, nisto, a elevação política de Leonidas do Amaral Vieira, associado ao político Ataliba Leonel, um dos maiores nomes no governo paulista de Washington Luis.  

— A vida pessoal e familiar de Lista
Dos familiares diretos do coronel são conhecidos os pais João Evangelista da Silva e dona 
Marcolina Baptista Bueno, a irmã Maria Cristina, e o marido desta, José Nestor de França.
Nestor de França, nascido em Guaratinguetá - SP, um dos nove filhos legitimados do padre Antonio Luís dos Reis França e de Ana Teresa de Jesus Vieira, formou-se engenheiro pela Universidade de Louvain, na Bélgica (Benedicto Lourenço Barbosa - Reconstituindo a História de Aparecida XVI - CD: A/A).
São descritos seus demais parentes, vindos da região mogiana, as famílias, Baptista, com representação em Afonso Celso; Baptista Bueno – destacados Ozório e Azarias; e Ferreira – cujo nome José Marciano foi o mais conhecido. Outros familiares e agregados também residiram no antigo município e comarca de Santa Cruz do Rio Pardo.
Lista fizera-se próspero comerciante e fazendeiro na região, cafeicultor maior, 'grileiro de terras' e exercente chefe político, visto bandoleiro pelos adversários, cognominado 'Ciganinho', "como muitos o chamavam pejorativamente" (Rios, 2004: 87), talvez por imaginário ou real uso de trajo, tipo pala, para esconder uma carabina, ou por anticiganismo, quando cigano era, numa visão geral, sinônimo daquele que obrava o mal. 

— A amante Maria Antonia
Ainda jovem Tonico Lista teve relacionamentos com a meretriz Maria Antonia do Espírito Santo, 
 também conhecida por Maria Porfírio do Espirito Santo, dona de casa de prostituições, que entrou para história por estar ao seu lado na fatídica noite de 10 de junho de 1892, quando o Lista, em alegada e aceita legítima defesa por júri popular, assassinou um policial e feriu outro, que morreria pouco depois, ambos da escolta da diligência e captura da Força Pública de São Paulo, de passagem por Santa Cruz.

— Um filho não reconhecido
Conjunto de memórias transmitidas oralmente indicam relacionamento amoroso entre o coronel Tonico Lista e sua prima, Maria Rita da Conceição, nascida em Caconde (SP), filha de Manoel Coelho da Silva e Maria Balbina de Lima.
Maria Rita aos vinte anos de idade, moradora com a família em Santa Cruz, engravidara-se do parente nascendo-lhe Benedicto, aos 12 de maio de 1902.
Tonico não reconheceu o filho, então natural de Maria Rita de acordo com o registro cartorial nº 2175, de 12 de julho de 1902, e assento eclesial de batismo nº 5878, igual data de 12 de julho de 1902.
A jovem, em 1908, foi desposada por Gustavo José Marques, que reconheceu Benedicto por legítimo filho, sendo testemunhas João Evangelista da Silva e Emygdio Piedade Filho, com atenções ao primeiro, o avô paterno do filho de Maria Rita (Eclesial, Santa Cruz do Rio Pardo, Matrimônios, 1905/1912: 59-60).
De Gustavo José Marques, nascido em Conceição da Boa Vista - MG, no ano de 1864, filho de Manoel José Marques e Anna Luiza do Nascimento. Em Santa Cruz do Rio Pardo, Marques trabalhou como fiscal da Câmara, exonerado, a pedido, em janeiro de 1905 (O Progresso, 29/02/1905: 2); tido partícipe político ou simpatizante do grupo 'sodrelista' (Correio do Sertão, 10/10/1903); e foi capitão da Guarda Nacional (A Cidade, 18/07/1926: 3).
Benedicto trabalhou no fórum de Santa Cruz do Rio Pardo, como Oficial de Justiça (DOSP, 25/01/1955), casou-se com Izabel Bueno Barboza e deixou por descendência a família Bueno Marques.
A descendência de Lista, por Benedito Marques, é tida real, os parentes discretamente se identificam, sendo a verdade aceita pelos autores, exceto se contraditada por DNA.
Benedito morreu em 1968. 

— Casamento com a viúva do Botelho
Tonico Lista casou-se com dona Guilhermina Brandina da Conceição, viúva do coronel João Baptista Botelho, no religioso aos 17 de julho de 1904 (ACMSP/SGU, SCR. Pardo - Matrimônio, 17-7-1904, Livro 1900-1905: 81) e no civil em novembro de 1913: "(...) effectuou-se no dia 18 do corrente o acto civil do consorcio do cel. Antonio Evangelista da Silva, acatado chefe político neste municipio, com a exma. d. Guilhermina Brandina da Conceição." 
O casal teve os filhos: João, nascido aos 19 de janeiro e batizado aos 03 de junho de 1905 (Batismo 1903/1907: 180) - seis meses após o matrimonio religioso; Rita nasceu aos 09 de fevereiro e batizada aos 08 de julho de 1907 (Batismos 1907/1911: 44) e Alice nascida aos 10 de agosto e batizada aos 24 de dezembro de 1909 (Batismos 1907/1911: 171). D. Guilhermina tinha a idade de 39 anos quando do seu casamento com Tonico Lista, ou seja, tivera seus filhos na idade de 40, 42 e 44 anos, respectivamente.
A gravidez humana natural, após os 40 anos, não é impossível, segundo os especialistas, mais notadamente quando não se trata do primeiro filho, todavia, a lembrar que as chances de engravidamento, na tal idade, diminuem em torno dos 90%, quais sejam, chances em torno de 7% em três meses de tentativas.
Lista cuidava e se preocupava com a família constituída, com seguranças em casa e para si, e por guarda-costas de sua mulher, segundo as tradições, mantido o ex-escravo de dona Guilhermina, Luiz Antonio Pereira, vulgo 'Luiz de Saia', conhecido pelo hábito de usar tal de vestimenta, em vez de calças, que bem escondia arma de fogo ou outra qualquer.
O 'Luiz de Saia' nasceu cativo, em Brotas, no ano de 1863, e, mesmo liberto continuou a serviço de dona Guilhermina, como protetor (SatoPrado - 5.6.1.).   
Em 1921 Lista teria transferido a família para São Paulo e, no mês de fevereiro de 1922, adquirido imóvel residencial próprio na capital à rua Itambé (Correio Paulistano, 04/02/1922: 7), permanecendo ele em Santa Cruz onde era o prefeito.
Lista vendera muitos de seus bens, inclusa a fazenda Mandaguahy, o que faz pressupor ideação em retirar-se do lugar, após cumprimento de mandato político. Por conseguinte, mera especulação o envolvimento amoroso de dona Guilhermina com o juiz dr. Arthur Mihich, por isto sua retirada do município.
Guilhermina, enviuvada, assumiu matrimônio com Victor Ressi, em São Paulo, sem deixar descendentes, vindo a falecer em Santa Cruz, com idade de 64 anos, aos 18 de junho de 1929, e seu óbito noticiado na Capital onde destacara-se figura proeminente na sociedade paulistana (Correio Paulistano, 19/07/1929: 7).
Dona Guilhermina morreu particularmente pobre, com apenas três prédios urbanos em Santa Cruz, um na rua Benjamin Constant, e outro na rua 'Coronel Emygdio José da Piedade' esquina com a Catarina Etsuko Umezu, tendo aos fundos o terceiro imóvel (Cartório 2º Tabelião de SCR. Pardo, Livro 113 - 1º Traslado, fls. 164; documento gentilmente cedido por Benedicto Celso Severino Martins). 
Os herdeiros de Lista, no decorrer de quatro décadas, dissiparam todos os bens, as fazendas São João/Anhumas - em São Pedro do Turvo; Jacutinga e Engano, em atual município de Duartina e outras menores, algumas contestadas por longas demandas, e terrenos urbanos alienados a particulares, e aqueles na antiga praça denominada 'Antonio Evangelista da Silva', negociados a municipalidade.
A praça situava-se entre as ruas Benjamin Constant, Cyro de Mello Camarinha - atual, Marechal Bittencourt e a avenida Tiradentes, respeitadas as divisas.
Também ocorrida a venda da mansão em São Paulo, e, tradições apontam que até o terreno com o jazigo, onde sepulto o coronel, foi alienado, o que pode ser comprovado pela não mais localização do mesmo nos registros do cemitério Araçá, na capital paulista.

— Dos descendentes com dona Guilhermina
As informações são poucas; das poucas, respeitadas as vontades pelo silêncio, e, consequentemente, quase nada se tem.
O filho João, conhecido por Joãozinho, tornou-se exímio enxadrista brasileiro, morreu solteiro, por volta de 1986. Em sua juventude assassinou o primo Luis Besana, que tentava apartar uma briga sua com o Leônidas Camarinha, aquele que viria ser um dos maiores vultos políticos de Santa Cruz do Rio Pardo (Besana - Família, Rede Social, CD: A/A).
As filhas, desde 1921 residentes em São Paulo, Rita casou-se com dr. Ataliba Piedade Gonçalves, e Alice contraiu matrimônio com o advogado dr. Celso Vieira.
Ataliba, era filho do cel. [Francisco] Clementino Gonçalves [da Silva] e dona Maria Perpétua Piedade, e Celso Vieira, filho de Pedro Augusto Vieira e Francisca Vieira.
Celso Vieira experimentou carreira política em 1933, candidatando-se a Deputado Federal Constituinte, pelo Partido da Lavoura santacruzense, obtendo a 6ª Suplência da sigla. Ocupou cargos públicos, incluso o de 'Censor de Imprensa em São Paulo', sendo reconhecido orador e membro do Partido Constituinte; residiu por alguns anos em Santa Cruz, onde exerceu a advocacia, além de fazendeiro. No ano de 1950, outra vez sem sucesso, disputou vaga para a Câmara. 
Carta publicada pelo semanário Debate, edição de 18 de março de 2012, revelou em Lisboa - Portugal, "Pedro Francisco do Valle Vieira Filho, nascido de Pedro Francisco do Valle Vieira, neto de Celso António Evangelista Vieira, bisneto de Alice Evangelista Vieira [casada com Celso Vieira] e, assim, trineto do coronel Tonico Lista." 
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